Montreal: uma viagem pela cultura francesa

Havia um misto de expectativa e curiosidade em relação a Montreal. Só pelas leituras de outros textos sobre a cidade já dava para imaginar que eles não só tinham características francesas muito marcantes, mas que se orgulhavam bastante disso. Há quem diga que Montreal parece ser mais francesa que muitas cidades da França.

Brincadeiras e exageros à parte, a chegada à cidade deixou muito claro que estávamos praticamente em outro país. Aquele Canadá mais semelhante aos Estados Unidos havia, definitivamente, ficado para trás. 

Todas as placas, letreiros, informações oficiais e não oficiais estavam escritas em Francês. Em alguns casos até havia a tradução para o inglês, mas em certos contextos, nem isso. Muitas placas de trânsito que, em Paris, estavam escritas apenas em inglês, em Montreal estavam em francês. O turista que lute!

Lógico que alguns dias na cidade não são suficientes para entender essa postura e, por isso, de um modo mais superficial, parece um tanto exagerada. No entanto, lendo sobre o assunto e observando com calma, a impressão que tive é que a colonização inglesa nunca foi muito bem vista e manter as tradições francesas foi uma forma de deixar isso claro. E se você é uma parte culturalmente francesa fora da França, é certo que manter isso vivo demanda mais esforço. É quase uma necessidade de autoafirmação.

Não dá para visitar o Canadá, especialmente Quebec, sem ter uma noção de como foi a colonização do país. Lá pelo século XVI, a área que hoje é o Canadá foi ocupada por britânicos e franceses. Os primeiros se estabeleceram mais na região central do território e os franceses na região em que hoje estão Quebec, Nova Escócia e Terra Nova e Labrador.

O fato é que, como ocorreu na maior parte das regiões da américa, houve uma série de conflitos envolvendo a área, que culminaram no controle britânico do território por volta de 1970, tendo em vista o acordo celebrado através do Tratado de Paris. Mesmo com o acordo, a região de Quebec não aceitou muito bem a “invasão” inglesa, tanto que sempre foi muito forte o movimento pela independência de Quebec.

Superado o momento história, vamos ao momento geografia. Esse blog também é educativo meus senhores.

A cidade de Montreal tem grande parte do território formada por uma ilha, circundada pelos rios São Lourenço e Ottawa. Na parte central da Ilha está o Monte Royal, que dá nome à cidade. Com rios, monte e o charme da colonização francesa, não há dúvidas de que é um lugar belíssimo.

Saímos de Ottawa no fim da manhã e, de trem, partimos em direção à bela Montreal. Chegamos por volta das quatro da tarde e, como não estava chovendo no momento do desembarque, achamos que seria uma boa ideia ir a pé para o hotel.

Obviamente a ideia foi péssima. Primeiro porque tentamos usar os caminhos subterrâneos em Montreal e falhamos miseravelmente. Havíamos chegado há cinco minutos e eu já estava comparando a cidade com Toronto. Diante do fato de não termos nos entendido com as ruas subterrâneas, resolvemos ir pela superfície mesmo. O caminho não era complicado e o hotel ficava perto, mas eis que começou a chover. Conseguimos nos abrigar temporariamente debaixo de uma marquise, mas a chuva estava com jeito de que não ia embora, então (atenção para minha outra ideia brilhante) colocamos capas de chuva e seguimos para o hotel.

O vento implacável tornou nossas capas um nada no universo. Chegamos ao hotel totalmente destruídos. As malas molharam um pouco e nós estávamos, literalmente, pingando. Foi uma entrada triunfal, por assim dizer.

Para ajudar, o hotel escolhido, o Bonaparte, tem uma recepção minúscula, que estava totalmente tomada pelos hóspedes que não conseguiam sair, também por conta da chuva. Até fazer o check in foi complicado, pois estava um barulho absurdo no local.

Com algum esforço, vencemos essa etapa e subimos ao nosso quarto. Posso dizer que o quarto era bem confortável e com decoração muito bonita. O banheiro era maravilhoso, com um chuveiro perfeito. Ainda assim, não me hospedaria novamente no hotel. Apesar de bem localizado e com quartos confortáveis, não gostei da experiência.

Bom, o fato é que chegamos ao quarto, ajeitamos as bagagens, colocamos as coisas para secar e ficamos por lá esperando a chuva dar uma trégua. Depois de uma hora mais ou menos, o tempo ficou um pouco mais firme, então saímos para passear.

É incrível que quando o céu não está desabando sobre nossas cabeças, tudo parece mais bonito. Assim que saímos do hotel já tive meu primeiro deslumbramento com a cidade. De fato, era como se eu estivesse na Europa. As ruas, as construções, tudo era tão diferente do que eu havia visto no restante do Canadá que eu me via em outra viagem.

Fomos caminhando aleatoriamente pelo centro e depois descemos por algumas quadras até o Centro Comercial Place des Arts, um lugar muito charmoso, que conta com praça de alimentação e lojas. No retorno, passamos em frente à Notre Dame de Montreal, que, toda iluminada, estava linda.

Seguimos por mais algumas quadras e fomos até o simpático Pub Saint Pierre para comer e beber alguma coisa. O lugar estava bem cheio, mas conseguimos uma mesa. Pedimos cervejas e pratos quentes, que estavam deliciosos. Aliás, superaram minha expectativa. 

O lugar estava muito aconchegante e agradável, então ficamos algum tempo por lá. Quando o cansaço começou a dar as caras, tomamos coragem e saímos com destino ao hotel. O frio estava bem forte e ficava ainda mais perceptível por conta do gélido vento que cortava a noite.

Ainda bem que o hotel estava pertinho, então ainda deu pra curtir a paisagem noturna sem congelar. Assim encerramos nossa primeira noite em Montreal, ansiosos pelos dias que tínhamos pela frente.

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8 Resultados

  1. Elizene disse:

    Lindo perfeito adorei você tem sempre muito bom gosto

  2. Débora Raiani disse:

    Uauuu…. tudo muito lindo

  3. Maria disse:

    Amando viajar com vcs

  4. Émily disse:

    Que legaaal!!! Adorei ler essa aventura…

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