Planejando uma viagem para Orlando

Muitas crianças (e adultos) têm o desejo de ir para a Disney. Não é de se estranhar, afinal desde cedo o mundo mágico das aventuras e contos de fadas é inserido na nossa vida. E isso segue acompanhando o desenvolvimento da maior parte das pessoas, principalmente porque, hoje em dia, o universo Disney é muito maior que as fábulas de outrora. Impossível ser indiferente.

Mesmo assim, apesar de sempre ter gostado dos filmes, desenhos, contos e brinquedos da Disney, conhecer os parques nunca foi um sonho de criança. Também não se tornou um desejo na vida adulta. Minha infância contou com aspirações bem mais modestas e, na vida adulta, passei a gostar de conhecer coisas autênticas, desbravar novos mundos, culturas e estórias de vida. Nada que se aproximasse do mundo mágico da Disney. Talvez por isso, viajar para Orlando não estava nos planos.

Mas, cá entre nós, os planos existem para serem mudados. De todas as razões que me levaram para Orlando neste ano, a prevalente foi a existência de uma jovenzinha chamada Alice. Persuasiva, apaixonante e encantadora. Por ela, pela vontade do Fellipe e pelo entusiasmo da mãe dela, também Alice, minhas viagens, sempre mais pretensiosas, deram lugar à leveza e aos sonhos dos Parques de Orlando.

Depois de algumas pesquisas sobre as melhores épocas do ano para visitar os parques da Flórida, escolhemos o mês de setembro. Uma época geralmente tranquila, com parques mais vazios, preços mais camaradas, enfim, tudo o que queríamos para conseguir aproveitar melhor o nosso tempo, preferencialmente sem ficar horas e horas nas filas. A ideia era ótima e tinha tudo para dar certo. Até deu, mas não exatamente como o planejado.

É que, depois das passagens compradas e hotéis reservados, a Disney anunciou a inauguração de uma nova área em um de seus parques, com temática de Star Wars. E essa inauguração seria no fim do mês de agosto. Aí foi aquela loucura. Em questão de dias o mês de setembro passou de tranquilo para movimentadíssimo.

Ao mesmo tempo em que estávamos preocupados com o inesperado aumento de visitantes que ocorreria, também estávamos ansiosos para conhecer os parques e, principalmente, a atração que estava para ser inaugurada.

Houve toda uma organização diferente nos parques para tentar acomodar os visitantes, dado o aumento expressivo de procura. Alguns parques iam abrir mais cedo, havia algumas comodidades para hóspedes do complexo e o esquema de transporte também sofreu modificação. Da nossa parte, atenção especial passou a ser dada ao planejamento dos dias em Orlando.

Antes do relato sobre os passeios e as nossas impressões, acho importante compartilhar como foi nosso planejamento e as medidas que tomamos para otimizar o tempo da viagem.

Planejar uma viagem dessas não é fácil. Embora mais despretensiosa que nossas outras trips, acredito que este planejamento foi um dos mais complexos que já fizemos.

De início, Orlando é o paraíso dos parques temáticos. Além da Disney, há também na região diversas outras opções, com a Universal Studios, Seaworld, Bush Gardens, Legoland, Kennedy Space Center (que não é bem um parque temático) e muito mais.

Só no complexo Disney há 4 parques temáticos. Fora os 2 parques aquáticos mantidos por essa empresa gigante. Além dos parques e dos vários hotéis, há também dentro do complexo locadora de carros, postos de combustível e um centro comercial a céu aberto com várias lojas e restaurantes, o Disney Springs.

É muita coisa para uma viagem só, mesmo que tivéssemos um mês todo disponível. Não tínhamos. Nosso tempo era curto e já começamos o planejamento tendo que abrir mão de atrações imperdíveis e decidindo o que visitaríamos.

Pra isso, nos socorremos em vários sites e blogs que dão valiosas dicas sobre os parques de Orlando. Um dos que mais nos ajudou durante essa fase de planejamento foi o Vai Pra Disney?. É simplesmente o blog mais completo que encontramos. Eles tem até um aplicativo pra você usar durante a viagem, que nos quebrou alguns galhos.

Depois de algumas reuniões do nosso grupo de viagem, elegemos como prioridades os 4 parques temáticos Disney, os 2 parques da Universal (sim, são dois) e uma visita ao Kenedy Space Center, que o Fellipe não abria mão.

Com isso em mente, dividimos nossa passagem por Orlando em duas partes, uma focada nos parques da Disney e outra focada nos parques Universal. Isso foi importante porque os complexos de parques são bem distantes uns dos outros, às vezes até em cidades diferentes. O que faz toda a diferença na hora de escolher a hospedagem.

Planejamento para os parques da Disney

Depois de muita pesquisa, descobrimos que há uma série de benefícios que a Disney dá a quem se hospeda em um de seus Resorts. Além da experiência imersiva de já acordar nesse mundo mágico, quem se hospeda dentro do complexo tem algumas regalias que fazem muita diferença no aproveitamento dos parques.

O complexo Disney possui um surpreendente e eficiente sistema de transporte interno. Há ônibus que fazem os trajetos entre os hotéis e os parques, além do Disney Springs, durante todo o dia, todos gratuitos, o que permite poupar bastante com aluguel de carro, combustível e estacionamento nos parques (que não é barato).

Quem se hospeda com eles também tem as chamadas Extra Magic Hours, que são horas a mais de parque, em alguns dias antes da abertura, outros dias após o fechamento do parque para o público geral. Com essas horas extras, é possível aproveitar várias atrações que no decorrer do dia ficam com filas enormes, pois há bem menos gente dentro dos parques.

Hóspedes também ganham a chamada Magic Band. Uma pulseira que, além de servir como chave do seu quarto, pode ser usada como carteira eletrônica para pagar suas despesas em toda a área do complexo. Ela serve ainda como seu ingresso e para acesso aos brinquedos em que você tenha marcado algum Fast Pass.

O Fast Pass é um benefício oferecido pela Disney para que, em determinadas atrações, o visitante possa marcar um horário e não tenha que enfrentar filas. Não tem custo adicional, mas tem que ser agendado com bastante antecedência para as atrações mais concorridas dos parques.

Aí entra mais uma vantagem para os hóspedes da Disney. Para todo o público geral (desde que você já tenha comprado os ingressos), é possível marcar os horários dos Fast Passes com 30 dias de antecedência. Já para os hóspedes essa antecedência é de 60 dias, o que ajuda demais a conseguir os horários e brinquedos mais concorridos.

Não custa lembrar que é tanta gente indo para os parques que as vagas de horários para os brinquedos mais famosos chegam a esgotar em poucos minutos após aberto o sistema para marcação, o que torna a vantagem do hóspede mais valiosa ainda.

Absorvidas todas essas informações, acabamos optando por nos hospedar lá dentro. Pesquisamos bastante o preço de todos os hotéis deles e selecionamos algumas opções com diárias quase dentro de nosso orçamento. Com todas essas vantagens, a Disney sabe cobrar pela hospedagem, então os preços costumam ser mais altos do que os hotéis não pertencentes ao complexo.

Como fizemos nosso planejamento com vários meses de antecedência, elegemos alguns hotéis econômicos e ficamos de olho na variação dos preços. No fim de janeiro, praticamente 8 meses antes da viagem, vimos a notícia de uma promoção da Disney e os preços de um pacote com hospedagem e ingresso aos parques se encaixaram no que havíamos planejado. Não hesitamos e garantimos imediatamente nossa vaga no Disney’s Pop Century Resort (sorte nossa, pois os preços subiram muito depois do anúncio da inauguração da área de Star Wars).

Os ingressos para os parques da Disney são vendidos por dia de parque. Você apenas escolhe quantos dias quer visitar os parques e se quer trocar ou não de parque no decorrer do dia. Não precisa marcar quais parques vai querer visitar em cada dia, embora seja importante já ter isso em mente quando for marcar os Fast Passes.

Tanto os ingressos como a hospedagem na Disney podem ser adquiridos com agências de viagem. Algumas podem inclusive te ajudar no planejamento de tudo. Como tínhamos bastante tempo até a viagem e disposição para pesquisar, decidimos fazer tudo por conta própria, contratando hospedagem e ingressos diretamente no site da Disney.

Contudo, para conseguir efetivar essa compra sem a intermediação de uma agência, é preciso ficar atento a um detalhe. É que o site da Disney vende ingressos e hospedagem diretamente ao hóspede apenas em seu site americano. O site voltado para brasileiros, que é em português, somente redireciona o visitante para uma agência de viagens conveniada.

Então, se você pretende fazer como nós e fechar tudo diretamente com a dona do Mickey, quando abrir o site vai ter que trocar a língua e país para inglês e Estados Unidos. É fácil fazer isso, tem um link bem no topo da página.

Como toda a compra é uma transação internacional (por ser no site americano), tudo é cotado e pago em dólares, não havendo possibilidade de parcelamento. Mas uma coisa muito legal de se fazer a reserva dessa forma é que você não precisa pagar tudo de uma vez.

Há um valor inicial, para garantia da reserva, que você paga imediatamente (no nosso caso foi de U$200,00). Depois disso, você tem até um mês antes da viagem para pagar o restante. Da forma que você quiser. Sempre que quiser pagar um pouco, basta abrir o site, escolher a quantia e digitar os dados do cartão de crédito. O importante é que o valor esteja todo pago até a data limite, que eles já informam na hora da reserva também.

Usamos essa opção de pagamento pra ir pagando pouco a pouco durante o planejamento, aproveitando as disponibilidades que tínhamos a cada mês e a cotação do dólar dia a dia. Dessa forma, conseguimos diluir até bem a alta do dólar que aconteceu pouco tempo antes da nossa viagem.

Comprados os ingressos e feita a reserva do hotel, começamos a planejar as atrações que tínhamos interesse em cada parque, pra marcar os concorridos Fast Passes. Pra isso, reviramos a internet atrás de informações de cada brinquedo, até vendo vídeos de alguns no Youtube para decidir se valiam a pena.

No meio desse planejamento nos demos conta de que a data para início da marcação dos nossos Fast Passes seria bem no meio de nossa viagem ao Peru. Pior que isso, no dia exato da marcação estaríamos no meio da cidade sagrada de Machu Picchu, bem longe de qualquer sinal de internet.

Por conta disso, após um leve desespero, a ingrata tarefa de madrugar e marcar os Fast Passes coube a Alice mãe. Deixamos pronta uma lista das atrações que precisaríamos marcar, já divididas por parque e dia de visita.

Com exatos 60 dias, Alice marcou para todo nosso grupo os horários de Fast Pass para grande parte dos brinquedos mais concorridos dos parques. Algumas das atrações que queríamos não tiveram horários disponibilizados para marcação, o que contornamos utilizando nossas horas extras de parque, por estarmos hospedados na casa do Mickey.

Depois de tudo isso (ufa!), bastava controlar a ansiedade e planejar o restante da viagem.

Planejamento para os parques da Universal Orlando

Para os parques da Universal em Orlando o planejamento é um pouco mais simples. Como não vimos tanta vantagem na hospedagem nos hotéis da Universal que justificassem a diferença de preço, resolvemos nos hospedar em algum hotel próximo.

Descobrimos que grande parte dos hotéis da região possui convênio com a Universal e, por isso, fornecem transporte gratuito de e para os parques. Escolhemos então um dos hotéis Hyatt Place, que fica bem pertinho da entrada dos parques e faz parte dos hotéis conveniados para transporte gratuito.

O hotel também ficava muito perto do Orlando Premium Outlets, muito famoso entre os turistas brasileiros.

Quanto aos ingressos, diferente dos parques da Disney, não há opção gratuita para marcar horários para as atrações. Há um serviço deste tipo, mas não achamos que o preço valia a pena. Por isso, acabamos comprando nossos ingressos poucos dias antes da visita.

Há uma dúvida muito grande entre os turistas se um dia é suficiente para explorar os dois parques da Universal. Embora não sejam muito grandes, os dois parques possuem muitos brinquedos interessantes, então decidimos programar um dia para cada um.

Há dois tipos de ingressos disponíveis. Com um, você pode escolher um dos parques para visitar por dia, sem poder trocar de parque no decorrer do dia. Com o outro tipo (chamado Park-to-Park), o visitante pode passar livremente de um parque para o outro quantas vezes quiser durante a visita.

Outra diferença em relação à Disney é que os parques são vizinhos. É possível tranquilamente ir à pé de um ao outro. Os portões dos dois ficam a poucos metros de distância e a entrada para o complexo é única.

Mas acredite, você não vai querer fazer esse caminho à pé e esse foi o motivo de escolhermos comprar o ingresso Park-to-Park.

Uma das atrações mais visitadas dos parques é o mundo de Harry Potter, que reproduz com perfeição cenários famosos dos filmes (e livros) do bruxinho. Esses cenários são divididos em duas partes, uma representando a cidade de Londres, e as instalações bruxísticas de lá, e outra representando Hogwarts e arredores.

Cada uma das partes fica em um dos parques e, ligando as duas, há o Expresso Horgwarts, um trem de verdade que reproduz o caminho que Harry e seus amigos fizeram a cada filme para ir e voltar à escola de bruxos.

Para utilizar esse trem, que é uma atração divertida por si só, é preciso ter o ingresso Park-to-Park. Por isso vale muito a pena pagar alguns dólares a mais.

No hotel, e acredito que em todos da região deve ser assim, havia mapas dos parques disponíveis. Então, no dia antes de nossa visita, planejamos nossa estratégia para aproveitar melhor as atrações, marcando os pontos de interesse e a ordem que tentaríamos seguir.

Apesar de mais simples e de não exigir tanta antecedência, é muito importante planejar também a visita aos parques da Universal. São muitas atrações, muitos personagens para encontrar e, dependendo da sorte e da época da viagem, muita fila pra enfrentar.

Planejamento do restante da viagem

Nem só de Parques vive Orlando. Geralmente quem se propõe a visitar os parques acaba combinando a viagem com outros passeios, com aventuras consumistas e, às vezes, uma esticadinha até Miami.

Justamente por isso, além dos parques tradicionais, nosso roteiro incluiu um dia no Kennedy Space Center e algumas visitas a outlets e lojas de departamento, já que ninguém é de ferro e mesmo com o dólar alto, ainda é vantajoso comprar alguns itens nos Estados Unidos.

O Kennedy Space Center é um museu mantido pela NASA para divulgar os avanços trazidos pelo programa espacial americano é um passeio imperdível para quem se interessa pelo tema, mas nem tanto para quem é indiferente quanto a isso.

É uma estrutura enorme, que demanda algumas boas horas para ser bem aproveitada. Como fica distante algumas milhas de Orlando, é importante não marcar muitas outras atividades para o mesmo dia, pois só o deslocamento ida e volta já toma algumas preciosas horas.

Os ingressos podem ser comprados na portaria mesmo, sem muita diferença de preço para a compra antecipada, de modo que dá pra decidir lá em Orlando mesmo o dia da visita.

Quanto às passagens, como decidimos nossa viagem com bastante antecedência, conseguimos comprar utilizando pontos que já tínhamos acumulados na Latam e na Azul, o que contribuiu bastante para o nosso orçamento da viagem.

Aproveitamos também para incluir, além de Orlando, um pouco de Miami e de sua vizinha Fort Lauderdale, planejando fazer o deslocamento entre as cidades com um carro alugado, que também reservamos com antecedência.

Por falar em carro, para esse roteiro funcionar bem redondinho, é imprescindível alugar um carro. Primeiro porque a visita ao Kennedy Space Center, que não possui serviço regular de transporte, demanda um meio de transporte próprio. Depois porque o carro torna mais fácil visitar a maior parte dos outlets e possibilita conhecer lojas mais afastadas.

Para quem acompanha os posts do blog, o tom desse texto deve estar soando diferente. Cheio de minúcias, milhares de detalhes e questões práticas que geralmente ficam de fora dos relatos. É que, desta vez, contei com a participação mais ativa do Fellipe, que escreveu grande parte do texto.

Apesar de, geralmente, focarmos mais na viagem em si, para um passeio bem-sucedido em Orlando é muito importante ter atenção ao planejamento, então, não dava para ignorar esta parte. As nossas avaliações, as surpresas e o sucesso (ou não) de todo esse plano infalível para aproveitar Orlando e região vocês conferem no próximo post.

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