África do Sul: Cape Town
Lembram que chovia quando chegamos em Cape Town? Então, essa chuva foi providencial para eles. A região mais próxima à Cidade do Cabo está enfrentando sérios problemas hídricos. À medida que íamos nos aproximando da cidade, era perceptível que a situação era bem grave.
Tanto que na própria Spier havia bastante informação para tentar conscientizar os hóspedes a economizar água. Em virtude disso, a chuva, que geralmente me entristece durante as viagens, me deixou muito feliz. Afinal de contas, aquela água realmente era preciosa. É obvio que uma chuva isolada não vai resolver os problemas que o país está enfrentando, mas quem sabe postergue por mais algum tempo o dia zero, em que não haverá agua por lá.
Mesmo aceitando a chuva, é certo que ela deu uma boa bagunçada no nosso roteiro. Tínhamos três dias disponíveis para passear por Cape Town e havíamos planejado conhecer a Ilha onde fica a Prisão em que Mandela ficou preso, passear pelo Waterfront e fazer duas trilhas montanhas acima. Infelizmente a coisa toda não saiu tão bem como no roteiro.
No dia 29/03 chegamos na Cidade bem de tarde. Fomos direito a Oxford Guest House e, depois de fazer check in, deixamos as coisas no quarto, tomamos banho e saímos para jantar. Fomos até uma hamburgueria chamada Jerry’s, bem diferente e interessante. No outro dia acordamos cedo e, vendo que o sol não estava disposto a aparecer, decidimos gastar nossa manhã no Jardim Botânico. O lugar é muito bonito e tem uma variedade imensa de plantas, algumas muito peculiares. Confesso que esse passeio me surpreendeu positivamente. Foi excelente.
Por volta das 12h fomos até uma loja da Europcar para devolver o carro que havíamos alugado. Apesar da atendente ser incrivelmente antipática e ter questionado todos os arranhões e amassados preexistentes no veículo, conseguimos contornar o problema. Passado o stress, fomos até o V & A Warterfront comer alguma coisa. O local é um complexo com shopping center, restaurantes, galerias, aquário e praças construídos na antiga área portuária, de onde saem os passeios de barco para as ilhas próximas à cidade.
Escolhemos o Food Market para almoçar, em que existem diversas lojas, restaurantes e lanchonetes. O lugar é lindo e bem descontraído. Comemos uma pizza meio maluca, mas até que estava gostoso.
Saímos de lá e continuamos andando pelo Waterfront por mais algum tempo, flanando pelas galerias e cantinhos do lugar. Um passeio que vale muito à pena, principalmente para preencher dias nublados, como era o caso. Conforme a noite ia se aproximando, o que antes era apenas um céu cinza, se derramou em mais chuva. A garoa foi engrossando e choveu durante toda a noite.
No outro dia de manhã a cidade estava tomada por uma névoa branca. Era dia de visitar a Robben Island. Acordamos cedo e fomos a pé para o Porto, que, obviamente, fica no Waterfront. Tomamos um rápido café em uma lanchonete nas proximidades e logo embarcamos para a ilha. Havíamos comprado os ingressos para o passeio com alguma antecedência, então não tivemos surpresas desagradáveis.
A travessia de barco foi tranquila e, apesar do tempo fechado, foi possível avistar golfinhos e até uma baleia (ou algo parecido). Infelizmente não conseguimos ter a vista de Cape Town, que dizem ser linda a partir do mar, pois tudo estava coberto por uma espessa neblina.
Chegando na ilha os visitantes são divididos em grupos e encaminhados para alguns ônibus, que fazem o passeio guiado. No final, o ônibus para na área da prisão propriamente dita e as instalações são visitadas.
Particularmente, achei o passeio meio sem graça. Talvez porque o Museu do Apartheid tenha me parecido mais autêntico e porque uma prisão, pura e simples, não passe de uma construção vazia, sem muita informação. Na ilha também haviam pinguins!
Terminamos o passeio e voltamos para Cape Town. Havíamos planejado ir à Lion’s Head à tarde, mas em virtude do mau tempo, acabamos desistindo. Definitivamente, a situação não estava propícia para trilhas em montanhas e a única forma de chegar ao topo da Lion’s era subindo através de uma trilha. Enquanto pensávamos no que fazer, almoçamos em um restaurante no Waterfront, chamado Ocean Basket, bem razoável, e depois ficamos andando pelas lojas por alguns minutos.
O tempo abriu à tarde e resolvemos, então, ir até a Table Montain, onde havia a opção de subir e descer de teleférico. Essa, geralmente, não é minha opção para subir montanhas. O bom mesmo é sofrer fazendo as trilhas e subindo os malditos degraus. Mas, infelizmente, não seria possível. Já estava tarde e a única forma de conhecer a Montanha mais famosa da região seria através do teleférico, como turistas Nutella. Assim fizemos.
Chamamos um Uber, que nos deixou na bilheteria, enfrentamos uma fila, compramos os tickets e lá fomos nós. Mesmo sem a adrenalina e emoção de um passeio mais aventureiro, valeu à pena ir até o topo da montanha. O lugar e a vista são incríveis. Tivemos a sorte de presenciar um por do sol maravilhoso e a lua surgindo radiante do outro lado.
Voltamos para a cidade à noite, de Uber novamente, e fomos jantar em uma lanchonete bem simpática pertinho da guest house, chamada Bootlegger. Gostamos tanto do lugar que no outro dia cedo fomos tomar café da manhã lá. Mais uma vez estava tudo ótimo. Nosso último dia na Cidade do Cabo foi destinado a passear pelos arredores do Hotel, ir ao aquário e curtir um pouco mais da cidade.
Na hora que estávamos saindo do Waterfront e voltando para a Guest House, ficamos algum tempo observando as pessoas passeando pelas ruelas do antigo porto.
Era véspera da Páscoa e havia toda uma programação para famílias no local, com pessoas fantasiadas, apresentações artísticas e várias atividades pra crianças, que corriam felizes por todo o local. Esse momento era um cartão postal vivo. As luzes do entardecer, o burburinho de um sábado animado e uma banda tocando lindamente. Parecia um sonho, mas era a África.
Voltamos caminhando para a Guest House, arrumamos nossas coisas e fomos dormir. No outro dia, bem cedo, fomos até o Aeroporto. Nossa despedida foi um lindo nascer do sol visto da área de embarque, que coloriu as montanhas de vermelho…