Montreal e nossa despedida do Canadá

Abri as cortinas do quarto e eis que o céu estava azul. Montreal nem parecia a mesma cidade do dia anterior, acinzentada e chuvosa. Tomamos o café no quarto do hotel e seguimos, de metrô, para o parque Jean Drapeou, que conta com grande área arborizada, espaço para prática de esportes e um museu/centro de estudos muito interessante chamado Biosphère.

O parque é muito bonito, mas o que mais me chamou atenção foi a vista que ele proporcionava da cidade. Dá pra ficar um bom tempo sentado nas cadeiras, só admirando a paisagem. Não bastasse o rio e os prédios, ainda temos a roda gigante para compor o cenário. Quem resiste a uma coisa assim?

Depois de um tempinho curtindo o sol da manhã, saímos para caminhar pelo parque. Cruzamos com uma simpática, mas um pouco tímida, marmota. A criatura estava lá, de boa, tranquilaça aproveitando a vidinha de bicho dela. Comia umas coisinhas, se escondia dos turistas, coisas que devem fazer parte da rotina de uma marmota.

Depois de observar o bichinho, seguimos nosso caminho até a Biosphère. Optamos por não entrar nas exposições, mas o visual do lugar é bem impactante. Nos arredores estavam expostas diversas fotografias de temas aleatórios, todas muito bonitas e emblemáticas. 

Saindo do parque, fomos, de metrô, até a estação Rosemont e, de lá, caminhamos pela região de Mile End. As ruas estavam muito movimentadas e o bairro fervilhando. Uma riqueza cultural magnífica, muitas mesquitas, igrejas e construções interessantes.

Caminhamos um pouco pelo local até chegar ao nosso objetivo: A boulangerie St-Viateur Bagel Shop. O lugar é bem simples, pequeno, mas com filas enormes. O bagel é um tipo de pão muito comum nos Estados Unidos e no Canadá. De origem judaica, é uma massa mais durinha, muito saborosa, que pode ser comido puro ou com recheios diversos. Eu não era muito fã, mas mudei totalmente minha opinião depois de provar os do St-Viateur Bagel. Estavam deliciosos.

Depois de comer, continuamos nossa caminhada pelo bairro, sempre encontrando coisas peculiares espalhadas, como, por exemplo, uma sacada decorada com gaiolas. Quer algo mais aleatório que isso?

Na volta para o hotel, ainda demos uma passadinha pela região de Chinatown, passamos em um supermercado e fomos até a Notre Dame para algumas fotos diurnas.

Encerramos nosso dia na Região de Old Montreal, caminhando pelo porto. Em razão da época do ano em que fomos, a paisagem estava meio estranha. O gelo estava derretendo, então os jardins não estavam no melhor momento. Ainda assim, valeu a visita, principalmente porque o entorno do porto é uma graça (e é lá que fica a roda gigante).

Voltamos para o hotel, descansamos um pouco e, à noite, fomos comer fish and chips em um honesto bar/restaurante nas proximidades do hotel.

No outro dia, enfim, começamos a entender o esquema das galerias cobertas que ligam os prédios e espaços em Montreal. Não são tão organizadinhas como em Toronto, mas ajudam bastante e, no inverno, devem ser essenciais. 

Começamos nosso roteiro pelo Mercado Jean Talon. Eu poderia fingir costume e dizer que é um mercado agradável e ok. Mas eu não sou dessas, quando gosto, é com muita intensidade. O mercado é muito bom. Não é grande, mas é autêntico. Há uma seção incrível com legumes que parecem de plástico, de tão perfeitos. Sem exagero, eu queria ficar lá abraçada com os tomates.

Além disso, há uma outra parte com diversas opções de comida, desde doces até sanduíches e empanadas. Nós compramos empanadas e alguns doces árabes. Como não havia muito espaço para ficar lá dentro, fomos comer na rua mesmo. Aliás, muitas pessoas estavam sentadas nas calçadas e bancos, degustando as iguarias compradas no mercado e nos inúmeros restaurantes que ficam nos arredores.

Terminamos de comer, passamos em algumas lojinhas de especiarias e depois seguimos para o Plateou Mont Royal, uma região encantadora, com construções bem coloridas e diferentes. Ficamos tão encantados com o lugar que tiramos inúmeras fotos das graciosas casas vitorianas que alegram o entorno da Praça Saint Louis.

Saindo de lá, seguimos para o Mont Royal. Optamos por subir pela interminável escada, mas há opções menos cansativas, como ir de ônibus até o outro lado do monte ou mesmo de carro.

Depois de alguns (milhares) de degraus, enfim, chegamos ao topo do monte. Há uma praça, com um mirante, de onde se tem uma linda vista da cidade.

Saímos do parque e seguimos, de ônibus, até as imediações do Saint Joseph’s Oratory. Assim que descemos do ônibus fomos em uma mercado, onde compramos água e um sanduíche. Fomos comendo enquanto caminhávamos e, em alguns minutos, chegamos ao oratório. O local estava em obras, mas nem isso tirou a exuberância do prédio. Ele é imenso e, com a luz do fim de tarde, ficou absolutamente lindo.

Ficamos algum tempo por lá, observando o oratório à distância, e voltamos ao hotel. Descansamos um pouco e, à noite, saímos para jantar na Taverne Gaspar. Tomamos algumas cervejas e pedimos dois pratos, que estavam espetaculares.

Depois de adoráveis momentos em Montreal, o dia da despedida chegou. Logo de manhã, fomos caminhando até a região de Chinatown, que concentra as lojas, restaurantes e comércios orientais da cidade.

Em Montreal, ocupa algumas quadras da Vila Marie e é demarcada por um caractéristo portal. Aliás, por estar muito próxima da área central da cidade, a passagem por lá se repetiu por quase todos os dias da viagem.

Lá em Chinatown, pegamos um ônibus que nos deixou perto do famoso Chez Schuartz’s, uma charcutaria que, além de vender os produtos para preparar em casa, ainda serve um sanduíche muito bom, com carne defumada e uma mostarda excelente.

Devidamente alimentados, fomos até a região da Rua Sta Catherine, onde estão lojas de grife e coisas do gênero. Andamos por um tempo e, já cansados, fomos voltando para o hotel. No caminho, paramos em uma boulangerie chamada Angel, onde provamos algumas delícias.

Chegamos ao hotel, terminamos de arrumar nossas bagagens e, de ônibus, fomos para o aeroporto. Montreal possui uma linha de ônibus que liga o centro da cidade diretamente ao aeroporto, com vários pontos espalhados pelas avenidas principais.

O ponto mais próximo do nosso hotel ficava bem no finzinho de Chinatown, a uma curta caminhada. Saímos do hotel e fomos arrastando nossas malas enquanto nos despedíamos da passagens subterrâneas de Montreal. Saímos bem ao lado do ponto, onde pegamos o ônibus alguns minutos depois.

Ficamos em Montreal por poucos dias, mas as experiências foram tão significativas que pareceu uma vida.

Nosso último dia em Montreal marcou nosso último dia no Canadá. O dia amanheceu naquele padrão preto e branco, típico das trocas de estação. Estava frio, mas não chovia. Enquanto andávamos pelas ruas perto de Chinatown, do céu caiam pequenos floquinhos de neve, que de tão leves e suaves, mais pareciam pequenas plumas pairando no ar. 

Iam descendo e se juntando em nossas roupas, até que derretiam delicadamente. Estava frio, mas quem se importa? Não poderíamos pedir um último dia de viagem mais memorável que este. Quando embarcamos no avião, já perto das sete da noite, o sol brilhava forte, como se o dia cinza fosse uma lembrança antiga.

Nossa viagem teve dessas coisas: duas línguas, incontáveis culturas e todas as estações no mesmo dia. Do sol à neve, cada minuto no Canadá sempre vale a pena.

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3 Resultados

  1. Débora Raiani disse:

    Lindooo!

  2. Sam disse:

    Delícia de viagem! Bem que você falou do mercado, lindo demais, amiga! Aliás, que cidade linda em… uma curiosidade: esse primeiro prato na Taverne Jaspar seria o aligot? Diz que você provou e achou uma maravilha…

  3. Rithyelle disse:

    A leitura do post aumentou o desejo de conhecer o Canadá!!!

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