Espírito Santo: dicas de viagem
Antes de começar a escrever sobre o Espírito Santo, já vou fazer uma observação importante. Este não é um post no esquema relato de viagem, que costuma dominar o blog. Também não é uma lista de coisas a fazer, como publicamos sobre Curitiba.
Na verdade, é um post que não se enquadra nas minhas classificações. É só um texto aleatório, com algumas dicas de passeios, restaurantes e hospedagem, mas tudo misturado.
Em geral, quando viajamos, vamos planejando, anotando, fotografando tudo. Ao mesmo tempo em que fazemos isso para otimizar a viagem e eternizar as memórias, já fazemos com o objetivo de criar um texto bacana para publicar.
Mas em se tratando do Espírito Santo, essa lógica não funciona. A razão é simples: minha família é capixaba. Logo, as viagens para o estado sempre contam com mais participantes e envolvem visitar a parte da família que não se aventurou em direção às terras rondonienses nos anos 80.
Entre fotos antigas, almoços em família e toda aquela típica confusão de gerações reunidas, selecionei algumas coisas que merecem destaque e que, talvez, possam ajudar em uma viagem para o estado do Espírito Santo.
Vitória
O estado do Espírito Santo é bem pequeno, então não é difícil fazer uma viagem de carro que explore quase todos os cantos. Só há um aeroporto grande, em Vitória. Justamente por isso, a não ser que você vá de carro a partir de outro estado, sua viagem vai começar por lá.
De toda forma, Vitória é um excelente ponto de partida para a viagem. A cidade, assim como Florianópolis, é uma ilha. O conjunto de montanhas, pedras e mar é praticamente onipresente. Vitória é ligada ao município de Vila Velha por algumas pontes, que, diga-se de passagem, são lindas.
Estando em Vitória, não deixe de conhecer o Projeto Tamar, na enseada do Suá. Em nossa última passagem pela cidade, ficamos alguns dias hospedados em um hotel na enseada, mas acabamos não conseguindo visitar o Projeto Tamar. No entanto, visitamos alguns outros pontos bacanas na região, como a Praça do Papa, o Hortomercado e o Shopping Vitória.
A Praça do Papa é simpática e tem uma vista bem bonita, mas não tem outros grandes atrativos. Logo ali do lado, o Hortomercado conta com alguns restaurantes e uma cafeteria, mas quando fomos estava um pouco vazio. Ainda assim, o lugar é bonito e, se estiver passando por perto, vale uma visita.
Bem perto, há também o Shopping Vitória. Bem localizado, com grande variedade de lojas e que tem um dos meus restaurantes favoritos: O Camarada Camarão. Além disso, o Shopping tem uma vista linda das praias. Uma delas é a Curva da Jurema, famosa pelos movimentados quiosques. Fomos? Não. Mas não façam como nós. Se estiverem por lá, estiquem o passeio.
Outro ponto importantíssimo em Vitória é a Praia do Canto. Não só a praia, mas o entorno. O bairro é lindo, com uma infinidade de restaurantes, bares e empórios. Nós passeamos por lá um pouco, na região conhecida como Triângulo, e foi uma delícia.
O estado do Espírito Santo é um relevante produtor de café, tanto arábica quanto conilon. Então, uma viagem para lá é uma ótima oportunidade para provar alguns cafés especiais. Perto da praia do Canto não deixe de visitar o Odara pão e café. A cafeteria serve cafés especiais com maestria. Isso sem contar os doces e pães artesanais. Um espetáculo!
Para jantar, se quiser experimentar pratos regionais, em especial a moqueca, recomendo o restaurante Enseada Geraldinho. Simples, mas com bom atendimento e pratos muito saborosos. Depois que já estava lá descobri que eles também tem um restaurante em Manguinhos, já mais para o interior, no qual eu já havia comido em uma viagem anterior e adorei.
Vila Velha
Para a vizinha Vila Velha, tenho mais algumas dicas. A primeira: Visite o Convento da Penha. Não importa se você já foi, a visita ao convento é sempre especial. Mesmo para quem não encara a visita como um ato de fé, a vista lá de cima é maravilhosa e já vale o passeio. Atualmente, dá para subir caminhando ou através de vans que fazem o transporte até o topo.
Se quiser aproveitar uma praia em Vila Velha, opções não faltam. No perímetro urbano, a mais conhecida é a Praia da Costa, seguida pela Praia da Sereia e Itaparica. Aliás, em Itaparica há uma confeitaria muito bem avaliada, a Colher de Pau. Infelizmente, ainda não consegui ir até lá, mas fica a dica.
Um pouquinho mais longe, mas de fácil acesso, está a Praia Secreta. Ela ficou algum tempo com o acesso restrito, em virtude de algumas questões envolvendo um condomínio, mas atualmente o acesso é público. Inclusive, para chegar lá é preciso entrar por uma “porta” em um muro. A praia é linda, uma das mais bonitas que vi no estado.
Se estiver em busca de um café especial em Vila Velha, temos duas opções bacanas: O Will Café e o Café Lorenzon. O Will é uma portinha, com pouquíssimas mesas, mas o café é uma delícia. Provamos um bolo gelado de limão com pistache que estava muito bom.
O Lorenzon é maior, mais elaborado. Tem torrefação própria e fica pertinho da Praia da Costa. Há uma espécie de padaria na parte de baixo e, no mezanino, o café propriamente dito. O lugar é bem bonito, com decoração caprichada, no melhor estilo fazenda.
Aliás, bem pertinho do Lorenzon, há outra cafeteria, o Coffee Town. O lugar é bonito, mas o café não é o carro chefe. De todo modo, os bolos são muito saborosos.
Se quiser se aventurar pelo interior do estado, pode escolher continuar no litoral ou curtir as montanhas. O Estado é bem eclético e tem passeios para todos os gostos.
Infelizmente, apesar de eu ser uma pessoa mais da montanha que do mar, ainda não consegui aproveitar as serras capixabas. Já até passamos pela região de Santa Tereza, mas não tivemos a oportunidade de ficar um tempinho por lá. Então, vou ficar em débito quanto a dicas do local. No meu planejamento de visitas futuras, estão Santa Tereza, Domingos Martins e a região do Caparaó. Quem sabe na próxima não é?
Linhares
Linhares é uma cidade de porte médio, não está no litoral, mas tem lagoas maravilhosas, que justificam a visita. Além disso, a partir de lá é possível visitar algumas cidades litorâneas, que ficam nas imediações. A cidade também conta com um aeroporto, que recentemente passou a receber vôos partindo de Belo Horizonte.
A região foi bastante afetada pela catástrofe ambiental do rompimento das barragens em Mariana, já que o Rio Doce, que nasce em Minas Gerais, atravessa o município e desagua no mar na cidade de Regência a poucos quilômetros de Linhares.
Aliás, em 2016, algum tempo depois da tragédia, estivemos em Linhares. A região estava desolada, era um cenário muito triste, principalmente para quem vivia do turismo e da pesca. Alguns dos nossos familiares foram diretamente afetados e isso é algo que muda muito a nossa visão sobre o que aconteceu. Ainda hoje há muitas sequelas do desastre, mas aos poucos a região está se reerguendo.
No nosso período em Linhares, aproveitamos para passear pelas lagoas da região. A lagoa Juparanã é uma das maiores do país e pode ser visitada a partir de vários pontos da cidade, inclusive através de balneários privados, que contam com estrutura de banheiros e etc.
Além disso, ali perto estão as lagoas das Palmas e das Palminhas. A primeira não conheço, mas a segunda é linda e muito frequentada por pescadores da região.
Ainda na região de Linhares, há a cidade de Pontal do Ipiranga, já no litoral. Por ali, são várias as praias: Pontal, Urussuquara, Barra Seca, Guriri e, já na divisa com a Bahia, Itaúnas.
Infelizmente, a estrutura turística da região ainda precisa ser aperfeiçoada. Os lugares são lindos, mas ainda são mais rústicos. Da primeira vez que visitamos a região, só conseguimos um pouco mais de estrutura em Itaúnas.
Desta vez, contudo, tive a grata surpresa de conhecer uma pousada encantadora bem no miolinho desse litoral ainda mais rural. A Eco Pousada Camaleão, que fica pertinho de Pontal do Ipiranga, mas ao mesmo tempo totalmente integrada à natureza.
A pousada oferece bastante conforto, com quartos amplos, arejados e bem equipados. Há piscinas, área de lazer para a criançada, uma égua muito mansinha e dois cachorros simpáticos que só. Além disso, pássaros se revezam na trilha sonora, tornando o lugar ainda mais encantador.
Como se não bastasse, da própria pousada é possível acessar a um riacho muito bonito, ótimo para um banho ou um passeio de caiaque. Segundo nos informaram, é possível atravessar o rio e ir andando, por uma trilha, até a praia. Mas não tivemos tempo de conferir.
Itaúnas
Nesta viagem mais recente que fizemos, acabamos não indo até Itaúnas, mas eu não poderia deixar de mencionar a cidade neste post. Aliás, faz tempo que quero falar sobre o lugar.
Itaúnas é uma vila pequena, no extremo norte do estado, que pertence ao município de Conceição da Barra. O lugar é conhecido por duas razões.
A primeira é porque, há muitos anos, a antiga vila foi soterrada por dunas e os moradores tiveram que se acomodar mais longe do mar, ocupando o local atual. Segundo consta, depois que a vegetação nativa foi devastada, não havia mais barreiras para que a areia avançasse. Por isso, em um processo gradual, praticamente tudo foi coberto de areia. Apenas alguns telhados ainda estão à mostra.
Além disso, o local é famoso pelo festival de forró que acontece todos os anos. Nunca fomos na época do festival, mas dizem que é animadíssimo. Tamanha a importância do festival, que tem até site próprio.
O fato é que a vila é muito charmosa, com ruas de terra, pousadas bonitas e povo simpático. Só por isso já valeria a visita.
Mas Itaúnas tem mais. O principal atrativo natural da cidade é o Parque Estadual de Itaúnas. Ele mostra diversos ecossistemas, como matas, restinga, mangue, praias e rios. Há até uma base do projeto Tamar.
É através do parque, inclusive, que se chega à Praia de Itaúnas, cujo acesso é feito por algumas trilhas, que permitem a visita ao local onde a vila estava antes de ser soterrada. Com certeza é um passeio imperdível. Para quem se animar, de Itaúnas dá para seguir viagem para a Costa Dourada, já na Bahia.
É isso. Espero que as dicas espalhadas ao longo deste post ajudem a desenhar uma viagem especial, explorando um estado com muito potencial, mas ainda um pouco fora do radar do turismo nacional.