Atacama: Laguna Cejar, Ojos del Salar e Laguna Tebinquiche

O dia começou com o barulho dos pássaros bicando o vidro da janela logo aos primeiros raios de sol. Despertamos com aquela sensação boa de que muita coisa legal estava para acontecer. Nos ajeitamos e, com aquele sorrisão de quem está viajando, fomos tomar café da manhã. Aproveitamos para tomar um chá de coca e em seguida saímos para os passeios do dia.

O plano era visitar as lagunas Cejar e Piedra e, alguns quilômetros à frente, as famosas Ojos del Salar e Laguna Tebinquiche. O acesso a elas é feito pela mesma saída da Ruta 23, o que facilita a visitação em um único dia. Justamente por isso, em geral, é um passeio meio combinado.

Lagunas Cejar e Piedra

A nossa primeira parada foi na propriedade onde ficam as lagunas Cejar e Piedra. Para chegar lá não tem segredo, basta gerar a rota pelo Google Maps e seguir as indicações na estrada. Da cidade até as lagunas são cerca de 30 quilômetros através de uma estrada com um trecho de asfalto e o restante de chão.

Em geral, a via está em boas condições, mesmo o trecho que não é asfaltado, pois o cascalho está bem firme, sem grandes pedras soltas. Assim, não tivemos nenhuma dificuldade em chegar ao local e fazer os passeios sem guia, como havíamos planejado.

Para garantir que não perderíamos a viagem, compramos os ingressos para as lagunas Cejar e Piedra no dia anterior pelo site. Fizemos o pagamento pelo cartão de crédito sem dificuldades, recebendo os ingressos por e-mail. Chegando à portaria, logo após apresentarmos os ingressos, nos indicaram onde ficavam os banheiros, chuveiros e vestiários. Confesso que até me surpreendi com a estrutura por lá. Não havia grandes luxos, mas estava tudo bem organizadinho.

De lá, seguimos por uma trilha bem demarcada até a primeira Laguna: a Cejar. À margem dela há algumas plataformas para observação. Embora seja a mais bonita das lagunas dali, nela não é permitido o banho, sendo apenas para contemplação. Segundo pesquisamos, a proibição decorre da alta concentração de minerais tóxicos na água, que podem causar problemas de saúde. Isso não foi um problema no dia da nossa visita, pois quase não havia água na laguna.

Da Laguna Cejar, há uma pequena trilha até a Laguna Piedra. Nessa, é permitido o banho. E ela é famosa por ter a água com concentração tão alta de sal que é praticamente impossível afundar. Logo na chegada, uma funcionária nos indicou um local demarcado no chão para que deixássemos nossas coisas e explicou que era proibido o uso de protetor solar no corpo antes de entrar na água.

Olhando para a água cristalina e sentindo aquele sol escaldante na cabeça, confesso que fiquei tentada a entrar na água. Mas essa vontade durou pouquíssimo tempo, pois todos que entravam pareciam estar bem desconfortáveis, talvez pela junção de agua fria e sal em excesso.

De fato a água estava muito gelada, mas Fellipe foi corajoso e entrou na lagoa assim mesmo. Se certificou, por contra própria, que, de fato, não é possível afundar naquelas águas. Depois de uns cinco minutos, já prestes a congelar, saiu da água e, conforme ia secando, uma camada branca de sal se formava. Eu me dei por satisfeita vendo ele se divertir. Não me animou a ideia de entrar na água gelada, muito menos ficar com crostas de sal na pele.

De acordo com pesquisas que fizemos, a água dessas lagunas tem uma concentração de sal parecida com a do Mar Morto. Isso impede que as pessoas afundem, então boiar é uma consequência natural e ocorre sem esforço algum.

Caminhamos mais um pouco margenando outra parte da Laguna Piedra. Tiramos algumas fotos e voltamos para a entrada, onde Fellipe tirou o sal do corpo nas duchas, também geladas.

Dizem que, antigamente, quando não havia muito controle, era possível entrar nas duas, no entanto não sei se isso é lenda ou se realmente foi assim um dia. O fato é que, atualmente, a laguna Cejar é apenas para observação. No dia em que fomos, havia pouca água e, talvez em virtude do horário e da posição do sol, não havia muito contraste de cor entre a água e o sal que rodeia a lagoa. Ainda assim, a visita é imperdível. Mesmo para quem não quiser entrar na água. 🙂

Ojos del Salar e Laguna Tebinquiche

Encerrado o passeio nas Lagunas Cejar y Piedra, pegamos o carro e seguimos em direção à propriedade onde ficam os Ojos del Salar e Laguna Tebinquiche. Depois de uns seis quilômetros de estrada de chão em boas condições, chegamos à portaria. Desta vez não havíamos comprados os ingressos pelo site, mas não tivemos dificuldade de pagar a entrada por lá mesmo, em dinheiro. Diferentemente da Laguna Cejar, não há estrutura de banheiros e etc. Tampouco é permitido o banho.

Os Ojos del Salar são duas poças de água doce no meio do nada, uma do lado da outra, praticamente colados à portaria. São bem fundas, dizem ter mais de 30 metros de profundidade, e chamam atenção naquela planície enorme, principalmente por serem de água doce em meio a tanto sal que brota da terra.

Assim que chegamos, nos pediram que não nos aproximássemos muito da borda, para não espantar algumas aves que ali estavam em período de reprodução. Após tirar algumas fotos, de longe, para não atrapalhar os patinhos, voltamos ao carro e seguimos até a Laguna Tebinquiche.

É possível ir até bem perto dela de carro e foi o que fizemos. Estacionamos em uma das áreas permitidas e seguimos pelo caminho demarcado, fazendo uma caminhada pelo entorno da laguna. Dizem que é possível avistar flamingos por lá, mas no dia da nossa visita o máximo que vimos foram alguns pequenos lagartos correndo no meio do sal.

Ali na Laguna Tebinquiche estão presentes alguns dos primeiros seres vivos do planeta, os extremófilos, microrganismos que vivem em condições que são consideradas adversas às formas de vida mais comuns. Talvez por isso não seja possível o banho.

Eu queria ver flamingos. Mas, apesar do fracasso dessa missão, a visita valeu bastante a pena. A paisagem é completamente diferente de tudo que vi na vida. Uma imensidão branca para todos os lados que se olhava, com pequenas poças de água cristalina e salgada. A laguna é imensa e tem alguns locais de estacionamento espalhados pela margem, de onde é possível ter vários ângulos de observação.

Além disso, da laguna se tem uma linda vista para o vulcão, com o bônus de ser possível ver o reflexo dele na água. Aliás, falando do vulcão, ele é tão onipresente que em vários passeios acaba tendo papel de destaque. Impossível ser indiferente a ele.

Depois de andar por lá, voltamos para a cidade e, como já estávamos com fome, paramos no restaurante/cafeteria chamado La Francucheria, que fica meio fora do centrinho de San Pedro. O lugar é muito simpático, com as mesas espalhadas pelo jardim, à sombra das árvores. Tomamos café, comemos croissants e seguimos para o hotel.

À noite voltamos para a cidade e fomos jantar no restaurante Adobe, que há muito estava na minha lista. Aliás, antes de decidirmos, de fato, conhecer o Atacama, o Adobe já figurava na minha listinha de locais para visitar.

Para mim, é o melhor restaurante de San Pedro. O lugar é uma graça, aconchegante, rústico e refinado ao mesmo tempo. Na noite em que fomos, havia música agradável e uma fogueira que tornava ainda mais convidativo ficar por lá. Para a refeição, pedimos salmão e um peito de frango, que estavam muito bons.

Sem dúvida, foi uma excelente forma de encerrar mais um dia repleto de experiências incríveis.

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6 Resultados

  1. Renilda disse:

    Oie, sua página está muito bem organizada! Sei que é muita dedicação, mas acredite, orienta roteiros para muitas pessoas. Parabéns pelo empenho e por dividir suas alegrias e conquistas conosco. Um forte abraço, sds…muita

  2. Elaine Kátia Gerhardt Marchetto disse:

    As comidas sempre são as melhores. Se queimaram muito com o sol por não usar protetor?

  3. Vicente Azambuja disse:

    Muito legais os posts, Ilcemara! Uma dúvida, eu e minha namorada vamos pra lá final de dezembro. Os dois passeios que tô em dúvida, em razão do alto preço de tudo, são os da Laguna Cejar (pois tb não tenho certeza se vamos querer entrar na água) e o da Rota dos Salares (pq sei que o Salar de Tara, q diziam ser o mais legal, está fechado há um bom tempo, né). O que você acha? Problema tb é que se não fizermos estes passeios, não tem mto o que fazer na cidade nesses dias hehe (jpa que vamos ficar 6 dias no total). Obrigado, Vicente

    • Acho que os dois são passeios muito bacanas. Se eu fosse escolher um só, seria a rota dos salares, porque achei um dos mais lindos. Apesar de o Salar de Tara estar fechado, tem muitas outras coisas legais no percurso e eu não deixaria de aproveitar a oportunidade. Indo com agências, talvez fique um pouco cansativo, mas eu incluiria mesmo assim. Quando à laguna, confesso que esperava mais. É interessante, mas não sei se vale o preço cobrado, principalmente se, assim como eu, vocês não forem encarar a água gelada kkk.

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