Porto de Galinhas – Explorando a vila e a Praia dos Carneiros

Nosso destino da vez havia sido batizado inicialmente como Porto Rico, em virtude da grande produção de açúcar e exportação de Pau Brasil. Mas como é que Porto Rico se transformou em Porto de Galinhas?

Reza a lenda que, com a intensificação dos movimentos abolicionistas, os portugueses começaram a usar uma espécie de senha para avisar que os escravos haviam chegado nos navios que atracavam no porto. Ao invés de anunciarem claramente que os escravos estavam disponíveis para venda, diziam que havia galinhas novas no Porto e, com isso, em tese, conseguiam despistar a fiscalização.

A sociedade evoluiu (um pouco) e a escravidão foi abolida (ao menos nesse sentido literal e escancarado). Ainda assim, mesmo cessando a comercialização de pessoas, o porto acabou ficando conhecido como Porto de Galinhas, caindo em desuso o nome de Porto Rico.

O fato é que as galinhas (aves e não gente) estão em toda a parte no Porto. Enfeites, estátuas, fachadas e adereços de todos os tipos… O povo comprou mesmo a ideia e não dá para negar que isso tem um apelo turístico bem forte, afinal de contas as galinhas são muito carismáticas.

Galinha em Porto Galinhas

Depois dessa pausa para o momento histórico de Porto, está na hora de contar como foram nossos dias por lá. Poucos dias, mas intensos e extremamente bem aproveitados.

Saímos de Maragogi no dia 15/11, passamos na Casa da Irmã Marlene para comprar biscoitos e, devidamente abastecidos das guloseimas, seguimos para Porto de Galinhas. O deslocamento foi muito tranquilo e as estradas estavam em condições razoáveis.

Chegamos na cidade por volta das 16h e fomos direto para o Tabaobi Smart Hotel, previamente reservado pelo site do Booking.

O Hotel é longe da Vila e, apesar de não ser à beira mar, fica bem perto da praia do Cupe. Ele está em uma área meio rural e está rodeado de outros hotéis e pousadas. Para chegar à praia basta seguir por uma calçadinha, que deve ter uns trezentos metros de extensão.

Nossa ideia inicial era conseguir uma hospedagem na vila de Porto de Galinhas, mas, infelizmente, não tivemos muito sucesso. Todas os hotéis e pousadas que nos agradaram estavam ocupados, então tivemos que estudar outras possibilidades.

Foi aí que entrou o Hotel Tabaobi. Apesar de ser longe da cidade, o hotel foi uma boa opção, ainda mais levando em conta a relação custo-benefício.

O hotel é relativamente novo, os quartos eram simples, mas limpos e confortáveis. O Tabaobi possui três piscinas grandes e aquecidas e os serviços do restaurante foram muito bons, então, a depender do planejamento da viagem e dos meios de locomoção disponíveis, pode compensar ficar hospedado nele ao invés de um hotel na cidade. Nós estávamos de carro, então, a princípio, ficar longe da cidade não seria um problema.

Assim que chegamos ao Hotel, ajeitamos as nossas coisas e fomos à praia apenas para olhar, pois já estava tarde. A praia estava bem vazia e não chamou muito minha atenção. Caminhamos por alguns minutos e retornamos para o Hotel.

À noite saímos para conhecer a cidade e a vila de Porto de Galinhas. Aí surgiu o primeiro perrengue dessa viagem. Era a primeira vez que saíamos com o carro à noite e para nossa surpresa, os faróis não estavam funcionando. Como já estávamos a caminho da cidade, continuamos o trajeto usando luz alta e torcendo pra não sermos parados pela polícia.

Chegamos na cidade em alguns minutos e depois de um martírio para conseguir estacionar o carro, já que a cidade estava lotada por conta do feriado, fomos bater perna.

Parte do nosso grupo de viajantes não pode ver uma lojinha que se acaba. A Vila de Porto de Galinhas é o céu das lojinhas. Uma em cima da outra. Então, dá para imaginar que a turma se esbaldou.

Ficamos andando por algum tempo e fomos até a praia, onde as pessoas estavam observando o mar, mesmo já tendo anoitecido. A vila estava efervescente. Era tanta gente que até caminhar era complicado.

Havíamos planejado jantar no restaurante Barcaxeira, mas a fila de espera estava muito grande e o pessoal estava com fome, então desistimos e fomos procurar uma opção mais rápida.

Acabamos jantando no bistrô Na Rua. O lugar é bonitinho, havia música ao vivo, como em quase todos os restaurantes da região, e a comida não demorou a ser servida. Não estava excepcional, mas também não estava ruim. No contexto de fome em que estávamos, foi uma boa opção, mas se der para aguentar, existem outras opções bem melhores.

Terminamos a refeição e voltamos para o carro, atravessando a vila novamente. Voltamos para o hotel com o carro sem faróis, torcendo para dar tudo certo. Ainda bem que deu!!

No outro dia acordamos cedinho, tomamos café no hotel e saímos com destino à Praia do Carneiros, eleita uma das praias mais bonitas do Brasil por algumas vezes consecutivas.

Eu, particularmente, estava super ansiosa para conhecer a praia, em um misto de entusiasmo e medo, pois algumas pessoas com quem conversei haviam adorado a praia e outras detestado. Em qual grupo em me enquadraria, afinal?

O deslocamento foi bem sossegado e o dia, que antes estava meio cinza, foi ficando lindo. Quando chegamos à praia o sol estava tinindo e aquele céu azul de todos os dias estava lá, firme e forte.

Não precisei de mais que dez minutos para me render à praia dos carneiros. Definitivamente eu faço parte o grupo que amou o lugar.

Uma das reclamações que ouvi antes de conhecer a praia, era de que nos últimos anos, em virtude de ter ficado famosa, os preços de alimentação, passeios e hospedagem haviam inflacionado absurdamente.

Não dá para discordar disso. Não sei como eram os preços antes, então não tenho como fazer uma comparação justa, mas as coisas por lá não são baratas. Por outro lado, em Porto de Galinhas não é muito diferente, então, nem me surpreendi.

O esquema na praia dos carneiros funciona assim: a praia, apesar de pública, fica em propriedades privadas, de modo que o acesso por terra, necessariamente, tem que ser por dentro de alguma dessas propriedades. Antigamente toda a área que dava acesso ao mar era uma fazenda, então, basicamente, havia uma entrada.

Atualmente, existem diversos hotéis, pousadas e restaurantes que possuem pequenos terrenos que terminam na praia. Por isso, antes de ir para lá, é bom escolher em qual  desses locais você vai passar o dia ou se hospedar, porque se você deixa o carro em um local, não compensa muito ir para outro, porque quase todos cobram um valor alto de estacionamento, que se reverte em consumação nos respectivos bares e restaurantes.

Depois de alguma pesquisa, nós escolhemos ficar no Beijupirá, mas existem diversas boas opções, como o badalado Bora Bora e o Arikindá (que fica dentro da bela Pousada Praia dos Carneiros).

Ao longo da estrada há diversas placas com os nomes dos locais, então é bem tranquilo chegar. Passamos por uma porteira, pagamos R$100,00 para entrar com o carro (valor que e abatido na conta do bar) e seguimos por alguns metros até o restaurante, que, apesar de não ser muito grande, possui uma excelente estrutura.

O Beijupirá fica em uma parte menos movimentada da praia, bem longe da Igrejinha, que é bem famosa no local e aparece em quase todas as fotos de Carneiros.

O restaurante conta com algumas mesas privativas, em que a consumação mínima era de R$500,00. No restante do lugar, não há restrições ou valor mínimo a ser consumido. Escolhemos duas mesas perto de algumas redes e também algumas espreguiçadeiras na praia.

Assim que chegamos decidimos caminhar até a Igrejinha, antes que o sol ficasse muito quente e a horda de turistas invadisse o local. Nosso plano deu certinho. Depois de uma hora de caminhada, mais ou menos, chegamos à Igrejinha (Capela de São Benedito), que estava praticamente deserta. Ficamos por lá alguns minutos tirando fotos e retornamos, também caminhando.

A caminhada é longa e um pouquinho cansativa, mas o lugar é tão lindo, mas tão lindo, que caminhar ali é um privilégio. Na maior parte da praia a água chega mansinha, sem ondas, totalmente transparente. Dá para entender porque a praia é considerada uma das mais bonitas do país.

Encerramos nossa caminhada e voltamos para o Beijupirá. Pedimos uma porção de isca de peixe, para ir acalmando a fome até a hora do almoço. Estava sensacional.

Algum tempo depois almoçamos e adoramos os pratos principais. Tudo estava muito saboroso e as porções eram bem servidos. Tanto que pedimos um prato pra cada dupla de nosso grupo, embora não tenham sobrado nem migalhas pra contar história.

Depois de descansar um pouquinho nas redes, pegamos a estrada para voltar a Porto de Galinhas.

Chegamos em Porto e fomos para a cidade, que estava bem mais tranquila do que no dia anterior. Como estávamos com aquele pequeno probleminha do farol do carro, achamos melhor contar com o transporte do Uber, que funcionou super bem.

Chegando à vila fomos descendo até chegar à praia. Andamos bastante e fizemos um lanchinho delicioso na Tapioca da Praia, uma portinha escondida entre aquela imensidão de lojinhas. Adoramos a tapioca, que era bem grande e é uma ótima opção para um lanche rápido durante a jornada pelas lojinhas.

Andamos mais um pouco, tiramos fotos com as galinhas (e com tudo mais que encontramos pela frente) e fomos ao Barcaxeira, mais cedo que no dia anterior, para tentar conseguir uma mesa. Não eram nem oito da noite e já havia fila de espera. Dessa vez fomos mais resistentes e decidimos esperar.

Ficamos mais de quarenta minutos aguardando, mas olha, vou dizer uma coisa, ainda bem que esperamos. A comida estava simplesmente sensacional. O nosso grupo pediu vários pratos diferentes e todos estavam ótimos, saborosos e bem apresentados.

Terminamos nosso jantar, caminhamos mais um pouco e retornamos para o Hotel.

No dia 17/11, último dia em Porto, acordamos cedo, tomamos café no Hotel e fomos para a cidade, já que ainda não tínhamos aproveitado a Praia de Porto. Chegamos na cidade por volta das 09h e tivemos muita dificuldade para encontrar um lugar para estacionar.

Era um sábado e a praia estava lotada. Deixamos o carro em um estacionamento um pouco distante da praia e fomos caminhando. Conforme nos aproximávamos da praia, éramos insistentemente abordados por vendedores de passeios, motoristas de bugs, quadriciclos e toda sorte de coisas.

Vencidos os vendedores, conseguimos chegar ao Munganga Bistrô, onde passaríamos a manhã. Inicialmente nossa intenção era ficar na praia mesmo, mas todas as cadeiras estavam ocupadas. Acabamos ficando no deque do restaurante.

Estava tudo muito cheio e o sol estava muito quente, então ninguém se animou a entrar no mar. Infelizmente a maré estava alta e as piscinas naturais eram apenas algumas manchas vistas de cima. Talvez por isso minha avaliação em relação à praia de Porto de Galinhas não seja muito justa, afinal de contas, não entrei na água e as piscinas estavam escondidas.

O fato é que não vi muitos atrativos na praia. Além disso, prefiro locais mais rústicos, mais tranquilos e sossegados, totalmente contrários ao que era Porto de Galinhas nos dias em que estivemos por lá.

Ficamos no Munganga por algumas horas, apreciando a culinária local. Pedimos uma porção de camarão empanado com coco que estava divina. Comemos tanto que nem almoçamos, mas nossos companheiros de viagem aprovaram o almoço.

Encerramos nossa visita ao restaurante com uma sobremesa bem típica na região, a Cartola. Estava maravilhosa. É uma sobremesa bem doce e bem grande, então é bom dividir com alguém.

Saindo do Munganga, demos uma última volta pela Vila, aproveitando para nos despedir das cores e da alegria do lugar, tão cheio de vida e com uma energia fantástica.

Sombrinhas em Porto de Galinhas

Voltamos para o Hotel, onde passamos o restinho da tarde, curtindo a piscina e descansando. No meio da tarde fizemos um lanchinho bem reforçado.

À noite, jantamos por lá mesmo. A comida estava boa e o ambiente do Hotel era bem agradável, então terminamos a noite muito bem, comendo, conversando e dando boas risadas.

Só não foi melhor porque a música ao vivo estava bem ruim, mas já estávamos no paraíso, perfeição em tudo era exigir demais.

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