Costa Rica: Manuel Antonio
Nossa ida até a região de Quepos tinha um objetivo muito claro: o Parque Nacional Manuel Antonio.
Localizado na cidadezinha chamada Manuel Antônio, que nasceu por causa do parque, ele é uma das principais atrações da Costa Rica. Bem por isso, os ingressos costumam ser concorridos e são vendidos com horário marcado para entrada no parque, pois há uma rígida limitação quanto ao número de visitantes.
Como eu fazia questão de conhecer o parque, os ingressos para ele foram os primeiros que compramos, antes mesmo de sair do Brasil.
A esta altura, vocês devem estar se perguntando: Mas o que esse parque tem de tão especial? Bom, o post de hoje fala justamente sobre isso. Melhor dizendo, ele vai mostrar isso, não só com palavras, mas com um mundo de fotos que vão ilustrar melhor a razão da ida a Manuel Antonio.
Mas antes de falar do parque, preciso contar sobre nossa hospedagem. Nossa viagem foi toda desenhada para possibilitar o mais estreito contato com a natureza. Seguindo essa proposta, nossa hospedagem ficava afastada da cidade e no alto de um morro, com vista para as árvores e, bem longe, o mar.
A escolhida da vez foi a Maison Blanche. Chegar lá já foi uma aventura. O local fica a uma curta distância da rodovia, mas o caminho é de chão, com bastantes curvas. A chegada foi meio complicada, erramos uma das curvas e não sabíamos muito bem em que parte da subida estava o apartamento, mas logo a gente se acostumou.
Assim que chegamos lá, tivemos certeza de que havíamos feito uma boa escolha. O apartamento é lindo, estava muito limpo e organizado. Há uma varandinha perfeita, de onde é possível apreciar a vista e a visita dos pássaros e outros animais.
O dono do lugar, Karl, foi ótimo. Nos deu muitas informações úteis e dicas sobre restaurantes e passeios pela região. Além disso, nos disse que araras e alguns outros animais poderiam visitar nossa varanda.
Em alguns minutos conversa, Karl nos falou um pouco sobre a fauna local e contou que, todas as noites, a árvore na frente da sacada era visitada pelos kinkajous. Após nossa cara de interrogação, ele descreveu o kinkajou como sendo uma mistura de gato e macaco.
Expectativas foram criadas!
Além disso, ele nos deu várias dicas sobre o parque e sobre restaurantes e atrações por perto. Seguindo a sugestão dele, à noite fomos jantar no restaurante El Arado. Foi uma experiência incrível. A comida estava maravilhosa e o ambiente era uma delícia. Depois do jantar, voltamos ao apartamento e fomos descansar.
No outro dia, ajeitamos as mochilas e seguimos para o Parque Manuel Antonio. Tínhamos marcado o horário das nove, então tivemos que sair cedo do apartamento, principalmente porque fomos tomar nosso café da manhã antes de ir ao parque.
Nossa escolha foi o famoso restaurante El Avión. O lugar é muito bonito, com vistas lindas. Isso sem contar que parte do bar fica dentro da fuselagem de um avião. Claro que este não é qualquer avião. No local há recortes de jornais e outros documentos contando a história da aeronave, que nunca voou, mas esteve envolvida em um grande incidente diplomático envolvendo o apoio secreto do Estados Unidos a grupos revolucionários na vizinha Nicarágua.
Depois de muitos anos pegando poeira numa base aérea em San José, o avião foi comprado e transportado até Manuel Antonio. Onde todo um restaurante foi construído ao seu redor. Não nos sentamos dentro do avião, mas nossa mesa tinha uma linda vista do mar. O café da manhã estava gostoso, mas nada espetacular. A visita se justifica mais pelo ambiente do que pela comida.
Encerrada a refeição, fomos para o parque. O Manuel Antonio possui mais de 1900 hectares e é, literalmente, uma mistura entre mar e terra. Está na área litorânea, mas conta com áreas de floresta tropical e mangue incríveis. Ele possui diversas trilhas, muitas ligando a parte das florestas às praias.
Aliás, as praias do parque são belíssimas, com destaque para a Playa Espadilla, Playa Manuel Antonio e Gemelas. Como se não bastasse, no parque podemos ver diversos animais, como o bicho-preguiça (será?), macacos, iguanas e, é claro, pássaros diversos.
Não há estacionamento oficial do parque. Então, o jeito é usar um dos estacionamentos particulares que estão nos arredores. Conseguimos vaga em um bem pertinho, então foi bem tranquilo.
Não é permitida a entrada no parque com comida ou bebida, exceto água. Também não se pode entrar com embalagens descartáveis, até para evitar que os turistas acabem deixando lixo no local. Por isso, na frente do parque, há uma infinidade de barracas vendendo garrafas reutilizáveis para água. Nós já estávamos com a nossa garrafinha, então não nos preocupamos.
O fato é que, por conta desta política mais restritiva, a entrada do parque acaba tendo filas. Todos os visitantes são revistados e têm suas mochilas ou bolsas vistoriadas. Apesar disso, não ficamos muito tempo na fila, em cerca de 15 minutos já estávamos dentro do parque, prontos para começar os passeios.
Nós começamos nosso trajeto caminhando até a Playa Manzanillo. O caminho para a praia é bem fácil, curtinho e quase todo feito através de passarelas suspensas, pois passam por uma área de mangue, onde é possível avistar o peculiar Caranguejo de Tierra.
A chegada à praia é um daqueles momentos nos quais temos a sensação de que o tempo parou. Como se estivéssemos diante de uma fotografia, um recorte da realidade. A praia tem areias fofas e claras. Todo o local está rodeado por árvores delicadas e esvoaçantes, os Manzanillos. Mas não se enganem, apesar de lindas, as árvores não são nada amigáveis.
Embora tenham uma sombra muito convidativa para um descanso, várias placas avisam para que os turistas fiquem longe das árvores e para que não toquem seus frutos ou folhas. Isto porque estas belas árvores nativas são extremamente tóxicas.
Optamos por ficar na praia apenas por alguns minutos e seguir nosso caminho, pois ainda faríamos algumas trilhas no decorrer do dia e não queríamos entrar na água antes das caminhadas mais longas.
Saindo da praia, fomos fazer a trilha chamada Perezosos (que é como os ticos chamam os bichos-preguiça). Já estávamos há vários dias na Costa Rica e nada de ver bicho-preguiça. Essa era a meta do dia e, para alegria deste casal viajante, ela foi alcançada com sucesso. No final da trilha, conseguimos ver um dos simpáticos bichinhos no alto das árvores.
Encerrada essa etapa, fomos fazer uma outra trilha, a sendero miradores. Esta não era tão tranquila, pois tinha muitas escadas, com trechos bem íngremes e longos. Ainda assim, vale a pena, pois a vista é linda e no trajeto é possível avistar diversos animaizinhos na floresta.
Saindo da trilha Miradores, fomos começar nosso roteiro de praia propriamente dito, descendo até a Playa Gemelas através da trilha Los Congos. O mar estava bem agitado por lá, com muitas ondas e algumas pedras meio desconfortáveis.
Acabamos não ficando muito tempo e seguimos para a praia Manuel Antonio. A trilha que liga as duas praias é bem fácil de fazer, praticamente toda plana. Na praia Manuel Antonio as ondas estavam fraquinhas e não havia muitas pedras. O lugar estava uma delícia, água cristalina e azul, excelente para aproveitar o dia de calor.
Passamos boa parte da manhã por lá e, depois, seguimos para a praia Espadilla. Aproveitamos para usar a estrutura de duchas para tirar um pouco da areia do corpo.
Já cansados e com fome, decidimos encerrar o passeio. Para almoçar, o restaurante escolhido foi o Emilio’s Café. O local é bem simpático e a comida estava ótima, Fellipe pediu um peixe com molho e eu um sanduíche. Tudo estava uma delícia.
Saindo de lá, voltamos ao apartamento para tomar um banho de verdade e fomos passear novamente, pois queríamos conhecer uma torrefação de café na cidade de Quepos, o Café El Milagro. Chegamos pertinho da hora de fechar, mas deu tempo de tomar um café na prensa francesa e ainda comprar alguns grãos para trazer pra casa.
Missão cumprida, começamos nosso trajeto de volta ao apartamento. No caminho, cruzamos com uma tranquila arara vermelha, que cuidava tranquilamente do ninho escavado no tronco de uma palmeira.
Chegamos ao apartamento bem de tardezinha e ficamos curtindo a vista e aproveitando a piscina até o anoitecer. Voltando à nossa sacada, tivemos a sorte de ver o peculiar Kinkajou, em uma árvore bem na nossa frente, exatamente como mencionou nosso anfitrião. Infelizmente, estava escuro e as fotos não ficaram muito usáveis, mas como prova da visita, temos um vídeo do bichinho.
Saímos do apartamento mais tarde, apenas para jantar. Pensamos em experimentar outras opções de restaurante, mas eu havia gostado tanto do El Arado que acabei optando por ir lá novamente. Eu pedi um arroz com camarão e Fellipe um peixe com legumes. Mais uma vez, tudo estava perfeito.
No outro dia, fizemos as malas novamente, pois era chegada a hora de cruzar o país em direção à cidade de Puerto Viejo, na região banhada pelo mar do caribe.
Enquanto nos preparávamos para sair, algumas araras vermelhas (Guacamaya) foram nos fazer uma visita. Ficaram na sacada acima do nosso apartamento e fazendo bagunça nas árvores que rodeiam o local. Um verdadeiro espetáculo.
Tomamos café no Pátio El Milagro, em Manuel Antônio, e seguimos viagem, pois o trajeto era longo e as estradas naquele padrão da Costa Rica.
Confesso que sair de Manuel Antônio não foi fácil. Por mais de uma vez pensei em cancelar os passeios no restante do país e ficar ali até a véspera do retorno ao Brasil. Resisti à tentação porque, apesar de ter amado Manuel Antônio, estava curiosa para conhecer Puerto Viejo.
Infelizmente, nossos dias eram poucos e a Costa Rica gigante demais para férias tão curtas. Então, seguindo o plano, dissemos hasta luego a Manuel Antonio e fomos para Puerto Viejo, onde novas descobertas nos aguardavam.