Costa Rica: Tarcoles
O próximo destino da nossa jornada pela Costa Rica era a região do Rio Tarcoles. As expectativas eram altas, já que a partir dali começávamos oficialmente a nossa busca pelos animais fantásticos da Costa Rica. Claro que muitos já haviam aparecido nos passeios anteriores, mas ainda estávamos à procura de bichos preguiça, araras e pássaros diversos.
Binóculos ajustados, no melhor estilo “observador de pássaros”, fizemos o check out no Antema Lodge e fomos para a cidade de Tamarindo para tomar um café antes de partir. Escolhemos o Santa Rita Café. O lugar é bonito e bem avaliado. Apesar disso, se comparado a outros cafés da viagem, deixou um pouco a desejar. Aproveitamos para dar mais uma voltinha pela cidade e seguimos com destino à cidade de Puntarenas.
Puntarenas ocupa uma estreita faixa de terra que se estende sobre o mar no Golfo de Nicoya e parece ter se desenvolvido em torno de um importante porto. Caminhões e containers são vistos por toda parte, indicando a importância do transporte marítimo para o local. De lá também saem diversos barcos de transporte de passageiros, alguns deles levando para a Ilha San Lucas e para a região conhecida como Playa Blanca, do outro lado do golfo, para onde vai grande parte dos turistas.
Durante o planejamento da viagem ficamos bastante curiosos para conhecer a cidade, principalmente pelo seu formato, bem estreita e com poucas avenidas, e pelas paisagens que vimos nas fotos tiradas lá. Como ficava no meio do caminho para Tarcoles, optamos por fazer um pit stop. Por isso, não tivemos tempo de explorar melhor a região.
Chegamos em Puntarenas perto da hora do almoço. Escolhemos um restaurante perto da praia para almoçar: o Almendro. Fellipe pediu um casado e eu pedi um peixe com molho de camarões e leite de coco. No geral, a comida estava boa, mas o destaque vai para o molho com leite de coco, que estava muito saboroso, bem adocicado e cremoso.
Saímos do restaurante e fomos dar uma voltinha pelos arredores. O sol estava muito quente, então logo fui buscar abrigo em uma feirinha. Como há alguns navios de cruzeiro que param por ali, nitidamente os produtos foram pensados para isso. Primeiro porque muitas coisas eram totalmente destinadas a “turistas”. Segundo porque praticamente tudo custava $10. Ainda assim, a feirinha é bonita e vale uma espiada.
Da feira, andamos um pouco pelo calçadão e, em seguida, voltamos ao carro, já que nosso destino final era a cidade Tarcoles e ainda tínhamos alguns quilômetros pela frente.
Nossa primeira parada em Tarcoles foi uma ponte. Isso mesmo, uma ponte normal na estrada. O que não é normal, ao menos para mim, é que há diversos crocodilos no rio. Eles ficam bem embaixo da ponte, onde há alguns bancos de areia. São enormes e assustadores, mas olhando de cima (e de longe), parecem estar bem tranquilos.
O local é conhecido como Crocodile Bridge (ou Puente de los Cocodrilos) e tem vários restaurantes e lojinhas em volta para atender os turistas que param ali para ver os gigantescos (e fascinantes) animais.
Depois da observação aos crocodilos, fomos até a pousada que havíamos reservado: O Rancho Capulin. Trata-se de um hotel longe da cidade, em uma parte bem alta, de onde é possível avistar o rio e, mais ao fundo, a ponte dos crocodilos. O quarto era simples, mas era bastante confortável e contava com uma varanda maravilhosa, perfeita para observação de aves e para apreciar o pôr do sol.
Ficamos por lá até anoitecer e, então, saímos para jantar. Nossa escolha, por indicação do hotel, foi a Marisqueria Las Tekas. O lugar é uma gracinha, com aquela rusticidade comum da Costa Rica. As mesas eram de madeira, assim como boa parte da construção e decoração. Amei a escultura de arara e o estilo descontraído do restaurante. Para completar, a comida estava uma delícia.
No outro dia, acordamos cedinho e já fomos para a varanda ver o dia nascer. A floresta que rodeia o hotel estava exuberante, ganhando cor a cada raio de sol. Eu sou enlouquecida com pôr do sol, mas o raiar do dia tem conquistado meu coração. Acho maravilhoso ver a noite se despedindo e o sol brilhando sobre as gotas de orvalho.
Depois de apreciar o espetáculo, fomos tomar café da manhã. Desta vez o hotel tinha café, servido em uma varanda da casa principal. A comida estava deliciosa, com frutas, pães, bolo e ovos. Melhor que isso, só a vista. Além das árvores e do céu azul, ainda fomos surpreendidos por um lindo tucano, que parecia não se importar com as fotos.
Após o café, ajeitamos tudo, encerramos a hospedagem e seguimos para o Parque Nacional Carara. Ele é um dos melhores do país para a observação de vida animal, em especial pássaros no estado natural. Talvez por isso, seja o principal ponto de interesse na Região do Rio Tarcoles. Aliás, é na região do parque que podem ser vistas com mais frequência as Lapas Rojas, uma espécie de arara vermelha, conhecida no Brasil como Arara Canga.
Chegamos ao parque em poucos minutos, compramos os ingresso lá mesmo e entramos. As trilhas são fáceis de fazer, inclusive há uma toda calçada (Sendero de Acceso Universal), para que pessoas com mobilidade reduzida possam aproveitar.
Além dela, o parque conta com outras quatro trilhas: Las Aráceas, Quebrada Bonita, Encuentro de Ecossistemas e Laguna Meândrica, sendo que esta última tem início em outro local, longe da entrada do parque.
Logo no início do passeio já deu pra perceber que o dia seria muito agradável. Estava bem quente, mas a floresta no parque é bem densa, então a caminhada era quase toda na sombra. De cara, já vimos alguns macacos bugios fazendo algazarra. Além disso, para todas as direções havia plantas lindas colorindo aquele universo verde.
Começamos nosso passeio pela trilha de acesso universal, mas depois fomos fazendo as outras: Quebrada Bonita e Aráceas. Por todos os lugares, pássaros de todos os jeitos. Apesar da diversidade de animais, as araras estavam tímidas e não deram o ar da graça. Embora nós tenhamos ouvido as conversas acalouradas típicas dos pistacídeos, nada delas aparecerem.
Embora as araras não tenham aparecido, não se pode dizer o mesmo das iguanas. Elas não apenas cruzavam as trilhas em desabalada carreira, como posavam para as fotos. No início do passeio, confesso que me assustei um pouco com elas, mas depois de algumas horas, já estava até íntima das criaturinhas.
Além das iguanas, vários outros bichos nos fizeram companhia. Em trilhas para avistamentos de animais, é muito importante ficar atento aos sons, ao céu e ao chão. Nunca se sabe de onde surgirá o próximo animalzinho. Tanto é assim que sapinhos coloridos, e venenosos, foram se mostrando no decorrer da nossa caminhada. Alguns, mais atrevidos, cruzavam na nossa frente. Além disso, muitos lagartos, inclusive um basilisco, nos fizeram companhia durante o passeio.
Percorridas as trilhas desta parte do parque, seguimos para a entrada da trilha Laguna Meândrica, cujo acesso se dá pela rodovia, a uns dois quilômetros de onde estávamos.
Lá não havia ninguém para conferir os ingressos, só um “flanelinha” e uma placa bem escondida fazendo menção à laguna. Deixamos o carro estacionado às margens da estrada e entramos. A trilha é bem plana, no meio da vegetação. Não é um trajeto circular, então ida e volta alcançam uns seis, sete quilômetros.
Em tese, no final dela, há uma lagoa, mas no dia em que fomos a lagoa estava um tanto quanto seca. De toda forma, com ou sem lagoa, a trilha é linda. Vimos muitos macacos capuchinhos, pássaros e outros animais. Isso sem contar a vegetação, que é muito bonita.
Encerramos a trilha no meio da tarde e deixamos Tarcoles, seguindo para a cidade de Jacó, conhecida por ser um destino bem procurado por surfistas. A cidade é bem grandinha e simpática, mas nossa passagem por lá foi rápida. Fizemos apenas uma pausa para um café e escolhemos o El Cafecito by Mono Verde. O local é bem bonito e as comidinhas estavam boas, em especial o queridinho Carrot Cake.
De barriga cheia, seguimos para Manuel Antônio, onde estava nossa próxima hospedagem e um dos destinos mais aguardados da trip. Assim, nos despedimos da região de Tarcoles e Jacó e continuamos a viagem, agradecidos pelo tempo que havíamos desfrutado junto à natureza e ansiosos pelo que estava por vir.