Chile – Santiago, Pucon, Valparaiso e Viña del Mar

Primeira viagem internacional da pessoa. Nem preciso dizer que nem dormi direito antes de partir. Tudo planejado nos mínimos detalhes, com planilhas no Excel e tudo. Orgulho de toda essa organização rsrs.

Antes do relato, uma observação: Moro em Rondônia, então sair daqui já é uma aventura. A cidade onde moro tem apenas um aeroporto e as vezes os preços de passagem ficam um pouquinho inflacionados. Nada que impeça as viagens.

Decidimos ir para o Chile no final de 2014. Compramos nossas passagens pela LAN, saindo de Cuiabá. Fomos de carro até o aeroporto e de lá saímos na madrugada do dia 31/01/2015. Fizemos uma conexão bem breve em Guarulhos e, depois de nos maravilharmos com a travessia da Cordilheira dos Andes, por volta das 13 horas estávamos em Santiago.

Chegamos em Santiago e, logo depois de preencher os formulários para entrada no país, fomos para as esteiras. Após pegar as bagagens, preenchemos o formulário da vigilância sanitária e alfandegária, passando, em seguida, pela fiscalização, que apenas recolheu o formulário, sem checar as bagagens. Passamos pelo procedimento de imigração (primeiro carimbo no passaporte) e fomos procurar alguma coisa para comer.

Como estávamos com muita fome, dado adiantar da hora, e também porque havíamos combinado de aguardar um amigo no aeroporto, almoçamos por lá mesmo, no restaurante La Fournil. A comida estava boa e o preço razoável, considerando que em aeroportos tudo é mais caro mesmo.

De barriguinha cheia, pegamos um taxi e fomos até o Hotel IBIS Providência, que já estava reservado. Apresentamos o passaporte e tivemos desconto do IVA (imposto local).

Deixamos as bagagens e saímos para passear. Fomos até o Pátio Bela Vista e de lá fomos até o Museu de Belas Artes. Fomos até uma pequena feirinha de antiguidades e artesanato e depois paramos em uma agradável sorveteria chamada Emporio La Rosa. Em seguida voltamos para o Patio Bela Vista, passando calmamente pelo Parque Florestal.

Do Pátio retornamos para o Hotel e à noite fomos à Pizzaria Voraz, que fica bem próxima ao local. Jantamos muito bem e retornamos para o Hotel.

Fim de tarde da janela do hotel.

No outro dia, fomos a pé até a Praça de Armas. De lá andamos mais um pouco e chegamos ao Museu Pre Colombino. Aproveitamos a caminhada para passear pelo Parque Florestal. Saindo do Museu fomos até o Palácio La Moneda e aproveitamos para conhecer a galeria de arte que há embaixo do Palácio.

Depois de algum tempo pegamos o Metro e fomos até as proximidades do Patio Bela Vista, onde chegamos após uma breve caminhada. Almoçamos em um simpático Bar chamado Casa en el Aire e seguimos a pé para La Chascona, onde realizamos um passeio bastante emblemático, principalmente para quem admira a arte de Neruda.

De lá fomos até o Zoológico. Confesso que não gostei do passeio. Nada contra esse Zoológico em si, mas acho que não estou preparada psicologicamente para ver os bichinhos presos.

Andamos um pouco por lá e, de funicular (uma mistura de bonde, elevador e carro com cabos de aço), subimos até o Cerro São Cristóvão. Lugar lindo, com um clima muito legal e uma vista espetacular.

Foi lá em cima que provamos o Mote com Huesillos, muito popular na região. Apesar do aspecto diferente, a bebida é bem gostosa. Um pouco doce demais, mas vale a pena provar.

Saindo do Cerro fomos de carona até o Jardim Botânico, onde ficamos por alguns minutos. De lá fomos ao Hotel e só saímos à noite para Jantar no Apple Bee, no Shopping Costanera.

No outro dia acordamos cedo e fomos andar pela cidade. Passamos no guichê da TURBUS e compramos as passagens para Pucón, já que à noite iriamos para lá. Fomos até o Shopping Costanera e almoçamos por lá. Passeamos por algumas lojas e voltamos à tarde para o Hotel para aprontar as mochilas. Deixamos as malas na casa de um amigo em Santiago e por volta das 21 horas embarcamos de ônibus para Pucon. O ônibus era bastante confortável e a viagem transcorreu bem, apesar de ter sido um pouco cansativa por causa da distância de mais de 800 km.

Depois da noite dormida (ou mal dormida) no ônibus, o sol, timidamente, começou a aparecer por entre as frestas das janelas. Abri os olhos e me dei conta de que estava amanhecendo e nosso destino estava próximo. Ansiosa como criança que descobre o mundo pela primeira vez, olhava fixamente para a janela quando, de repente, avistei, ao longe, os telhados de algumas casinhas espalhadas ao longo do leito do rio.

Conforme íamos fazendo as curvas do caminho, mais a paisagem me surpreendia. Todos aqueles verdes, o sol nascendo e iluminando aquelas casinhas tão lindas, parecia que naquele momento o mundo havia se congelado em um cartão postal. Eis que a encantadora Pucón surgiu. Linda, pacata, aconchegante e… gelada, no sentido literal.

Descemos do ônibus e fomos procurar o Hostel Louge Brasil, onde havíamos feito reserva. Não foi difícil encontrar, já que a cidade é bem pequenina. Chegamos lá, tomamos café, deixamos as mochilas e fomos passear.

Fachada do Hostel

Depois de alguns minutos de passeio eis que o símbolo máster de Pucón surge imponente por trás das nuvens. O Vulcao Villarica não só existia mesmo, como também era tudo aquilo que as fotos mostravam.

Fiquei boquiaberta olhando sua magnitude em meio as montanhas ao redor de Pucón. Depois de vê-lo pela primeira vez, ele passou a ser o centro das atenções, conforme o tempo se abria. Praticamente de todo lugar era possível avistá-lo.

Andamos bastante, compramos agasalhos, comemos em um dos muitos restaurantes localizados na Rua Principal, fomos até um pequeno Porto e voltamos para o Hostel. Tomamos banho e fomos passear.

No outro dia fomos pesquisar sobre os passeios a realizar na cidade, principalmente a tal subida ao Vulcão Villarica, que Fellipe (meu querido e amado marido) queria muitooo fazer.

Depois de estudar as opções oferecidas, escolhemos o passeio proposto pela Agua Ventura e deixamos tudo certo para fazer a subida no outro dia pela manhã. O dia estava agradável e fomos até a praia negra, com sua areia formada por pedrinhas vulcânicas. Ficamos por lá um tempo, depois passamos em uma hamburgueria para almoçar. Saímos de lá e fomos até o supermercado, onde compramos água e lanche para o dia seguinte.

Confesso que mal consegui dormir pensando na aventura do dia seguinte. Como assim subir um vulcão? Eu nunca tinha visto um de perto e de repente ia passar o dia fazendo sua ascensão. Pensava na dificuldade física de subir e no medo de descer, já que geralmente se descia escorregando na neve. Eu, pessimista por natureza, já achava que ia cair em uma fenda e ser esquecida lá até morrer congelada.

Pois chegou o grande dia. Saímos do Hostel por volta das cinco e meia da manhã. Ainda estava escuro e, apesar de frio, não havia muito vento. Chegamos na Agua Ventura e fomos nos vestir para a tal subida. Roupa OK. Botas OK. Mochila gigante pesada OK. Capacete OK. Medo e frio na barriga OK.

Depois de uma hora e das instruções recebidas, fomos de Van até a base do Vulcão.

Estávamos em umas vinte pessoas, com quatro guias bastante gentis. Iniciamos a subida até o Teleférico que nos levaria por uma parte do caminho. Já cansei só com essa caminhada de cinco minutos. Achei que ia ficar meio apavorada com o Teleférico, mas foi tudo bem.

Nos preparando pra encarar o teleférico

Depois que todos chegaram no local da partida, começamos a subir. O início é mais tranquilo, mas depois de alguns minutos o cansaço já começa a dar seus sinais. Como a subida é feita em zigue e zague por causa do terreno íngreme, parece que a distância aumenta umas 100 vezes. Para tornar ainda mais complicada a subida, eis que apareceu a neve, mais escorregadia do que fofinha.

A subida durou cerca de cinco horas. Fizemos umas seis paradas durante o trajeto, sendo que em uma delas tivemos nosso intervalo para almoço. Tirando os momentos em que achei que ia desmaiar e descer o vulcão rolando, a subida foi maravilhosa. De fato, não há como descrever a emoção de passar por uma experiência como aquela.

A maior parte das pessoas que se dispôs a subir, executou a tarefa sem percalços. Alguns, no entanto, pelas mais diversas razoes, desistiram pelo caminho. Confesso que pensei em desistir algumas vezes, mas com a ajuda do Fellipe e dos companheiros de subida, inclusive de um dos guias que me emprestou o bastão de caminhada e chegou a levar minha mochila, consegui.

Últimos metros antes de chegar ao topo

Chegamos ao Topo do vulcão e todo o esforço, num piscar de olhos, ficou pequeno diante da grandeza daquele momento. Deitei no gelo e fiquei lá admirando a paisagem e os outros vulcões que podiam ser vistos lá de cima. Como dizia Cecilia Meireles: do último andar é mais bonito…

Depois de alguns minutos lá em cima, começamos os procedimentos da descida. O Vulcão ainda é muito ativo e o enxofre é tóxico, então a permanência lá em cima não pode se estender muito.

A descida foi na melhor modalidade esquibunda. Descemos escorregando no gelo e freando com a ajuda de um Piollet (tipo uma picareta). Muitos tombos depois, estávamos na parte mais plana do terreno. Andamos mais umas duas horas e chegamos ao final da descida. Exaustos, com dor em partes do corpo que nem sabíamos que existiam e felizes. Voltamos de Van até o centro de Pucon e de lá voltamos a pé para o Hostel.

Finalzinho da descida. E com os bastões do guia.

No outro dia pela manhã fizemos um passeio pelas cachoeiras da região e por algumas piscinas termais.

À noite pegamos o ônibus e voltamos para Santiago, onde, pela manhã, alugamos um carro e fomos passear pelas cidades da redondeza.

Primeiro fomos para Casablanca, onde visitamos uma vinícola bem agradável chamada Casas Del Bosque. Fizemos a degustação dos vinhos e, como eu experimentei os meus vinhos e também os que eram dos meus companheiros de viagem, saí de lá toda felizinha.

    À tarde chegamos em Valpaíso. Uma cidade bagunçada, cheia de grafites e murais. Casas coloridas, emaranhado de fios… Tudo misturado. Talvez por essa diversidade contagiante é que eu tenha me encantado pelo lugar. Passamos apenas uma tarde e a noite na cidade, mas já foi o suficiente para querer voltar. Jantamos em um restaurante bem escondido, de onde se tinha uma linda vista do Porto…  

No outro dia partimos em direção à Vina Del Mar. Cidade limpa, super organizada, com cara de cartão postal. Uma graça de lugar, mas, na minha opinião, sem a autenticidade de Valpaíso.

Ficamos um tempo lá e voltamos para Santiago, onde fechamos a viagem com a visita à Vinícola Concha Y Toro, dos vinhos Casillero del Diablo, super conhecidos no Brasil.

A viagem terminou e antes de chegar em casa eu já queria voltar para o Chile. As pessoas são maravilhosas, gentis, educadas e prestativas. As cidades são limpas e a comida é muito boa, principalmente o salmão. Saudade que não cabe em mim…

Muchas Gracias Chile.

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