Bélgica – Nossos passeios por Bruxelas, Bruges e Gent

Eis que a nossa segunda tentativa de ir para a Bélgica deu certo. Para quem ainda não sabe, em 2016 estávamos de malas prontas para fazer uma viagem pela Bélgica e Holanda quando, de repente, no dia do embarque, houve um atentado terrorista em Bruxelas e nossos planos foram por água abaixo. Mais detalhes dessa desventura podem ser encontrados aqui, na introdução do nosso post sobre o plano B.

O fato é que, desta vez, tudo deu muito certo e, enfim, chegamos à Bélgica. Como falamos no post sobre os dias em Paris, saímos da capital da França no dia 07/04/2019 com destino a Bruxelas, onde faríamos uma paradinha e já seguiríamos para Bruges, uma charmosa cidade medieval, ao norte de Bruxelas.

Tudo saiu conforme o que havia sido planejado. A viagem de trem até Bruxelas foi muito tranquila e confortável. Tão confortável que eu dormi poucos minutos depois da partida e acordei já chegando em Bruxelas.

Desembarcamos na estação Midi e veio o primeiro choque cultural: que língua era aquela? Olhar as placas e não entender absolutamente nada foi bastante assustador. A situação chegou em um ponto tão cômico que eu já me sentia aliviada quando via algo escrito em francês. E olha que meu francês está em uma escala dramaticamente inferior a básico.

É que a Bélgica, eclética e sossegada, não tem uma língua para chamar de sua. Ao contrário, pegou emprestado dos vizinhos. Então, uma parte do país fala francês, uma parte holandês e a outra alemão. Tudo isso em uma mistura muito louca. Por isso, na região de Bruxelas, algumas placas estavam em francês e outras em Holandês, absolutamente indecifrável para mim. Ainda bem que, como constatamos depois, a maior parte das pessoas, ao menos nos locais mais turísticos, fala inglês.

Passado o susto com a língua e superada a vontade de entrar em um trem e voltar para a familiaridade de Paris, seguimos com o plano. Estávamos com duas malas, uma maior e outra bem pequena. Como íamos passar apenas uma noite em Bruges e o trem que fazia o percurso era pequeno, sem espaço para bagagem maiores, deixamos uma de nossas malas no guarda volumes automático da estação em Bruxelas, que é bem prático de usar, e seguimos apenas com uma malinha pequena.

Demoramos alguns minutos para entender os horários dos trens, mas depois fica tudo bem simples. Olhamos no painel qual seria o próximo com destino a Bruges, compramos os tickets e embarcamos. Assim como em Paris, os tickets podem ser comprados em máquinas automáticas, que aceitam pagamento com cartão de crédito e possuem a opção de visualização em inglês.

Pouco tempo depois da partida, por volta das 3 da tarde, já estávamos chegando ao nosso destino. Descemos na estação e fomos direto até o hotel, arrastando nossa mala pelas ruas de pedra, andando na contramão da multidão de turistas, que apenas passa o dia em Bruges e retorna para Bruxelas ou Amsterdam à tarde.

Alguns minutos andando, na verdade quase meia hora, chegamos ao Hotel Marcel, reservado com bastante antecedência pelo site do Booking. O Hotel era uma graça e rolou até uma vontade de ficar por lá e descansar. Mas nosso tempo era escasso, então, só deixamos as coisas e fomos passear. Quanto mais o tempo passava, mais tínhamos a cidade só para nós. As ruas foram ficando cada vez mais tranquilas, as lojas foram fechando e a cidade, de verdade e não a encenação turística, começava a aparecer.

Bruges é linda. Tudo na cidade é encantador. As ruas e casas de pedras, os lagos, pontes, canais, até os simpáticos patos, gansos e cisnes que ficam sossegados no jardim. O lugar é de um charme fascinante. Pena que a nossa tarde, ao invés de terminar com o pôr do sol que desejávamos, terminou foi com chuva. Faz parte da vida viajante, nem sempre o tempo colabora.

Andamos pela cidade enquanto foi possível, passeamos por um parque, comemos nosso primeiro waffle belga e admiramos, boquiabertos, todas as chocolaterias pelo caminho. Quando a chuva começou a ficar mais forte já estávamos de volta perto do hotel, mas resolvemos parar para jantar e experimentar a primeira cerveja belga no país de origem.

Em Bruges existe uma infinidade de restaurantes e cervejarias, como é de se esperar, já que a cidade é muito turística, não sendo raro que as pessoas deixem de ir em Bruxelas, mas passem por Bruges no caminho entre Paris e Amsterdam.

Não havíamos pesquisado muitos restaurantes por lá e não tínhamos muitas possibilidades, dada a chuvinha insistente que caía. Então, escolhemos uma pizzaria chamada Otomat para jantar.

O lugar é bem pequeno, mas muito agradável. Assim que chegamos, a garçonete nos trouxe um cardápio em holandês e, certamente vendo nossa cara de pânico, em seguida entregou um escrito em inglês. Ufa, a refeição estava garantida.

Pedimos duas pizzas pequenas, que estavam bem gostosas, e tomamos uma cerveja cada um. Para o início da jornada cervejeira, escolhemos uma Vedett Extra Blond e uma Tank 7 (que não era belga). Ambas estavam ótimas.

Encerrada a refeição, seguimos para o hotel. Com mais calma, foi possível prestar atenção aos detalhes do lugar. O hotel é todo decorado, moderno, limpo e com uma energia contagiante. Tem um estilo meio vintage que é adorável, com uma área social bem bacana. O quarto era pequeno, mas muito confortável. A localização era excelente, a poucos metros da praça principal. Não podíamos ter escolhido melhor.

No outro dia acordamos cedinho e tomamos café no hotel mesmo, já que a refeição estava incluída na diária. Estava tudo uma delícia. Uma grande variedade de frutas, pães e frios. Além disso, ainda era possível fazer o próprio waffle. Ah, a Bélgica sendo Bélgica…

Terminamos a refeição e saímos para dar um último passeio rápido pela cidade, já que logo mais partiríamos com destino à Bruxelas, onde a diária da nossa mala no guarda volumes venceria em algumas horas. Mais uma vez, fazíamos os percursos contrários aos visitantes, o que possibilitou muitas fotos e vistas interessantes. É lógico que comemos mais um waffle delicioso nessa caminhada, afinal não dá para perder nenhuma oportunidade.

De barriga cheia, voltamos para o hotel, pegamos a mala e seguimos para a estação. Em pouco tempo estávamos de volta a Bruxelas, onde passaríamos alguns dias, desta vez em um apartamento alugado pelo Airbnb, até para sentir de modo mais autêntico como era a vida na capital belga.

O apartamento era superbem localizado, bem pertinho da Grand Place e de uma série de locais interessantes. Apesar de pequeno, era bem confortável, com quarto, cozinha, banheiro e sala de estar/jantar. Pela praticidade, valeu demais o valor que pagamos, bem menos do que custaria um hotel na região. Além do mais, cozinhar é uma grande paixão e ficar em um apartamento sempre permite aventuras gastronômicas com ingredientes locais.

Chegamos ao apartamento depois do horário comum para almoço, mas lendo as recomendações do anfitrião, decidimos tentar ir a um dos restaurantes que ele indicou, o Fin di Siecle. Apesar de estar um pouco tarde e do restaurante estar lotado, conseguimos uma mesa e tivemos uma refeição maravilhosa. Nem preciso dizer que as cervejas também estavam perfeitas.

Aqui, um esclarecimento. Se você pensa que vai chegar à Bélgica e tomar cerveja todo dia, que em cada esquina vai encontrar um bar vendendo uma forma estranha e indescritível de cerveja, que vai tropeçar e cair em uma cervejaria e que, ao se levantar, estará dentro de uma chocolateria, saiba que você está absolutamente certo. A cerveja, o chocolate e as batatas fritas são paixão nacional.

A cidade também é a casa do personagem Tintin e dos Smurfs. As histórias em quadrinhos são tão importantes para a cidade que há painéis relacionados ao tema espalhados pelos prédios, além de um museu específico das bandes dessinées, como são chamados os quadrinhos.

Passamos cinco dias na Bélgica e não ficamos um dia sem provar ao menos duas cervejas diferentes. Se não é para viver uma imersão cultural, nem viajo. Aliás, dá para ir ao supermercado e se esbaldar nas bebidas e chocolates, inclusive com itens que aqui no Brasil chegam a preços proibitivos. Impossível resistir.

Pois bem. Encerramos o almoço e demos aquela primeira voltinha pela vizinhança. Estava cheia de expectativa para conhecer a Grand Place, dita por muitos como a praça mais bonita da Europa. Não sei se sou meio exigente ou se o meu conceito de praça é diferente, mas nesse primeiro encontro não achei a Grand Place essa maravilha toda não. É bonita, sem dúvidas, mas acho que minhas expectativas estavam meio elevadas. Ou isso ou o lugar é mesmo superestimado.

Depois de andar por lá, ver o Manneken Pis e tentar entender a razão da estátua minúscula de um garoto fazendo xixi ser tão famosa (ainda é um mistério para mim), fomos até o supermercado comprar comida, bebidas e outras coisas. Ah, falando em estátua pequena e famosa, não bastasse o Manneken, há também a Jeanneke Pis, que fica em um beco bem simpático da cidade. E viva a igualdade de gênero…

Fizemos nossas compras e, como locais, fomos até uma lavanderia bem pertinho do apartamento lavar nossas roupas. Ficamos lá um pouco, enquanto as roupas eram lavadas e o procedimento de secagem era concluído. Retornamos para o apartamento e jantamos por lá mesmo, aproveitando o que havíamos comprado no supermercado.

O dia seguinte não teve muito aproveitamento. Choveu praticamente o dia inteirinho. Ainda assim, saímos do apartamento e andamos pelas redondezas. Fomos à Galeria Royale e ao Delirium Cafe, famoso por ser o bar com a maior carta de cervejas do mundo, e que fica exatamente no mesmo beco da Jeanneke Pis.

Achei o bar muito interessante. Realmente o cardápio parece uma lista telefônica, de tão grande. Entramos direto para a parte subterrânea do local e acabamos escolhendo duas cervejas da casa, já premiadas há alguns anos. Estava uma delícia. Não só a bebida, mas o ambiente, que era muito bacana.

O restante do nosso dia foi no melhor estilo turista. Lembram do estereótipo da Bélgica? Cervejas, chocolates, batatas fritas e waffle. Então, nesse dia chuvoso comprovamos todos: Tomamos cervejas, comemos waffle, provamos chocolates de várias marcas e comemos as lendárias batatas fritas belgas, que eu achei bem sem graça, na verdade.

No outro dia o sol estava tinindo. Nem parecia a mesma cidade. Tudo, de repente, ficou colorido e radiante. Até a Grand Place, que no outra dia tinha me parecido meio sem graça, ficou linda.

Aproveitando o tempo bom, fomos a pé até o Mont Des Arts e de lá ao Parque Leopold e Parlamento Europeu. No caminho, paramos no Maison Antoine para provar, mais uma vez, as tais batatas belgas. Foi a última chance que dei para as batatas. Esse lugar é bem famoso e, quase que por unanimidade, é considerado o melhor lugar para provar a iguaria. Mais uma vez não vi graça nenhuma, mas, considerando minha obrigação jornalística, tive que comer até a última batatinha.

Encerrada a pausa para o lanchinho, seguimos para o parque Cinquentenário, onde ficamos por algum tempo. O parque não é muito grande, mas é bem bonito e vale a pena. Saímos de lá, paramos em uma Praça chamada Ambiorix e voltamos para o apartamento. À noite fomos jantar na hamburgueria Ellis Gourmet Burguer. Não estava excepcional, mas, no conjunto lugar simpático, comida e bebida, valeu à pena.

Nosso próximo dia foi dedicado a passear por Gent, uma cidade bem pertinho, ideal para um bate e volta. Foi exatamente isso que fizemos. Tomamos um ótimo café da manhã no simpático Kaffabar, uma cafeteria muito aconchegante, guardada por um cachorro muito feroz e sempre vigilante.

Saímos cedinho de Bruxelas, de trem, e voltamos, do mesmo modo, à tarde. A viagem é bem curtinha e a cidade de Gent é linda. Andamos pelos principais pontos da cidade e paramos para almoçar em um restaurante lindo chamado Du Progres. Aproveitamos ao máximo nossa refeição e o dia na cidade. À tarde, ficamos algumas horas vendo o movimento da cidade e tomando um solzinho na beira do Rio Lys, imitando os locais.

Depois, fomos andar pelo centrinho, conhecendo o antigo prédio da Prefeitura da cidade e, quando a fome apertou, fomos a uma simpática patisserie chamada Le Pain Quotidien, onde comemos alguns doces e tomamos café.

Apesar de também ser medieval, com construções antigas, em um estilo bem característico, Gent tem um ar mais jovem que Bruges, talvez por ter algumas universidades.

Voltamos para Bruxelas à noitinha, cansados e felizes. Para jantar, escolhemos a concorrida Nona, uma pizzaria italiana bem próxima do apartamento. Após quase uma hora na fila, provamos pizzas maravilhosas, acompanhadas, é claro, de uma cerveja local. Depois voltamos caminhando pelo centro da cidade até nosso apartamento.

Nosso último dia em Bruxelas começou com um café da manhã reforçado no Chicago Café. O lugar é bacana, descontraído, mas o único detalhe é que não aceitam pagamento com cartão de crédito. Isso foi algo muito interessante para nós. Em Bruxelas vimos diversas lojas e restaurantes com plaquinhas avisando que só aceitavam pagamento em cartão, e outros em que só aceitavam pagamento em dinheiro. Vai entender…

Após gastarmos até as últimas moedinhas para pagar a conta (não costumamos andar com dinheiro quando viajamos), continuamos para um passeio meio que obrigatório, mas bem fora de mão.

Fomos ao Atomium, uma gigantesca obra, imitando os átomos de um cristal de ferro, construída para uma das exposições mundiais. Só para lembrar, a Torre Eiffel foi construída para uma dessas exposições também.

Fomos de tram para o Atomium. Estranho para nós, esse meio de transporte é bem comum em Bruxelas e Amsterdam, sendo meio que uma mistura de metrô e ônibus, pois, apesar de andar em trilhos, compartilha as ruas e semáforos com os demais veículos comuns. Outra coisa que o tram compartilha são os pontos de ônibus, onde você precisa acenar para que o condutor pare.

Do ponto de parada do tram até o Atomium são algumas quadras, mas nada muito cansativo não. Na verdade, o que cansou mesmo foi a fila para subir às esferas. Ficamos quase uma hora esperando e, para ser bem sincera, não achei nem um pouco divertido. Talvez seja mais interessante ir até lá, tirar umas fotos do lado de fora mesmo e partir para uma cervejaria. Brincadeiras à parte, foi quase isso que fizemos.

Saímos de lá e fomos ao Delirium café, pela segunda vez. Experimentamos umas cervejas diferentes e fomos até a Waffle Factory para almoçar. Aqui uma recomendação: se puderem, escolham outro local para comer waffle. Existe uma infinidade de locais na cidade com waffles excelentes. Os da Factory não me agradaram. Aliás, nem a comida, nem o atendimento, extremamente lento e confuso.

Terminamos de comer, passeamos pelos arredores da Grand Place e voltamos para o apartamento. Era chegada a hora de fazer um mundo de garrafas de cerveja e biscoitos belgas se acomodarem nas malas. Depois de muito planejamento, conseguimos concluir a missão com sucesso. Malas prontas, era só descansar e seguir para a Holanda no outro dia.

Não posso terminar esse post sem fazer um balanço dessa viagem. Muita gente vai à Europa e acaba deixando a Bélgica de lado. Em alguns casos, opta por ficar em Gent ou Bruges, que, realmente, são esteticamente mais bonitas que Bruxelas, na minha opinião.

Contudo, acho que cada uma das cidades pelas quais passamos tem uma beleza diferente. Bruxelas, é mais autêntica, cosmopolita e muito divertida. Para quem curte cervejas, vale à pena ir ao Delirium e aproveitar para provar as cervejas trapistas, que são fantásticas, além das diversas cervejarias e bares espalhados pela cidade.

Como já deu para notar, não gostei muito das batatas fritas, mas isso é muito pessoal, então tem que experimentar. Quanto aos chocolates, indico muito os pralinés da marca Pierre Marcolini, que são indescritíveis. Os demais, das outras marcas mais conhecidas, como Neuhaus e Godiva, são mais comuns, mas ainda muito bons.

Outra coisa: comprar bebidas, chocolates e biscoitos, inclusive os deliciosos da marca Jules Destrooper, no supermercado é uma ótima opção. Não resistimos e fizemos algumas compras antes de sair da Bélgica. Só não compramos mais coisas porque Bruxelas não era nossa última parada da viagem e não dava para ficar carregando muita coisa.

É isso. Ficamos menos de uma semana na Bélgica, mas aproveitamos o máximo de tudo que o país podia oferecer. Comida, bebida, lugares. Foi uma delícia. Uma viagem descontraída e despretensiosa, como um brinde pela vida que temos, pelos sonhos que nos movem e pela saudade que nos acompanha, sempre.

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3 Resultados

  1. Bélit disse:

    Amei seu blog 🙂 Parabéns!!!

  2. Giu disse:

    Esse post está super legal e completo, estou planejando ir e gostei muito =) Quero ir em Bruges e Gante também.

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