Conhecendo Madrid
Planejando o roteiro
Depois de pesquisar sobre as atrações na capital espanhola, optamos por dedicar a Madrid um total de cinco dias, já descontado o dia em que planejávamos ir até Toledo. Assim fizemos porque, como já mencionamos em posts anteriores, gostamos de ter tempo livre nas cidades, até para que eventuais imprevistos não sejam tão impactantes.
Com isso em mente, incluímos na nossa programação grande parte das construções históricas da região central, bem como as praças e monumentos. Atenção espacial foi dada ao Parque do Retiro, visitado por nós em dois dias distintos.
Madrid é uma cidade enorme, movimentada e cosmopolita. A vida cultural é incessante e passar correndo pela cidade acaba privando o visitante de entender e até de descobrir todas essas características. Assim, se está pensando em ir para a Espanha, nossa recomendação é ficar, pelo menos, quatro dias em Madrid.
A seguir vocês podem conferir como foram os nossos dias na cidade, na qual ficamos tanto no início quanto no finalzinho da viagem.
Chegada a Madrid
Chegamos a Madrid em meados de novembro e, junto conosco, chegou também uma semana de frio e chuva. Havíamos visto antes de sair do Brasil que o tempo estava se preparando para mudar bem na época em que estaríamos por lá, então já fomos preparados com roupas mais quentinhas.
Posso dizer que tivemos nosso outono europeu bem mesclado com inverno. Não chegou a nevar em Madrid, até porque não é comum que isso ocorra, mas a cidade ficou bem cinza por alguns dias, o que não impediu nossos passeios.
Desembarcamos por volta das 13h e, depois de toda a burocracia de imigração e controle sanitário (na época em que fomos era preciso apresentar comprovante de vacinação contra COVID e uma declaração de saúde preenchida), fomos para o NQN Aparts & Suites, reservado através do Booking.
O apartamento ficava bem perto da Plaza Puerta del Sol e ao lado da Gran Vía, extremamente bem localizado, perto de lojas, restaurantes e estações de metrô. Só por isso já foi uma ótima escolha. Além disso, contava com cozinha, quarto, banheiro e sala de estar. Havia até máquina para lavar roupas e uma pequena sacadinha.
Dicas úteis
Não costumo incluir nos posts um tópico de dicas, já que, em geral, elas aparecerem ao longo dos textos. Ocorre que, particularmente na Espanha, acho importante fazer algumas observações logo de início, pois elas podem fazer bastante diferença em uma viagem, principalmente quanto ao comércio, transporte e alimentação.
Em primeiro lugar, é bom deixar claro que aquela conversa de que em determinados horários do dia o comércio da Espanha fecha as portas a fim de que os espanhóis possam tirar a siesta é mais verdadeira do que a gente imagina.
Confesso que eu acreditava que isso era lenda, mas nossos dias por lá mostraram que em muitos lugares há sim um intervalo depois do almoço em que quase tudo está fechado. Nas cidades menores isso é mais perceptível, mas em Madrid também se nota esse hábito. Aliás, particularmente, achei muito bom e gostaria muito de adotar na minha vida.
Além da siesta em si, que é essa pausa entre três e cinco da tarde, notamos que, em geral, o comércio abre tarde, por volta das dez da manhã. Em contrapartida, se estende até a noite. Era bem comum, portanto, ver tudo funcionando plenamente lá pelas oito ou nove da noite.
Como disse no post anterior, utilizamos bastante o sistema público de transporte em Madrid. Logo na chegada, assim que saímos da área segura, já fomos diretamente para a estação que fica no terminal 4 do Aeroporto. Lá mesmo compramos um cartão que serve para praticamente todo o transporte urbano e o carregamos com algumas viagens. O cartão pode ser comprado numa máquina de autoatendimento, que aceita inclusive pagamento com cartão de crédito. Se ficar com alguma dúvida, há um guichê de informações bem em frente à máquina.
A viagem do aeroporto ao centro da cidade pode ser feita de diversas formas, como você pode conferir nesse post do Viaje na Viagem. Nós optamos por ir de metro, pois chegaríamos mais próximos da nossa hospedagem com apenas uma troca de trem. No fim da viagem, na volta ao aeroporto, voltamos de trem, pois estávamos hospedados ao lado da estação de Atocha.
Ainda no tópico de informações úteis, é bom saber que na Espanha eles almoçam e jantam tarde. Então, não espere encontrar muitos restaurantes abertos ao meio dia. Nesse horário eles ainda estão pensando é no café da manhã. O normal mesmo é almoçar por volta das três da tarde. No início, é um pouco estranho, mas rapidinho a gente se acostuma.
Outra informação que acho relevante é que há uma cultura muito forte em toda a Espanha quanto à maneira de servir as refeições. Eles não chamam de entrada e prato principal, mas sim de primeiro e segundo prato. Além disso, é bem comum, mas muito mesmo, que eles comam apenas tapas ou pinchos ao invés de uma refeição em si.
Para tentar deixar mais claro, tanto as tapas quanto os pinchos poderiam ser comparados às nossas porçõezinhas ou aperitivos. A grande diferença é que as tapas podem ser exatamente iguais a uma refeição normal, mas em tamanho menor, geralmente oferecidas para acompanhar uma bebida. Tanto é assim que provamos tapas de paella, risoto e hambúrguer. É uma excelente forma de provar mais pratos diferentes e até escolher o que mais gosta.
Por fim, percebemos que os segundos pratos das refeições também costumam aparecer nos cardápios em dois tamanhos: 1 ración ou 1/2 ración. Ah, outra dica que acho bem válida é que quase sempre há opção de acompanhar a refeição com vinho em taça (que lá é chamada de copa, já que taza para eles é xícara). Bom, não sou lá grande entendedora de vinhos, mas todos que provei estavam ótimos para mim.
As primeiras impressões de Madrid
Deixamos as coisas no apartamento e, como ainda não havíamos almoçado, fomos em busca de comida. Já estava perto das 17h e não havia muitos restaurantes abertos. Por sorte, uma pizzaria que estava na nossa lista, a Pizzart, estava aberta.
Pedimos duas pizzas individuais, que rapidamente foram montadas e assadas em um magnífico forno à lenha. As pizzas estavam perfeitas, com massa aerada e crocante ao mesmo tempo. O desespero para comer foi tanto que esquecemos até de fotografar. Encerramos a refeição e voltamos ao apartamento para tomar banho e já sair.
Nessa noite estava na nossa agenda um encontro mais que especial com nossa amiga/prima Juliana – a pessoa mais extrovertida e melhor jogadora de Imagem e Ação deste mundo – que mora em Madrid há alguns anos.
Estava frio, uma multidão passeava pela região central de Madrid e lá estávamos nós, felizes da vida, ainda sem acreditar que, depois de dias tão difíceis, estávamos passeando despretensiosamente pelas ruas de uma nova cidade.
Andamos pela Gran Via e fomos caminhando até a Plaza de Espanha, mas ela estava em obras. Na volta, depois de passar por alguns desvios (ou atalhos praticamente por dentro do canteiro de obras), fizemos uma pausa para comer em um restaurante chamado Topolino. Era um bonito restaurante, com pratos típicos e um segundo andar com vista para a rua.
A comida era boa, mas não tinha nada de extraordinário. Comemos alguns tapas e tomamos vinho, conversando por um bom tempo com nossa guia, que não víamos há uns bons anos. Saindo de lá, andamos mais um pouquinho e, enfim, fomos para o apartamento descansar.
Churros e tour pelo centro histórico de Madrid
Se não é para se jogar no chocolate quente com churros logo no café da manhã a gente nem levanta da cama.
Nosso primeiro “dia” pra valer em Madrid era um domingo. Então tivemos a companhia da Ju em nossos passeios em terras Madrilenãs. Com nossa guia exclusiva, fomos até a Chocolateria San Ginés, onde provamos churros com chocolate quente. Sem palavras para descrever essa loucura gastronômica. Deliciosamente crocante, os churros são banhados pelo chocolate extremamente cremoso, doce na medida.
Os churros são um espetáculo, mas nem tudo são flores. Justamente porque é muito bom, a fila costuma ser grande, então é bom ir preparado mentalmente porque certamente vai ter um tempinho de espera.
Bom, encerrada a comilança, fomos passear pelo centro histórico, até para queimar um pouquinho as calorias. Começamos nosso tour pela Plaza Mayor, bem pertinho da chocolateria. Estavam montando lá os enfeites e as barracas para o Mercado de Natal.
Saindo da Plaza, passamos pelo simpático Mercado de San Miguel. O Mercado conta com diversos restaurantes, como uma galeria. Também tem muitas lojinhas de snacks, frutas, jamón e pinchos. Não chegamos a provar nada pois havíamos acabado de comer exageradamente, mas as coisas estavam bem bonitas nas vitrines e tudo parecia muito limpo.
Passamos então pelo Palácio Real de Madrid, a residência oficial do Rei da Espanha. Não entramos no palácio, pois não havíamos sido convidados pelo Rei. Brincadeiras à parte, nossa intenção era somente tirar algumas fotos da fachada e do entorno. Mas há um passeio, pago, para quem quiser conhecer grande parte do interior da construção.
Ficamos um tempo na Plaza de La Armeria, que separa os portões do Palácio Real da Catedral da Catedral de La Almudena. Ali existe o Mirador de La Cornisa, com uma ótima vista dos bosques do Campo del Moro e das montanhas que cercam a cidade. Não visitamos os Jardins de Sabatini, porque, para nosso azar, também estavam passando por reformas.
Decidimos então rumar para o Parque de El Retiro. Apesar de não ser muito perto, fomos caminhando para conhecer melhor a cidade, inclusive passando pela bela Plaza Puerta del Sol, onde fica a famosa escultura El Oso y El Madroño (símbolo da cidade), que você viu no início do post.
O Parque do Retiro é enorme. Ocupa uma área enorme no centro de Madrid, com vários paseos, esculturas, fontes e um famoso lago, o Estanque Grande del Retiro. Ficamos algum tempo passeando pelo parque e observando o lago e a grande variedade de aves existentes, em especial patos bem simpáticos e fotogênicos. No parque também há o Palácio de Cristal, uma linda construção que costuma ter exposições bem bacanas. Além disso, há algumas lanchonetes espalhadas ao redor do lago.
Já no meio da tarde, fomos almoçar no bairro La Latina, optando por um restaurante escolhido ali na hora mesmo, chamado Taberna Tirso de Molina. O ambiente do restaurante era comum e a comida estava boa, mas o atendimento foi muito, mais muito ruim, então, não recomendo a visita.
Saindo do restaurante, voltamos à região Central de Madrid e fomos ao supermercado comprar algumas coisinhas para o café da manhã dos dias seguintes. Acabamos nos empolgando e compramos também algumas coisas para o jantar, então neste dia nem saímos mais do apartamento.
Museu do Prado, um pulinho em Toledo e as delícia do Entre Santos
Nosso terceiro dia em Madrid amanheceu chuvoso, então mudamos um pouquinho nossos planos, que incluíam uma passagem pela Porta de Alcalá e pelo Templo de Debod, ambos ao ar livre.
Já havíamos comprado ingresso para visitar o Museu do Prado neste dia, o que veio muito a calhar. A visita era apenas no meio da manhã, então antes de ir ao museu, fomos andar pela Primark, uma enorme loja de departamentos ali na Gran Vía.
A chuva deu uma trégua, então fomos caminhando até o museu, passando por alguns pontos bem legais da cidade, em especial pelo Edifício Metrópolis, um dos cartões postais da cidade e pelo Palácio de Cibeles, que hoje abriga a prefeitura.
Gastamos bem umas três horas visitando o museu, que conta com um acervo impressionante (mais de 15 mil obras), sendo o maior museu da Espanha. O prédio em si é muito bonito e só ele já valeria a visita ao local. É claro, contudo, que se você gosta de arte, a visita ao museu é praticamente obrigatória, já que ele tem no acervo muitas obras renomadas, em especial de Goya, Tiziano, Velasquez e El Greco.
Quando encerramos a visita, estava chovendo bastante, então tivemos que esperar um pouco até dar uma diminuída. Saímos do Museu e fomos até o El Corte Inglês, loja de departamentos que vende de tudo e que já conhecíamos desde a viagem para Portugal. Ali há também um grande supermercado, onde, mais uma vez, compramos os ingredientes para o nosso jantar no apartamento.
O dia seguinte foi dedicado a um bate volta até Toledo, então vamos detalhar ele em um post específico que deve sair logo logo. Chegamos de Toledo já de noite e saímos para jantar.
O restaurante da vez foi o Entre Santos, que já estava na nossa listinha de desejos. Não poderíamos ter optado por um restaurante melhor. O local é muito acolhedor, bem decorado e animado. A comida estava excelente. Tanto que, até agora, estou impressionada com a criatividade e execução da receita de cogumelos empanados, que escolhi provar. Recomendadíssimo.
Museu Reina Sofia, Parque do Retiro e Porta de Alcalá
Nosso último dia em Madrid, ao menos nesta etapa, começou com um café da manhã super bacana no Brunch Club Cafe. O lugar é uma graça e a comida estava ótima. Adorei o conceito deles de café da manhã o dia todo. Destaque para o iogurte com sementes de romãs, que estava espetacular.
Aproveitamos que o dia estava lindo, com direito a céu azul e tudo, e fomos caminhando até a Porta de Alcalá. De lá, esticamos um pouquinho até o Parque do Retiro, onde aproveitamos o tempo bom para explorar melhor o parque até o horário da nossa visita agendada para o Museu Reina Sofia.
No horário marcado, seguimos para o Reina Sofia, onde ficamos por algumas horas. O acervo do museu é bem menor que o do Museu do Prado, mas não dá para ignorar as obras de Picasso, Goya, Miró e Dali, que estão expostas lá. Atenção especial para a Guernica, de Picasso. Talvez a mais famosa obra de arte espanhola.
Saímos do museu no meio da tarde com bastante fome. Paramos no primeiro fast food que vimos na frente, que nesse dia foi um Mc Donald’s. De lá, seguimos para o Templo de Debod, um templo egípcio que está em uma parte alta de Madrid, dentro de um parque. O templo e a vista lá de cima são lindos, valendo muito a visita.
Pode parecer estranho (e é) ter um templo egípcio no meio de Madrid. Na verdade, o templo foi desmontado em seu local de origem, próximo do Rio Nilo, e presenteado pelo governo egípcio à Espanha na década de 1960. Tendo sido reconstruído no seu local atual. É possível conhecer o interior do templo, mas deixamos para uma próxima visita, pois a fila estava enorme e queríamos aproveitar o pôr do sol para algumas fotos.
À noite, fomos com a Ju ao 100 Montaditos, um bar bem descontraído que tem uma infinidade de pequenos sanduíches, os montaditos. Como o bar estava bem cheio, acabamos escolhendo um mesa na área externa, apesar do frio que fazia. Comemos alguns montaditos, escolhidos aleatoriamente, enquanto tomamos umas cervejas. Congelamos por causa do frio e depois fomos para o apartamento descansar.
Assim, encerramos essa etapa da viagem, conhecendo essa parte famosa de Madrid, mas dando espaço para andar com calma e descobrir lugares encantadores, como foi o caso do bairro La Latina, que entrou no roteiro totalmente por acaso e merece outra visita em uma próxima viagem.