Buenos Aires e Colonia del Sacramento – Uma viagem surpresa
Sempre que via as pessoas viajando sem muito planejamento pensava quão loucas eram. Nunca consegui me imaginar turistando por um local desconhecido sem a programação já delimitada. Tanto que no final do ano de 2015 começamos a programar uma viagem para a Bélgica e Holanda que ocorreria apenas em abril de 2016.
Compramos as passagens, estudamos sobre nossos destinos, reservamos hospedagem, compramos ingressos para as atrações mais concorridas e até tentamos aprender a pronunciar algumas palavras na língua local.
Uma semana antes da data de saída do voo de Vilhena comecei a preparar as mochilas e na véspera da viagem estávamos com tudo milimetricamente organizado. Mal consegui dormir de tanta ansiedade.
A partida estava marcada para o dia 23/03. O plano era sair de Vilhena na hora do almoço, ficar uma noite em Guarulhos e de lá pegar o voo para a Bélgica.
Mas eis que vem a vida e muda tudo.
No dia 23/03 fomos acordados com a notícia de que havia acabado de ocorrer um atentado terrorista de grandes proporções na Bélgica. Aeroporto e estações de trem estavam fechados e o pânico, principalmente diante das incertezas quanto a novos ataques, era muito grande.
Ficamos algum tempo vendo as notícias e pensando que aquilo não estava acontecendo. A tristeza pelas vidas perdidas e pelo sofrimento das pessoas e o sentimento egoísta de que não iriamos para lá. De uma hora para outra todo o planejamento de meses estava destruído.
Estávamos de férias, com as malas prontas e sem destino.
Optamos por ir para Guarulhos de qualquer forma e de lá decidir o que fazer. Colocamos as mochilas dentro de malas, acrescentamos opções de roupas de verão e seguimos rumo a nosso destino incerto.
Chegamos em Guarulhos à noite e, depois de algumas pesquisas superficiais, decidimos ir para Buenos Aires. Compramos as passagens pela GOL, reservamos um apartamento e partimos para lá no dia 25.
Assim, no susto, começou nossa primeira viagem para a Argentina. Chegamos em Buenos Aires à tarde e fomos para o apartamento que havíamos alugado. Apesar da falta de pesquisa prévia, o apartamento era uma graça, bem localizado, perto de supermercados e padarias lindas.
No outro dia pela manhã fomos conhecer os pontos turísticos da cidade. De metrô fomos até a Praça de Maio. De lá fomos à Casa Rosada e depois ao Museu Bicentenário. Seguimos para a Rua Florida, Galerias Pacífico e Praça San Martin.
Tive uma primeira impressão não muito agradável das Praças e da Casa Rosada. Tudo me pareceu malcuidado, com um ar de desleixo e sucateamento. A comparação com Santiago e sua limpeza impecável era inevitável.
Ocorre que, por razões não muito lógicas, comecei a ficar envolvida pela sensação nostálgica causada pela cidade. Para todos os cantos havia claros sinais de que, no passado, a cidade tinha sido estonteante. Havia ainda resquícios de uma cidade boemia e luxuosa, perceptível pelos lustres velhos e veludo, encontrado até em algumas estações de metrô.
Me deixei envolver pelo que havia de bom e a partir daí a viagem tomou outra forma.
Na manhã seguinte fomos ao Caminito. Um misto de confusão, bagunça e arte. Havia lido antes, não me lembro onde, que o Caminito desperta amor ou ódio. Eu me enquadro no primeiro grupo. Adorei a visita e achei o lugar extremamente fotogênico.
De lá fomos até a Feira de San Telmo e depois até a estátua da Mafalda, que virou ponto turístico da região.
No outro dia fomos visitar o Jardim Japonês e passamos boa parte do dia por lá. O local é bonito, limpo e bem estruturado, mas só recomendo a visita para quem tem tempo sobrando.
Existe um Zoológico bastante famoso nos arredores de Buenos Aires, que fica na cidade de Lujan, onde é possível bastante interação entre os visitantes e os bichinhos.
Como somos os diferentões, optamos por ir a outro local, com uma pegada mais ambientalista do que circense. Fomos ao Temaiken e adoramos a visita. Passamos o dia por lá e foi um tempo extremamente bem gasto.
No dia 30/03 fizemos alguns passeios pela cidade: Cemitério Recoleta, Floralis Generica e Museu de Belas Artes. Com exceção do Cemitério, que definitivamente não me apetece, os outros lugares são encantadores. Terminamos o dia em Puerto Madero…
Na manhã do outro dia saímos com destino ao Porto novamente, de onde embarcamos para Colonia Del Sacramento, no Uruguay. A viagem foi excelente e a cidade é um charme que não cabe em palavras. Só estando lá para sentir a energia do lugar. Passamos do dia por lá e à noite chegamos em Buenos Aires novamente.
O dia 01/04, último dia disponível em Buenos Aires, amanheceu bem chuvoso. Isso gerou um certo inconveniente, mas nada que atrapalhasse os planos, já que estávamos com vontade de conhecer o Museu de História Natural. Chegamos no local um pouco antes de abrir e ficamos nas redondezas por alguns minutos nos escondendo da chuva.
O Museu tem um excelente acervo, mas visivelmente faltam investimentos para tornar o local mais atrativo. Ainda assim, recomendo a visita.
Assim terminou nossa viagem surpresa para Buenos Aires: cheia de bons momentos, aprendizado e desmistificação (ou não) dos Hermanos.
Não posso deixar de constar três recomendações neste relato: A primeira delas é o sorvete. Nunca pensei que existissem tantas variações do sabor de doce de leite. Acreditem, experimentei quase todos e são maravilhosos.
A segunda é a carne argentina, com cortes e sabores bem peculiares. Super aprovada.
Em terceiro lugar, os alfajores. Experimentamos alguns e indico muito o Cachafaz, meu preferido ever.
É isto aí. Hasta la vista.
Show… pelo relato já quero ir.