Canadá – Niagara Falls
Planejamento e chegada
Desde a nossa primeira passagem pelo Canadá, uma coisa ficou clara: haveria a segunda vez. Aliás, a segunda, a terceira e muitas outras. Motivos para se jogar no Canadá não faltam: o país é incrível, as pessoas são educadas e receptivas e as regiões são tão diferentes umas das outras que é possível viajar várias vezes para lá e, ainda assim, ter toda aquela emoção da primeira vez.
Como já contei aqui no blog, há alguns anos fizemos uma viagem ao Alaska (love of my life) e passamos alguns dias em Vancouver na ida. Foi uma experiência maravilhosa, mas muito diferente da que vamos contar na sequência de posts que publicaremos a partir de agora.
É que, desta vez, fomos em outra época do ano, bem no comecinho da primavera, com o gelo ainda derretendo em alguns pontos. Além disso, desta vez visitamos o leste do Canadá, chegando por Toronto e deixando o país por Montreal.
Quando começamos a planejar a viagem, várias possibilidades foram sendo avaliadas. Pensa daqui, pensa de lá, acabamos optando por focar em duas cidades maiores (Toronto e Montreal), mas gastando algum tempo em charmosas cidades nos arredores. Com isso, nosso roteiro ficou assim: Niagara Falls, Niagara On The Lake, Toronto, Ottawa e Montreal.
Desembarcamos em Toronto em uma gelada manhã de abril. Gastamos alguns poucos minutos passando pelos procedimentos de imigração e, em seguida, pegamos o carro que havíamos reservado.
O sol nem havia acabado de nascer e já estávamos na estrada. Deixamos Toronto para trás e saímos com destino a Niagara Falls. No caminho, paramos em um supermercado para garantir o suprimento de água e lanchinhos e aproveitamos para tomar um café no Tim Hortons, o café fast food onipresente no Canadá.
Abastecidos de café, seguimos viagem, parando no Outlet Collection para matar tempo, já que nossa diária no hotel em Niagara começaria depois do meio-dia. O outlet é muito bonito, grande e muito organizado. Não estávamos muito na vibe compras, então compramos apenas alguns utensílios de cozinha pequenos, desses que a gente PRECISA COMPRAR QUANDO ENCONTRA!
Niagara Falls
Saímos do outlet e, depois de uns 30 minutos, estávamos em frente ao Fairfield by Marriott Niagara Falls, hotel escolhido e reservado alguns meses antes. Mesmo sendo um pouco antes do meio-dia, não tivemos problema em fazer o check in. Levamos as coisas para o quarto, tomamos um merecido banho depois de uma longa viagem e fomos passear.
Nosso hotel era razoavelmente perto do centro da cidade, então, depois de dar uma conferida na vista da nossa janela, saímos a pé pela simpática avenida. Detalhe para a cadeira queridinha do meu coração, em tamanho extragrande.
Depois do momento turista, fomos em busca de comida. Não muito distante de onde estávamos, encontramos a Antica Pizzeria. Estava bem vazio, talvez porque já passava um pouco das duas da tarde, então fomos atendidos rapidamente. Pedimos pizzas com pepperoni e ambas estavam deliciosas. Depois do almoço, voltamos ao hotel e já saímos novamente com a intenção de dar uma voltinha pelo centro.
Eu havia lido relatos sobre a cidade, muitos deles exaltando características um tanto quanto estranhas, como os parques de diversão, os letreiros multicoloridos e uma coisa meio Orlando + Las Vegas. Confesso que só fui entender isso quando, enfim, me deparei com o centro de Niagara.
Não sei se vou conseguir descrever com precisão, mas a rua principal da cidade é uma confusão. Montanha russa, brinquedos e cassinos, tudo junto, com os inúmeros letreiros brilhando ao mesmo tempo. É tão exagerado que é impossível não entrar no clima.
Ali no centro fica ainda uma enorme roda gigante e, não muito longe dali, uma torre com um elevador e restaurante panorâmicos com vista para as quedas que dão nome à cidade. Nosso plano era conferir o visual da roda gigante à noite, para ver as cataratas iluminadas e subir a torre no dia seguinte. Então seguimos nossa caminhada.
As cataratas
Fomos descendo pela rua até chegar à principal atração da cidade: as cataratas. Elas são impressionantes, praticamente coladas na cidade. Não é o tipo de lugar que você consegue se preparar psicologicamente antes de chegar. O fato é que você está andando e, de repente, lá está aquele buraco enorme, que dá a impressão de que está prestes a engolir as construções ao redor.
As cataratas estão bem na divisa entre o Canadá e os Estados Unidos. Nunca tive a chance de observá-las a partir dos Estados Unidos, mas posso afirmar que vê-las do lado canadense é impressionante.
As cataratas, na verdade, são compostas por três quedas d’água: American Falls, Bridal Veil Falls e Horseshoe Falls. A Horseshoe Falls é a maior e mais imponente das quedas. Leva esse nome porque tem um inconfundível formato de ferradura. Segundo as informação do centro de visitantes, a erosão vem causando o recuo da queda no decorrer dos anos.
A própósito, o próprio nome do centro de visitantes, Table Rock Centre, faz referência a uma enorme pedra que formava um plataforma sobre a Horseshoe Falls e que foi engolida pela água há muitos anos.
As American Falls e Bridal Veil Falls ficam lado a lado na margem americana do rio. Sendo a Bridal Veil Falls a menor delas. Quando fomos, ainda havia muito gelo, mais do que pensávamos que encontraríamos. Achei ainda mais dramático visualmente, já que toda aquela água azul esverdeada estilhaçando o gelo era realmente incrível.
No entorno das cataratas, há um parque bem simpático, com vários mirantes. Então, dá para aproveitar bastante o local, cuja entrada é gratuita. Apenas os passeios mais específicos, como tirolesa, passeio de barco e uma caminhada por túneis por trás da queda d’água é que são pagos.
Desde o planejamento da viagem, um dos passeios que escolhemos como imperdível era o Journey Behind the Falls, que permite caminhar pelos tuneis abaixo e no entorno das quedas.
Alguns dos deques de observação e passeios nas cataratas não estavam funcionando por conta da grande quantidade de gelo que ainda restava do inverno, o que nos preocupou um pouco. Aliás, quando chegamos na bilheteria do passeio, nos deparamos com um aviso que aumentou nossa preocupação.
Mas não havia motivo para pânico. A atendente da bilheteria nos explicou que apenas uma das plataformas de observação estava fechada (a mais baixa), mas poderíamos fazer o passeio sem problemas.
Como já estava um pouco tarde e estávamos com bastante frio, preferimos planejar melhor nosso passeio para o dia seguinte, principalmente por não estarmos devidamente agasalhados. Assim, ficamos andando por lá um pouco curtindo o visual antes de voltar ao hotel.
À noite, choveu bastante, o que impediu nosso passeio na roda gigante. Como estávamos cansados, e as coisas estavam bem molhadas lá fora, acabamos nem saindo.
Journey Behind the Falls
No outro dia, acordamos por volta das nove da manhã, tomamos café no hotel e voltamos, desta vez de carro, até o Table Rock Centre, o centro de visitantes das cataratas. Fomos direto à bilheteria do Journey Behind the Falls, onde a atendete nos vendeu os ingressos e nos indicou a entrada para o início do passeio.
Não havia fila alguma e assim que entramos fomos levados a um elevador para descer até os túneis. Chegando no andar dos túneis fomos deixados livres para explorar as cataratas “por dentro”. Os túneis passam por trás da Horseshoe Falls e levam até duas aberturas por onde se pode ver de perto a incrível quantidade de água que cai e ouvir o barulho assustador da queda.
Não havia mais ninguem fazendo o passeio, então tivemos os túneis só para nós, o que foi bom e assustador ao mesmo tempo. Alguns cartazes contavam a história do local e fatos inusitados que já aconteceram por ali.
Por falar em coisas inusitadas, dá pra acreditar que algumas pessoas já desceram as cataratas em um barril? Obviamente isso não é permitido, porém, acredito que deva ser uma experiência única, talvez a última da pessoa.
O fim do trajeto pelos túneis é uma plataforma com uma visão espetacular. Ali entendemos qual (e porque) plataforma estava fechada para os visitantes.
Depois de alguns minutos curtindo a vista e nos molhando um pouquinho com a névoa que vinha da queda d’água, voltamos ao elevador para encerrar nosso passeio.
Terminado o passeio pelos túneis, voltamos para a parte alta da cidade usando uma espécie de elevador (tipo um bondinho). Lá do alto, as cataratas são ainda mais impactantes, pois é possível ver o quanto todo o resto fica pequeno perto delas. Além disso, a visão das quedas como um todo é muito bonita.
Acabamos ficando satisfeitos com a vista dali e nem subimos na torre panorâmica, que parecia um pouco abandonada, por sinal. Uma coisa que notamos em Niagara Falls é que, fora da avenida principal do centro, havia um certo ar de decadência. Vários estabelecimentos comerciais fechados e atrações turísticas vazias. Não sei se em decorrência da pandemia ou por termos visitado a cidade na baixa temporada.
Descemos de volta ao estacionamento do Table Rock Centre para pegar nosso carro. Saímos da cidade ainda pela manhã e seguimos viagem para a cidade de Niagara On The Lake, que fica bem pertinho. Lá, um Canadá rural e calmo nos aguardava.