Alaska – Explorando o Denali Park

Encerrado nosso passeio por Fairbanks, era chegada a hora de passar para uma das fases mais aguardadas da viagem: O Denali Park. Ansiosos pelo que estava por vir, acordamos cedinho, tomamos café no hotel e começamos nosso retorno até o Denali, parando em alguns mirantes no caminho, de onde já se podia ver a imensa montanha.

Monte Denali visto de um mirante próximo a Faibanks

O Denali National Park & Preserve é um parque gigantesco, que abriga a montanha mais alta da América do Norte. Há uma controvérsia quanto ao nome da Montanha, que foi oficialmente batizada como Monte Mckinley, mas todos lá se referem a ela como Denali mesmo.

O fato é que o Monte Denali é tão alto que pode ser visto de vários lugares do Alaska. Nós tivemos a sorte de vê-lo dos dois extremos da rodovia AK-3: de um mirante na saída de Fairbanks e de Anchorage, enquanto visitávamos o Potter Marsh Bird Sanctuary.

O parque conta com uma boa estrutura turística e é cortado por uma longa estrada, a Denali Park Road, que se estende por 92 milhas (quase 150 quilômetros!).

Mapa obtido no site do parque.

Para visitar os pontos que ficam nos primeiros quilômetros da estrada, que são asfaltados, você pode dirigir seu próprio veículo ou pegar um ônibus do parque até o Savage River, sem precisar pagar nada.

A partir da milha 15, o asfalto dá lugar a uma estrada cascalhada, mas bem conservada, o acesso é restrito a quem comprou os ingressos e o deslocamento só pode ser feito através dos ônibus do parque.

Estrada na parte restrita do parque

Esse foi o grande motivo de termos parado ali no caminho para Fairbanks, pois há um limite diário de ingressos à venda e não queríamos correr o risco de andar tanto e não conseguir entrar no parte restrita.

Há duas formas de passear pela parte restrita do parque. Uma é com um ônibus turístico. Há um guia, que vai te explicando tudo sobre o parque e apontando os animais que aparecem pelo caminho. Esse ônibus faz apenas pequenas pausas para que os passageiros possam ir ao banheiro e esticar um pouco as pernas. É a forma mais confortável, segura e tranquila de conhecer o local.

Existem também ônibus mais simples, sem guia, e que trafegam de uma ponta à outra do parque, deixando e pegando os passageiros em qualquer ponto da estrada (lembra muito os ônibus pinga-pinga das áreas rurais de onde moramos).

Nessa modalidade, você pode descer onde quiser e fazer seus próprios passeios e descobertas. Procurando trilhas e vendo animais selvagens. Nem preciso dizer que foi essa a opção que escolhemos.

Por falar em trilhas, dentro do parque existem algumas já definidas, geralmente partindo de alguns pontos de apoio que existem no decorrer da estrada. Nesses pontos de apoio, costumam haver banheiros, mapas da região e guardas florestais para informar os visitantes.

Além das trilhas demarcadas, o visitante pode simplesmente sair andando para onde quiser, exceto algumas áreas em recuperação, que são bem sinalizadas.

Na hora de comprar os ingressos, você escolhe até que ponto da estrada pretende ir, paga um preço proporcional à distância percorrida e pode descer e subir novamente no ônibus em qualquer lugar no caminho.
Falando assim parece ser meio confuso, mas funciona bem.

Savage River: final da área de acesso gratuito

Depois de ler bastante a respeito, decidimos aproveitar primeiro algumas trilhas na área gratuita e, no segundo dia, faríamos o passeio dentro da área restrita do parque.

No primeiro dia, viemos direto de Fairbanks e deixamos o carro no estacionamento da entrada do parque, pegamos o ônibus gratuito até o ponto onde o Savage River cruza a estrada (local onde acaba a área de acesso gratuito) e lá fizemos duas trilhas.

Savage River Map

Começamos encarando a tranquilíssima Savage River Loop, que margeia o rio e leva poucos minutos para ser feita, num terreno plano com caminho bem demarcado.

Depois, fizemos a extenuante Savage Alpine Trail. Apesar da dificuldade, já que a subida é bem grande, essa trilha foi muito recompensadora. Vimos ursos pela primeira vez em seu habitat (SIM, URSOS!!) e demos de cara com um alce com filhote.

Além dos grandões, durante a trilha tropeçamos em vários roedorezinhos simpáticos que corriam desesperadamente por todo o caminho. Os fofinhos bichinhos se chamavam Arctic Ground Squirrels (Esquilo do Ártico) e ficavam variando entre trombar com nossas pernas e dar gritinhos para nos expulsar do território deles.

Terminamos a trilha, cruzamos a estrada e ainda fizemos mais uma pequena caminhada na Mountain Vista Trail, onde há alguns painéis contando um pouco da história do parque e da população da região.

Depois de um lanche, esperamos alguns minutos até o ônibus passar e voltamos para o estacionamento onde havíamos deixado o carro de manhã. Acabamos abandonando uma outra trilha que queríamos fazer porque não tínhamos nem tempo nem pernas. Pegamos o carro e fomos para a cidade de Healy, onde ficaríamos hospedados no Denali Park Hotel.

Embora não seja exatamente próximo aos portões do parque, escolhemos este hotel por parecer confortável, com preço relativamente acessível (a hospedagem no Alaska durante o verão não costuma ser barata) e pelas avaliações positivas que vimos em blogs, no booking.com e no tripadvisor.

Além disso, a recepção do hotel funciona dentro de um antigo vagão de trem, ainda mantendo as cores características dos trens que cruzam o Alaska. O hotel também fica em uma área bem bonita, com vista para montanhas e próximo a um bosque.

Deixamos as coisas no quarto, tomamos um banho e saímos para jantar. A cidade é um povoado bem pequeno, com hotéis, poucos restaurantes e algumas casinhas espalhadas. Tudo gira em torno do turismo no parque.

Optamos por jantar na 49th State, uma cervejaria local bem-conceituada e indicada pela dona do hotel. O ponto é bem frequentado por turistas porque lá está o magic bus, o ônibus usado nas gravações do filme Into The Wild, de 2007, que no Brasil foi lançado com o nome de Na natureza Selvagem, e conta a estória de um rapaz de classe média que decide largar tudo e fazer uma aventura pelo Alaska.

O famoso Magic Bus

O filme é bem interessante e tem uma trilha sonora incrível. Isso sem contar a fotografia, que é sensacional e teve grande participação na nossa decisão de conhecer o Alaska (isso e aquele filme da Sandra Bullock – A Proposta).

Chegamos à cervejaria e fui direto tirar minha foto fazendo pose em frente ao famoso ônibus. Aguardamos alguns minutos até que uma mesa fosse liberada e fomos conhecer a parte de dentro. A decoração do lugar é totalmente maluca, mas a esta altura eu já estava bem acostumada com as peculiaridades do interior do Alaska.

A comida estava ótima e as cervejas também. Voltamos para o Hotel e ainda passeamos pelos arredores, procurando lebres e alces que costumam ser vistos pelos hóspedes nas proximidades.

No outro dia saímos novamente para o Denali Park. Pegamos o ônibus no Centro de Visitantes e fomos até Eielson Visitor Center, na milha 66 da Denali Park Road. O trajeto demora bastante porque o ônibus vai bem devagar, até para que se consiga ver os bichos e as paisagens.

O dia estava bonito, então o percurso rendeu boas imagens. Chegamos em Eielson por volta das 12h e fizemos uma trilha bem fácil, Old Gorge Creek Trail, que vai descendo até a margem do rio. Nos apressamos um pouco porque começou a chover quando estávamos terminando.

Entramos quase correndo no centro de visitantes do Eielson Center para esperar a chuva passar. Depois de alguns minutos, acabamos desistindo de fazer outras trilhas por ali porque a chuva estava bem forte e não dava sinais de que ia parar.

Pegamos então um ônibus na direção da entrada do parque, pensando em descer quando tivéssemos escapado do mau tempo. Demos um pouco de azar e só conseguimos descer sem nos molhar em Teklanika Rest Stop, já próximo da milha 15, onde começa a área restrita do parque.

Como queríamos muito conhecer mais do lugar, caminhamos por alguns quilômetros margeando a estrada, rumo ao interior do parque, vendo mais de perto a vegetação e as paisagens que havíamos visto de dentro do ônibus na ida, até que, depois de novamente não termos mais pernas, pegamos outro ônibus para retornar ao centro de visitantes.

Chegamos ao Centro de Visitantes à tardinha, pegamos o carro e, com pena de não ter mais tempo para explorar o parque, fomos direto para a mesma cervejaria onde havíamos jantado na noite anterior.

Desta vez sentamos em um local bem aconchegante, ao redor de uma fogueira bem no meio do salão. Tomamos cervejas e comemos calmamente, sabendo que, provavelmente, era nossa última visita àquele lugar.

Saímos de lá e fomos para o Hotel arrumar as coisas e descansar. Depois de dois dias de caminhadas, o corpo todo doía. Mas era uma dor tão cheia de satisfação, tão repleta de significados, que nem dá pra dizer que era ruim. Era mais uma sensação de dever cumprido, misturada com uma saudade precoce das paisagens fascinantes do Denali.

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