Costa Rica: Bajos del Toro

Mais um dia lindo nos foi dado de presente. Acordamos cedo, nos despedimos do Vulcão Poás, e seguimos para a região de Bajos Del Toro. Lá, as quedas conhecidas como Blue Falls e Catarata Del Toro nos aguardavam.

Não estávamos exatamente perto do local, então saímos por volta das oito da manhã e fomos até a cidade de Grécia, onde tomamos um café reforçado na Panaderia Delícias. O café estava muito bom, mas a fome foi mais rápida que a câmera, então não temos fotos deste momento.

De lá, seguimos caminho para Bajos Del Toro, uma região no meio das montanhas, ainda pouco explorada, mas justamente por isso, fascinante.

Quando estávamos estudando sobre as formas de locomoção na Costa Rica, havíamos lido algumas recomendações no sentido de usar o aplicativo Waze e não o Google Maps, pois em certos momentos o Maps costumava mandar os incautos viajantes para “atalhos” um pouco complicados.

Cientes disso, estávamos usando o Waze para deslocamentos mais longos e o Maps para passeios mais urbanos. Não sei exatamente o que houve neste dia, mas no caminho entre a cidade de Grécia e a região de Bajos Del Toro, acabamos gerando a rota pelo Maps. Talvez tenha sido culpa do espírito de aventura.

O fato é que, em determinado momento, nos vimos em meio a um caminho bastante peculiar. A estradinha era extremamente curvilínea e em muitos trechos, a mata avançava sobre ela, tornando-a ainda mais estreita. Havia sinais de asfalto, mas o estado em que estava deixava claro que isso era resquício de um passado distante.

Durante o trajeto que fizemos, ninguém passou por nós. Éramos os únicos desbravadores daquele pedacinho das montanhas. Ao mesmo tempo que isso era ligeiramente assustador, também era altamente instigante. Nossa pequena aventura durou cerca de vinte minutos, quando, então, chegamos a uma estrada principal, que nos levou até a entrada da Catarata Del Toro sem maiores surpresas.

Apesar de afastada das cidades, a região de Bajos Del Toro é bem sinalizada e parece estar caminhando para se tornar um estruturado polo turístico. Passamos por várias pousadas e diversos balneários até chegar ao nosso destino. Lá, compramos os ingressos para os dois passeios: Cataratas Del Toro e Blue Falls. O pagamento dos ingressos é em dólar e, na época em que fomos, o custo foi de vinte e cinco dólares por pessoa para visitar os dois pontos turísticos.

Optamos por visitar primeiro a Del Toro, pois a “bilheteria” fica exatamente no início do passeio para conhecer a catarata. O lugar é muito bonito, com uma lanchonete grande e estrutura de banheiros.

Assim que saímos da lanchonete, logo que pisamos na trilha, já fomos surpreendidos por um lindo jardim, cheio de colibris. Eram tantos, tão coloridos e rápidos, que era difícil andar sem trombar com algum deles. Até tentei filmar ou fotografar, mas não tive muito sucesso. Vocês vão ter que acreditar em mim.

Para chegar à cachoeira há uma trilha, de dificuldade moderada, e milhares de degraus. Talvez milhares seja um pouco de exagero, mas são muitos. A vantagem é que a paisagem é linda, então, o esforço físico é muito bem recompensado. 

Logo no início da trilha, já é possível avistar a impressionante queda d’água, cuja imagem é quase constante durante o passeio. Mas não é apenas a cachoeira que torna o trajeto incrível. A trilha é no meio da floresta e se tem uma coisa que a Costa Rica tem de impressionante, são as florestas. Eu tenho a sorte de conviver com áreas de mata desde a infância. Sou praticamente nascida na floresta amazônica e hoje, mais que nunca, tenho um orgulho imenso disso. Mas cada floresta é uma floresta!

E as da Costa Rica me deixaram extasiada. São ecossistemas diferentes, plantas, aves e cores muito impactantes. Além disso, a região de Bajos Del Toro, por estar bem no meio das montanhas, tem uma beleza muito particular.

Depois de algum tempo de caminhada, parando para sentir, ver e ouvir a natureza, chegamos aos pés da cascata. Não é permitido entrar na água, até por uma questão de segurança, mas só o fato de poder contemplar um local tão magnífico já faz os degraus valerem a pena.

No momento em que estávamos lá embaixo começou a chover. Não foi uma chuva forte, estava mais para uma garoa, com uma forte neblina, típica das áreas de mata, que nos acompanhou ao longo do dia.

Na volta da cachoeira, depois de subir os vários degraus – desta vez com neblina – fizemos um caminho diferente e passamos por outro jardim, igualmente lindo, com vários pássaros simpáticos. Desta vez, um beija flor nos deu a honra de posar (e pousar) para uma foto.

Encerrando o passeios pela Catarata Del Toro, o pessoal da bilheteria nos informou que as Blue Falls ficavam perto e que nelas era permitido entrar na água. Mas avisaram que lá não havia estrutura de banheiros. Então, se quiséssemos entrar na água, poderíamos aproveitar os banheiros da Catarata Del Toro para trocar de roupa.

Como estava um pouco frio e nossos planos ainda envolviam chegar até a região de La Fortuna naquela dia, achamos que tomar banho de cachoeira não parecia uma boa ideia. Assim, optamos por seguir com nossas roupas de caminhada, no melhor estilo desbravadores (talvez urbanos demais para o lugar).

A entrada das Blue Falls realmente é bem próxima ao local onde estávamos, cerca de mil metros de distância. Em menos de cinco minutinhos de carro já estávamos começando nossa aventura. E que aventura viu!?

O passeio pelas Blue Falls engloba diversas cachoeiras, todas ligadas através das diversas trilhas existentes dentro de uma fazenda. Algumas das cachoeiras, inclusive, podem ser acessadas a partir de outras propriedades, por estarem em áreas de divisas. Não sei como são os outros caminhos, mas para nós, valeu a pena a compra dos ingressos em conjunto.

Chegando lá, um funcionário já indicou um local para estacionar, em um terreno em frente à portaria. Assim que passamos pela entrada, o funcionário nos alertou que as trilhas estavam bem escorregadias por causa do tempo chuvoso, recomendando que usássemos bastões de caminhada improvisados, que estavam disponíveis no início da trilha.

Ainda bem que seguimos essa recomendação, porque, de fato, a trilha estava lisa demais. Em muitos locais, sem o bastão, o tombo era certo. Ainda mais no meu caso, em que escorregar é quase uma certeza.

Nosso primeiro destino foram as cascatas La Gemelas. Para chegar até lá, uma estrada com bastante barro, algumas pedras bem lisas e pontes de metal pelo caminho. Na reta final, alguns degraus deram o tom da caminhada.

Ficamos por lá um pouco, admirando a paisagem e tirando algumas fotos. São duas cachoeiras, bem pertinho uma da outra. A primeira tem a água mais esverdeada, mas a segunda é de um azul estupendo.

Saímos de lá e seguimos para a cascata Tepezquintle. Foram mais alguns minutos de trilha em meio à floresta, com direito a escadarias sem fim. Além disso, em certo momento, já na chegada, é preciso atravessar pelo rio, por entre as pedras. Com cuidado, não há risco, porque é bem rasinho.

O tempo estava abrindo e o sol já aparecia no céu, ainda tímido em meio às nuvens. Ali o calor já começou a incomodar um pouco e aquela decisão de outrora, de não colocar nossas roupas de banho, começava a parecer não tão boa.

Mesmo assim, ficamos por algum tempo por lá aproveitando a paisagem e depois seguimos para a Poza Azul. Ao contrário das outras, chegar nela não foi difícil. Bastou descer alguns degraus de uma escadaria aramada.

Ainda havia outras cascatas a serem visitadas, mas estávamos cansados e com fome. Então, decidimos encerrar nosso passeio e voltar para a entrada, até porque ainda tínhamos um longo caminho até nossa próxima hospedagem, o hotel La Finca.

A estrada foi bem tranquila, sem grandes emoções. As paisagens lindas de sempre, algumas pequenas cidadezinhas no caminho e muitas, mas muitas, flores. Chegamos ao La Finca perto das seis da tarde, quando o sol estava se pondo e a passarinhada toda estava em festa.

Mais uma vez, nossa escolha de hospedagem privilegiou o contato com a natureza. O La Finca é um hotel, com todas as comodidades, mas dentro de uma fazenda em pleno funcionamento. No local, há vários chalés, em meio a um jardim exuberante. Além disso, a área comum conta com piscina, jacuzzi, restaurante e um bosque muito agradável.

Nosso quarto era extremamente confortável, bem amplo, com decoração aconchegante e uma varandinha perfeita. Apesar dos chalés serem pertinho uns dos outros, o jardim tropical que envolvia as varandas, com muitas helicônias e folhagens, garantia bastante privacidade.

Sem dúvidas, foi uma excelente escolha de hospedagem. Apesar de não ser perto da cidade, nem tão perto dos passeios que iríamos fazer na região de La Fortuna, ficar no La Finca valeu muito a pena, não só pelo conforto, mas pelo restaurante maravilhoso que eles têm.

Por falar no restaurante, ele foi uma mão na roda neste primeiro dia. Como estávamos cansados do passeio, poder jantar lá foi excelente. Além disso, tudo o que pedimos estava maravilhoso.

Encerrada a refeição, fomos aproveitar a varanda do nosso chalé, curtindo o “silêncio ruidoso” da noite no campo.