Niagara On-The-Lake

Saímos de Niagara Falls ainda pela manhã e seguimos para a cidade vizinha, ainda menos conhecida, chamada Niagara On-The-Lake. Como já dá para perceber pelo nome, a primeira é onde estão as quedas de água e a segunda é banhada pelo lago.

Quando estávamos planejando nosso roteiro, vimos alguns relatos sobre as vinícolas ao redor de Niágara, o que despertou nosso interesse pela região, que deixou de se restringir apenas às cataratas. 

Das pesquisas sobre os vinhos até a descoberta da cidade de Niagara On-The-Lake foi um pulo, pois ela está bem no meio das vinícolas, em posição bastante estratégica. É lógico que dá para visitar a cidade a partir de Niagara Falls, porque as duas são bem próximas (cerca de 25 km), mas somos mais do tipo que se envolve com as cidades, então acabamos optando por ficar dois dias na região dos vinhos.

Apesar do desejo de conhecer a cidade, ela não era nosso objetivo principal. Bem por isso, ao escolher nossa hospedagem, demos preferência a uma pousada rural, ao lado de duas vinícolas que estavam na nossa lista.

A escolhida da vez foi a Vineyard Villa, uma pousada bem pequena, com jeitinho de casa de campo, muito intimista e graciosa. Ela fica a uns poucos quilômetros da cidade, mas o acesso é bem tranquilo. Para os amantes do vinho, ela tem a localização ideal, pois está ao lado das vinícolas Peller Estates Winery e Two Sisters, duas das mais famosas de Niagara On-The-Lake.

A distância é tão curta que dá para ir caminhando até a Peller Estates, andando pelo meio do pomar e pelas parreiras que cobrem as planícies ao redor da pousada. Em alguns pontos, nem dá para saber quando acaba o terreno da pousada e começa o da vinícola.

Voltando à pousada, a localização não é o único ponto alto. Apesar de ser um local bem básico, sem grandes luxos, o carinho com a estada é perceptível em todos os detalhes. Fizemos nossa reserva pelo booking e, alguns dias antes da nossa chegada, recebemos um email informando que a pousada trabalhava com auto check in. Não haveria ninguém para nos receber, mas poderíamos entrar digitando uma senha nas fechaduras eletrônicas e haveria um bilhetinho na porta do quarto com o nosso nome.

Ao chegarmos ao local, a primeira boa impressão: era tão bonito quanto nas fotos. Facilmente encontramos nosso quarto e lá estavam garrafinhas de água e uma cartinha simpática dando as boas vindas. Além disso, havia sobre a mesinha um formulário para que escolhêssemos os pratos quentes e bebidas para o café da manhã.

Acomodamos nossas bagagens, preenchemos o formulário e o deixamos sobre um carrinho no corredor. Em seguida, saímos com destino ao Queens Park, já na cidade. O parque não é muito grande, mas é muito charmoso e possibilita agradáveis caminhadas.

Ficamos algum tempo por lá caminhando pela margem do lago, tirando algumas fotos no simpático gazebo e apreciando a vista graciosa do rio Niágara e do Fort Niagara State Park, que fica do outro lado, já nos Estados Unidos.

Saindo do parque, fomos até a parte central de Niagara On-The-Lake. Que lugar encantador! O centro e as ruas no entorno são acolhedoras, delicadas e agradabilíssimas. O dia estava lindo e decidimos parar para curtir o momento e tomar um café.

Escolhemos o Balzac ‘s Coffee, uma simpática cafeteria que possui algumas lojas espalhadas pelo país. O lugar parecia uma casinha de bonecas, cheio de detalhes fofos. Pedimos café e chocolate quente, bolo de cenoura (carrot cake e não o “nosso” bolo) e um doce feito com ameixas chamado crumb bar. Tudo estava delicioso.

Encerrado o lanchinho, fomos caminhar pela cidade. Ela é bem pequena, então em pouco tempo já havíamos visto a parte central toda. É impossível não se encantar. Vejam as fotos e julguem por vocês mesmos:

Encerrado o passeio pela cidade, voltamos para a pousada, onde descansamos um pouquinho e saímos para dar uma voltinha por um agradável parque nas proximidades, o McFarland Park. Por causa da época do ano, as árvores não estavam muito frondosas, mas ainda assim o lugar é muito simpático, com algumas mesas e pequenas trilhas, que levam até a margem do Rio Niágara.

À noite, fomos jantar no restaurante da vinícola Two Sisters, o Kitchen 76. Não fizemos reservas, mas tivemos sorte e conseguimos uma mesa sem maiores dificuldades. Estavam servindo uma opção de menu completo, com bebida, entrada, prato principal e sobremesa. Claro que escolhemos esse, afinal de contas não dá para perder a chance de uma harmonização de vinhos e comidinhas reconfortantes.

Nós chegamos à vinícola por volta das 19 horas e o dia ainda estava claro, então deu pra ver como o local é lindo. Fomos direto ao restaurante, que é um charme, em uma mistura de rusticidade e delicadeza. Pedimos focaccia com alecrim e arancini como entrada, rigatone bognese e peixe como pratos principais e sorvete da casa e panacota como sobremesas. Tudo estava delicioso, mas o drink Pomosa, delicado e refinado, merece várias estrelinhas. Além disso, o arancini e o sorvete estavam divinos. Tudo isso acompanhado de vinhos muito bons.

Encerrado nosso jantar, voltamos para a pousada e fomos descansar. No outro dia, acordamos com o cheirinho de café e, então, tivemos o prazer de conhecer nossa anfitriã. Ela estava terminando de preparar a mesa quando chegamos e foi de uma simpatia avassaladora, inclusive demonstrando preocupação com o nosso gosto pelo café, por sermos brasileiros. Com tanto cuidado envolvido, o resultado não poderia ser outro: as guloseimas estavam excelentes, assim como as bebidas.

Tomamos nosso café com calma e fomos passear pelos arredores da pousada. Caminhando, fomos até a parte externa da vinícola Peller Estates e, como começou a garoar, apertamos o passo e voltamos para a pousada. A chuva não foi adiante, então saímos de carro para andar pela região.

Fomos até o Happy Rolph’s Animal Farm, um parque em Saint Catherine, cidade vizinha a Niagara On-The-Lake. O parque tem uma simpática fazendinha com vários animais para as crianças interagirem, além de um santuário de aves, em especial patos e assemelhados. Como ainda era fim do inverno, os animais da fazendinha não estavam por lá, mas pudemos aproveitar bem as trilhas que cruzam o bosque e circundam um laguinho cheio de patos.

De lá, descobrimos no Google Maps um farol que parecia fotogênico. Como não era longe dali, resolvemos conferir e dirigimos até a vizinha praia de Jones Beach. A praia estava deserta e, de fato, tinha uma vista privilegiada do farol que sinaliza a entrada do canal do porto, embora ele não fosse assim tããããão fotogênico.

Lá, a fome nos pegou. Fomos até um supermercado ver as novidades e aproveitamos para comprar alguns lanchinhos. Pegamos o caminho de volta para Niagara On-The-Lake e voltamos para a pousada. À noite, saímos para jantar no restaurante da Peller Estates.

Eu havia amado o jantar da Two Sisters e estava segura de que ele seria eleito o preferido da viagem. Mas estava enganada. O jantar na Peller foi espetacular. O ambiente é um pouco mais sofisticado, mas nem por isso deixava de ser acolhedor. Fomos muito bem atendidos e tudo o que pedimos estava delicioso. Começamos com um vinho e pedimos apenas pratos principais, optando por uma carne e uma massa.

A carne, acompanhada de batatas gratinadas, estava saborosa, mas o nhoque de abóbora que eu escolhi era uma coisa de outro mundo. Tão suave e aveludado que derretia na boca. Isso sem contar a deliciosa mistura de doçura da massa e acidez do azeite e ricota. Para encerrar, escolhemos uma sobremesa dessas impactantes e saborosas, cujo nome desapareceu em minha mente.

Para completar nossa noite, nossa mesa estava bem do ladinho da janela, possibilitando uma vista linda da fachada da vinícola e de parte das parreiras. Conforme foi escurecendo, os tons foram mudando de um reluzente dourado para o azul prateado da noite, até que românticas luzes foram acesas no jardim e fecharam com perfeição toda essa aquarela.

Terminamos nosso jantar e, já com o coração apertado, voltamos para a pousada para ajeitar as coisas, pois, no outro dia, era chegada a hora de dizer adeus ao interior e voltar para Toronto.

Acho que já deixei claro por aqui, mas sou uma pessoa muito ligada à paz e tranquilidade. Justamente por isso, hospedagens e passeios mais intimistas sempre ganham meu coração. Não foi diferente em Niagara On-The-Lake. Tudo na região me encantou e gerou uma paixão quase instantânea, que, certamente, me levará de volta até lá. Encerrar este post parece o terminar de uma carta, com uma despedida e reticências, jamais um ponto final…