E lá vamos nós… para a cozinha.
Há algum tempo venho planejando acrescentar uma sessão aqui no blog para falar de culinária. Que momento melhor para isso que agora, quando, forçadamente, estamos passando mais tempo em casa com a família?
Estamos vivenciando uma mudança na forma como vemos o mundo e, obviamente, todos estamos assustados com isso. É tempo de refletir a respeito das engrenagens que pareciam infalíveis, mas também é hora de tentar encontrar alegria em coisas simples: uma refeição em família, uma mesa posta, uma descoberta de sabores…
Do mesmo jeito que não sou expert em viagens, também não sou especialista em gastronomia. Aliás, a esta altura não me interessa ser especialista em absolutamente nada. Na verdade, cozinho basicamente pelas mesmas razões que viajo: amor e curiosidade. Simples assim.
Por falar em simplicidade, minha cozinha é das mais despretensiosas. Uma mescla de ensinamentos adquiridos ao longo da vida (através das gerações da família) e conhecimentos teóricos obtidos através de livros, vídeos e todas essas ferramentas disponíveis hoje em dia.
É claro que as viagens têm um papel bem importante nessa construção. Hoje, presto muito mais atenção aos detalhes, às receitas e aos mercados, mas a culinária me acompanha desde muito antes de pensar em viajar.
É que, quando adolescente, cozinhar era uma das minhas tarefas em casa e, ao contrário de algumas outras obrigações, esta nunca foi sacrifício para mim. Olhando para traz vejo com bastante clareza que embora eu não soubesse, o amor pela mágica da gastronomia já estava lá, nas hortas que nos davam sempre fragrâncias e sabores frescos, no calor do fogão à lenha, no café da tarde que sempre era sinônimo de reunião, união e boas conversas.
Das muitas paixões da adolescência, grande parte delas atropeladas pela vida, cozinhar se manteve firme e forte. Mais que isso, esse amor foi se lapidando com o passar dos anos e hoje ocupa um espaço muito importante na minha vida. É na cozinha que crio e resolvo minhas questões. No fim das contas, as criações gastronômicas são frutos da calmaria e da tempestade que sempre coabitam em mim.
Até por isso, abrir para vocês esse mundo que ainda é tão particular é, ao mesmo tempo, um desafio e uma honra. Espero, de verdade, que gostem e aproveitem esse canal de diversão e troca de experiências, que, em alguns momentos, vai se misturar com as viagens e com tantos outros projetos. Para encerrar essa abertura, deixo as palavras de Cora Coralina, que sempre me serviram de inspiração para os poemas, para os doces e para a vida.
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Cora Coralina