Costa Rica: La Fortuna

Depois das aventuras em Bajos del Toro no dia anterior, agora nosso destino era a cidade de La Fortuna e o Parque Vulcão Arenal.

Antes, contudo, fomos aproveitar o raiar do dia no hotel La Finca. O fim de tarde no hotel foi ótimo, mas nada se compara ao amanhecer por lá. O dia mal havia clareado e todos os pássaros faziam festa na nossa varanda. É claro que, em um momento assim, não dá pra ficar dormindo. Levantamos cedinho, tomamos um delicioso café e fomos passear pela fazenda.

Há muitas áreas verdes, inclusive um bosque bem denso, com uma trilha bastante agradável. Foi nela, aliás, que Fellipe encontrou um sapinho muito simpático, da espécie Oophaga pumilio, conhecido como Morango Jeans (ou Blue Jeans). Não se enganem pela carinha inofensiva. Tudo que ele tem de pequeno e bonitinho, tem de perigoso. Diz a lenda, inclusive, que o veneno do bichinho já foi usado nas pontas das flechas pelos indígenas.

Imagino que, neste momento, o caro leitor deve estar se perguntando porque nossos posts têm tantas menções aos bichos, árvores e flores. Não sei se já escrevi sobre isso antes, mas temos uma relação muito próxima com a natureza. Isso reflete muito nas nossas escolhas de hospedagem, no estilo de viagem que temos feito e, obviamente, naquilo que buscamos ao fazer nossos passeios.

A observação de animais e dos ecossistemas torna qualquer viagem mais rica. Aliás, torna qualquer momento mais especial. Não é preciso viajar para outro país para se deixar deslumbrar pela natureza. É só olhar o mundo com outros olhos. Tanto é assim que meu passatempo de observação de aves não se restringe aos momentos em que estou viajando. O quintal da minha casa me presenteia com pássaros lindos todos os dias.

É justamente por isso que, ao longo dos posts sobre a Costa Rica, não serão poucas as imagens dos bichinhos que tivemos a sorte de avistar. O sapinho foi apenas o início da jornada.

Voltando ao nosso passeio no hotel, o final da trilha dá acesso a um jardim, que, por sua vez, leva aos estábulos, onde pôneis e um burrinho nos esperavam muito amigáveis. Ficamos por lá um pouco e voltamos até o nosso quarto. Ajeitamos as coisas e partimos em direção ao nosso novo destino costaricense.

No caminho, demos uma paradinha na cidade de Quesada, pois precisávamos abastecer nosso estoque de snacks e água. Comprinhas feitas, seguimos para La Fortuna.

Nossa primeira parada foi o café Arábigos. Não estávamos com fome, então só experimentamos o café e fomos até a praça principal da cidade (Parque de La Fortuna), de onde, em dias claros, é possível ter uma bela vista da igreja, com o vulcão ao fundo.

Lógico que não conseguimos ver vulcão algum. O dia até estava claro, mas o local em que deveria ser visto um vulcão estava tomado por nuvens. Confesso que isso me desanimou levemente, mas nosso objetivo por ali não era apenas ver o vulcão, mas também observar a flora e fauna local. Então, com ou sem vulcão, lá fomos nós rumo ao parque.

O trajeto, apesar de curto, demorou muito. A região de La Fortuna possui uma infinidade de parques com águas termais. Não bastasse isso, há diversos “balneários” gratuitos com água quentinha. Como era sexta-feira santa estava tudo cheio, uma verdadeira loucura.

Quando, enfim, conseguimos atravessar a parte dos spas e parques termais, o trajeto fluiu com tranquilidade. Chegamos ao Parque Vulcão Arenal perto do meio dia, deixamos o carro no estacionamento e fomos começar os trabalhos. 

O parque conta com três trilhas (Helicônias, Ceibo e Colada), todas bem fáceis de fazer. A Ceibo é a que permite avistar o vulcão em dias mais limpos. Além disso, uma pequena estrada liga a portaria do parque ao mirador do vulcão, permitindo o acesso de carro.

O parque possui dois estacionamentos. Um logo na entrada, que tem banheiros e fica ao lado da bilheteria, e outro um pouco mais à frente, sem qualquer estrutura de apoio. Então, se pretende ir ao banheiro antes dos passeios, dê uma paradinha no primeiro estacionamento.

Deixamos o carro no primeiro estacionamento e, dali, começamos nosso passeio pela trilha Helicônias. Ela é bem sem graça e com uma baita propaganda enganosa: não vi uma helicônia sequer :D. Ainda bem que é uma trilha curtinha, de uns 600 m. Na verdade, essa trilha liga os dois estacionamentos do parque, servindo mais como um acesso para pedestres do que um passeio em si.

O segundo estacionamento é maior e é de lá que saem as outras trilhas do parque. Como havíamos deixado o carro próximo à portaria, optamos por fazer primeiro todas as trilhas à pé e, no final, ir de carro até o mirante. Pois isso dava chance de o tempo abrir.

Começamos então a trilha Ceibo. O caminho é muito agradável, com muitas árvores e animais. Vimos quatis e diversos pássaros, mas nada de bicho preguiça. Mais ou menos no meio da trilha está uma gigantesca árvore de Ceibo, daí o nome. 

Depois do momento “foto com árvore”, seguimos até o início da trilha Colada, onde é possível ver o caminho que a lava fez em uma das erupções do vulcão. De lá, também dá para avistar o vulcão e, pasmem, bem na hora em que chegamos, as nuvens começaram a dar uma trégua.

Ficamos por lá um pouquinho, fizemos um lanchinho e começamos nosso percurso de volta, pois ainda tínhamos que voltar ao início das trilhas, pegar o carro e ir até o mirante. Tudo isso antes de o parque fechar.

Aceleramos o passo e chegamos ao carro por volta das 15:50h. Não havia quase ninguém no local e, neste momento, começamos a desconfiar que o horário de fechamento do parque era às 16 e não às 17, como eu estava imaginando. 

Na correria, seguimos para o mirador e, para nossa sorte, a luz estava perfeita. Não havia nuvens cobrindo o vulcão e foi possível vê-lo em toda exuberância. Como se não bastasse, ainda cruzamos com simpáticos pássaros pelo local, que não se deixaram fotografar.

Missão do dia alcançada com sucesso, pegamos o caminho de volta à cidade de La Fortuna. Fizemos uma pausa no pitoresco Red Frog, uma mistura de cafeteria, restaurante e loja de souvenir. Pedimos uma empanada de camarão e cafés. O café estava bom, mas nada espetacular. A empanada estava uma delícia.

Saindo de lá, fomos para o hotel. Descansamos um pouco e jantamos por lá mesmo. Nem preciso dizer que a comida estava deliciosa, preciso?

No outro dia, tomamos café no hotel, terminamos de ajeitar as coisas e colocamos o pé na estrada, dizendo até breve a La Fortuna. O caminho era longo e o dia estava cheio.

Nosso destino final era a província de Guanacaste, onde estão as praias mais famosas e badaladas do país. Mas antes de chegar lá, tínhamos uma pausa e tanto no caminho: a cascata Rio Celeste, dentro do parque Vulcão Tenório.

Quando estávamos planejando a viagem, chegamos a pensar em deixar esta cascata de fora, porque nossos dias estavam bem comprometidos. No fim, acabamos deixando ela como um pit stop no caminho para Guanacaste. O que não imaginávamos é que todas as pessoas da América Central (quiçá de todas as américas) resolveriam visitar a cascata no mesmo dia.

Quando chegamos na entrada do parque, a fila para comprar o ticket estava assustadora. Eles não vendem ingressos pela internet e o número de visitantes é controlado. Para ajudar, o sol estava escaldante.

Até pensamos em desistir, mas no nosso caso, ou a gente encarava a fila naquele momento ou adeus cascata. Decidimos, então, enfrentar a fila. Foi mais de uma hora em pé, no sol, mas valeu cada minuto.

Entramos no parque e fizemos uma agradável caminhada, na sombra, até o início da descida para a cascata. Lá, mais uma fila. Ficamos uns 15 minutinhos e descemos. Degraus, muitos degraus. Mas a cascata é uma coisa impressionante. É um azul tão impactante que não dá para comparar. Nós já havíamos visitado as Blue Falls e, na viagem para a Nova Zelândia, vimos muitas águas azuis lindas, mas confesso que nenhuma delas me deixou tão boquiaberta quanto a Cascata Rio Celeste.

Ficamos lá embaixo por alguns minutos e começamos a subir. Embora estivéssemos um pouco atrasados, ainda fizemos o restante do passeio no parque, visitando Borbollones, onde podemos ver bolhas de gás brotando do fundo do rio, além da Laguna Azul e Teñideros, onde podemos ver bem o contraste entre a água com minerais vulcânicos e da água comum do rio.

Não ficamos muito tempo nos locais, mas Fellipe ainda conseguiu bater um papo com uma simpática, minúscula e, em tese, agressiva, cobrinha verde.

Mais que depressa, pois não queríamos viajar à noite, voltamos ao estacionamento e continuamos nosso trajeto com destino a Guanacaste. Estávamos com fome, com sede e as pernas bambas de tanto subir e descer degraus. Mesmo assim, o sorriso estava estampado no rosto. Aliás, a Costa Rica, pra mim, vai ser sempre lembrada com um sorriso.

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1 Resultado

  1. Onias disse:

    Fantástico lugar.

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