África do Sul – Kruger Park
Safari na África do Sul. Existem certas situações na vida que são tão distantes, mas tão distantes, que nem chegam a fazer parte dos planos. Se há uns dez anos alguém me perguntasse a respeito disso, eu certamente não saberia o que dizer, porque não havia a menor possibilidade de um passeio assim se tornar real. Mas as coisas mudam em uma velocidade absurda e o mundo, que antes era tão grande e inacessível, de repente, fica pequeno para o tamanho dos sonhos.
Depois da ótima hospedagem na Unembeza e uma maravilhoso passeio pela Rota Panorâmica, saímos em direção ao Kruger Park para uma outra etapa de nossa aventura na África.
Ao contrário do que muita gente pensa, um safari no Kruger é bem simples de planejar, pois o parque possui um estrutura incrível para atender os turistas.
O Kruger Park é administrado por uma empresa estatal, a Sanparks, que cuida de toda a estrutura turística de quase todos os parques naturais da África do Sul.
Há vários alojamentos, chamados camps, onde você pode escolher a opção de hospedagem que mais combina com seu estilo. Há desde tendas até chalés individuais, com banheiro e cozinha privativos.
Caso você seja mais aventureiro, ou queria economizar, ainda há a opção de levar seus próprios equipamentos, ou motor home, e apenas utilizar uma das vagas de camping dos alojamentos.
Pros mais dispostos a investir ($$$) há ainda opções mais luxuosas de hospedagem em reservas privadas anexas ao parque, a maior parte com sistema all inclusive.
Nós reservamos hospedagem em chalés em 3 dos camps: Mopani, Satara e Skukuza, para tentar conhecer três regiões com vegetação e fauna diferentes no parque, mantendo um certo nível de conforto.
Chegamos ao Kruger por volta das 11h do dia 20/03/2018, extremamente apreensivos, ansiosos e sem saber o que nos aguardava. Havíamos lido bastante a respeito do parque, das regras de segurança, dos animais, dos alojamentos, enfim, teoria havia de sobra.
Entramos pelo Portão Phalaborwa, onde apresentamos nossas reservas para as três noites que passaríamos no interior do Parque, e os nossos documentos. Pegamos um documento do Parque que deveria ficar conosco até o final do passeio e entramos.
O Parque é imenso, com uma vastidão de estradas que o cortam de ponta a ponta. Algumas pavimentadas e outras de chão batido. A velocidade é rigidamente controlada, já que se trata de uma reserva e, obviamente, os animais andam por todos os lados o tempo todo.
Aliás, não dá para entender bem porque alguém andaria rápido lá dentro, já que a ideia é justamente ver os animais. De toda forma, o ser humano é meio esquisito, então os guardas ficam espreitando com seus radares.
Havíamos adquirido um guia do Parque no Hotel Unembeza, que foi muito útil, já que tinha o mapa do local, dicas diversas e guia para identificação de animais, inclusive aves. Logo nossos passeios se tornaram uma verdadeira caçada para vermos e identificarmos a maior quantidade possível de animais. Estava me sentindo a própria observadora de pássaros do Pica-Pau.
Depois de uma meia hora dirigindo pelas estradas quase desertas, vimos nossos primeiros bichinhos: Impalas. Foi incrível, pois mesmo morando na Amazônia, nunca havia visto animais assim tão de perto. Tentei tirar algumas fotos, mas a coisa não fluiu tão bem quanto eu esperava.
Andamos mais um pouco e eis que, de repente, do meio da vegetação, surge uma zebra. Incrivelmente linda. Paramos o carro e ficamos observando-a por alguns minutos. Depois seguimos nossa viagem.
Nosso destino final era Mopani, onde tínhamos que chegar antes das quatro da tarde, já que havíamos agendado um passeio para as 16h30min.
Só para deixar clara a dinâmica do safari no Kruger: é possível fazer os percursos de carro, por conta própria, utilizando as estradas pavimentadas e de chão, ou contratar os passeios nos Camps. Existem diversas opções, desde passeios de madrugada, até noturnos. O parque abre cedo e fecha à noitinha.
Os Camps também têm um horário bem rígido de abertura e fechamento dos portões. Geralmente abrem as 06h30 e fecham às 18h, variando de acordo com a estação do ano. Assim, durante a noite, apenas os veículos dos Camps podem trafegar fora das bases.
Continuando, depois de avistarmos nossa querida zebra, seguimos por mais alguns quilômetros e vimos um elefante. Assim, do nada. Estávamos lá dirigindo e pensando na vida quando, na parte rasa de um riacho, estava aquele ser imenso, super de boa, tranquilão. Estávamos a uma distância segura, então, depois do susto inicial, tiramos muitas fotos.
Chegamos no Camp por volta das 15h. A estrutura é imensa, mas é tudo muito velho. Nem sei como conseguem manter um lugar daquele tamanho. Estava praticamente vazio e bem malcuidado. Fizemos o check in e fomos até o nosso alojamento.
Era um tipo de chalé bem rústico, que estava com a varandinha ocupada por esquilos e um animalzinho simpático que, depois, descobrimos ser um tal de mongoose anão.
Havíamos comprado pão e algumas outras coisas no supermercado antes de entrar no parque, então fizemos nosso lanche por ali mesmo e depois fomos até a recepção para nosso passeio com guia.
Havia um caminhão para fazer o passeio, igualzinho nos filmes, mas, para nossa surpresa, apenas nós iriamos fazer o sunset drive.
No início achei isso bem chato, mas logo vi que tivemos muita sorte. Nosso guia era bem simpático. Meio maluco, mas simpático. Vimos búfalos, muitos elefantes, hienas, zebras, hipopótamos, antílopes e, no fim do passeio, já durante a noite, um leopardo. Foi excelente.
Ao contrário do que havia imaginado, o fato de estarmos só nós dois no caminhão tornou o passeio muito mais divertido, pois tínhamos o guia só para nós, respondendo todas as perguntas do Fellipe (que eram muitas…).
Além disso, na parte noturna do passeio, tínhamos uma lanterna para cada um, com as quais focávamos os animais que estavam à margem da estrada.
Chegamos ao Camp por volta das 19h30mim e fomos jantar no restaurante do camp. A comida estava bem mais ou menos, mas sobrevivemos.
No outro dia saímos bem cedo, pois no início da manhã e fim da tarde são os momentos em que os animais estão mais ativos. Além disso, tínhamos que chegar ao Camp Satara antes dos portões fecharem.
Nosso passeio teve um início bem monótono, mas logo começou a ficar interessante. Vimos muitos antílopes e, quando eu já estava meio entediada, vimos, de pertinho, uma girafa. Praticamente do lado do carro.
Depois dela, apareceram elefantes, zebras e pássaros desconhecidos.
Paramos para comer no Camp Letaba, que estava bem mais movimentado que o Mopani.
Um detalhe a respeito do qual não tínhamos plena noção antes de chegarmos ao parque era a estrutura de isolamento dos camps, que tinham cercas eletrificadas e reforçadas para evitar o acesso dos animais às áreas de hospedagem, lembrando muito as que eram usadas no filme Jurassic Park.
Por isso, víamos dentro dos camps pequenos animais, que furtivamente invadiam o local, ou alguns que foram “adotados” pela equipe dos camps, como era o caso dos simpáticos antílopes de Letaba.
Saímos de lá e continuamos o passeio até Satara, onde chegamos por volta das 15h, após vermos vários outros bichinhos.
A região ao redor de Satara é bem conhecida em razão de, em tese, abrigar os Big 5, grupo de amimais mais procurados no Safari (leão, leopardo, rinoceronte, búfalo e elefante). Por isso, e também porque havíamos chegado cedo, resolvemos fazer mais um game drive à tarde.
Saímos por volta das 16h30, em um veículo um pouco menor que o do passeio anterior, mas que estava lotado. Vimos os animais de sempre (zebras, antílopes, búfalos, girafas), mas, já no final do passeio, vimos uma leoa linda, deitada na estrada.
Logo depois vimos um leopardo, também bem pertinho do carro. Foi impressionante. Uma pena que esses dois animais foram avistados à noite, então as fotos não ficaram muito boas. De toda forma, valeu muito à pena.
O Camp Satara, ao contrário do anterior, estava bem movimentado, muitas pessoas jovens, outras mais velhas e também muitas crianças. Foi uma excelente experiência ficar lá e ver a animação das pessoas contando sobre os avistamentos (há um mural com um mapa de avistamentos nos camps, para que as pessoas marquem onde os bichos foram vistos) e fazendo os planos para os passeios seguintes.
Por falar em dia seguinte, na manhã do dia 22/03/2018 acordamos cedo e fomos passear pelos arredores do Satara. Tivemos a sorte de ver alguns Pumbas (warthogs) com filhotes, elefantes e, no meio da vegetação, à distância, duas leoas. Voltamos para o Camp, tomamos café da manhã e seguimos para o Camp Skukuza.
No caminho até Skukuza, passamos por uma árvore famosa no parque. Um enorme Baobá, reinando solitário sobre as outras árvores, baixas e retorcidas, características daquela zona de savana. Trata-se do baobá mais ao sul do parque.
Durante os passeios por conta própria (self drives) nós podemos andar com nosso próprio carro pelas estradas do parque, mas não podemos descer ou abrir as portas, exceto nos camps e pontos de descanso demarcados e sinalizados.
Nesse dia, passamos também por um desses pontos de descanso, chamado Orpen Dam Lookout Point, de onde tínhamos banheiros e uma bela vista de um rio, do qual infelizmente esquecemos de tirar fotos…
Chegamos a Skukuza no fim da tarde. Estava um dia nublado, mas ainda assim o trajeto foi bem bacana e nem um pouco monótono, principalmente porque encontramos, em dado momento, dois filhotes de hiena brincando.
Jantamos no restaurante do Camp e ficamos descansando enquanto caía uma leve garoa. Infelizmente Skukuza, apesar de ser o maior Camp do Parque, não era tão acolhedor quanto Satara. Os alojamentos não eram muito bem cuidados e eram bem velhos, mas nem isso tirou a graça do passeio.
O dia 23 amanheceu chuvoso. Saímos por volta das 06h30 para aproveitar ao máximo nossa última manhã de safari. Resolvemos desviar da estrada principal asfaltada para ir até alguns bebedouros próximos.
Durante nossa pesquisa sobre o parque, descobrimos que a única intervenção do homem no habitat, além das óbvias cercas, foi a construção de bebedouros e pequenas represas para os animais sobreviverem à época da seca, sendo os melhores locais para avistamento de animais.
Nessa manhã conseguimos ver um grande grupo de elefantes próximo à estrada e, em uma represa chamada Vervoerdam, alguns waterbucks (antílopes com uma marca branca bem característica na pelagem), além de dois hipopótamos e um crocodilo mergulhados na água.
No fim do passeio, já próximo ao portão Phabeni, vimos ainda nossos últimos animais, um pequeno grupo de hienas atravessando a estrada.
Saímos do parque por volta das 10h, com nosso guia cheio de marquinhas nas figuras dos animais que vimos durante os 4 dias de Kruger, e fomos até Graskop novamente.
Almoçamos no lugar de sempre (à essa altura já podíamos chamar assim o Harrie’s Pancakes) e depois continuamos nosso trajeto com destino a Joanesburgo. No caminho paramos em um Posto de Combustível para esticar as pernas e tomar um café. Por incrível que pareça, atrás do Posto havia uma espécie de reserva privada, com rinocerontes e outros animais. A África sendo África.
Chegamos em Joanesburgo lá pelas 18h, fizemos check in no Hotel Signature Lux novamente e fomos jantar na Mandela Square, desta vez no recomendadíssimo Butchershop. Estava perfeito.
Assim terminou mais essa aventura. Posso dizer que esse negócio de safari me contagiou mesmo. Minha vida era pensar nos animais e em como eu faria para vê-los. Passeava o dia inteiro pelo Parque e à noite ficava traçando as rotas para o dia seguinte. Mesmo depois de voltar para Joanesburgo minha cabeça ainda estava no Kruger. Demorei a me desligar de todas as experiencias incríveis.
No outro dia a nossa viagem pela África do Sul tomaria outros rumos. Então, era hora de descansar e começar tudo de novo.
Muito legal!! Fotos lindas. Quero trocar umas idéias com vc.. . hehe