Paris – Começando a viagem pelo velho mundo

Começar a escrever sobre Paris é um desafio. É um tal de formar a frase e apagar em seguida que até cansa. É assim porque Paris não é apenas a capital da França. Não é só mais uma cidade. Gente, é Paris. Uma das cidades mais visitadas do mundo.

Todo mundo já escreveu sobre Paris. Encontrar coisas que ainda não foram ditas, fugir de todos os clichês e tentar ver a cidade através de outro prisma é uma tarefa hercúlea. É absolutamente impossível não se render à Cidade Luz. Então, entendam a parcialidade deste texto, o amor envolvido e a saudade que se sobressai a cada lembrança que resgato do meu fiel caderninho de anotações.

Sim meus queridos. Eu tenho um diário de viagem. E sim, eu fui à Paris e voltei completamente apaixonada: Pelos monumentos, pelas pessoas, pelos cadeados (pensa em uma galera que curte cadeados), pelas juras de amor, pela arte que transborda em cada esquina e até pelos incontáveis patinetes. Enfim, por cada cantinho escondido e surpreendente daquele lugar.

E foram tantas experiências e fotos que vou dividir essa minha passagem pela cidade luz em dois posts (clique aqui pra ler o outro).

Chegamos a Paris na manhã do dia 31/03/2019, em um voo da Air France. O voo, apesar de longo, foi bem tranquilo. O espaço entre as poltronas seguia aquele padrão da classe econômica e reclinação também. O serviço de bordo foi excelente, os comissários eram bem gentis e a comida estava ótima.

Chegamos pelo aeroporto Charles de Gaule, em poucos minutos passamos pelos tramites de imigração e, no aeroporto mesmo, já compramos um chip da operadora Orange para utilização de dados móveis, que já serve para todos os países da União Européia. No aeroporto também compramos os tickets para utilização do transporte público.

Existem algumas opções de passe de transporte ilimitado, que você pode usar em quase todos os transportes públicos da cidade, bem explicadinho nesse post do Viaje na Viagem, mas, como pretendíamos fazer a maior parte dos passeios à pé mesmo, optamos por comprar um combo de 10 tickets, que saía bem mais barato para nossas intenções.

Nosso primeiro dia na França foi um pouco atípico. Ao invés de ir para Paris, fomos até uma cidadezinha próxima ao aeroporto, Vaujours, onde uma amiga de longa data mora. Passamos a manhã e boa parte da tarde por lá. Quem disse que viajar é só descobrir e encontrar coisas novas? Também pode ser para reencontrar. Tem coisa melhor que redescobrir pessoas amadas?

Quando começava a entardecer, lá pelas 16 horas, nos despedimos da queridíssima Olinda e de sua família, pegamos o transporte público e fomos para Paris.

Infelizmente o transporte público não estava funcionando dentro da normalidade nesse dia, pois alguns reparos estavam sendo feitos justamente na linha RER que pretendíamos usar. Com isso, tivemos que pegar um ônibus, que nos deixou em uma estação já em Paris. Lá, pegamos um trem até a região onde estava localizado nosso Hotel.

Apesar de longa e cansativa, a viagem foi tranquila. Descemos em uma estação próxima ao Hotel Victoria Chatelêt, reservado meses antes através do Booking, e fomos andando até lá. Chegamos ao Hotel sem dificuldade, fizemos o check in e fomos para o quarto, minúsculo, por sinal. O que é muito compensado pela localização e charme do hotel, além do café da manhã delicioso.

Estávamos tão cansados que a vontade era tomar um banho e dormir. Mas, ao mesmo tempo, havia aquela curiosidade monstra que impulsionava a andar pelas redondezas. No fim das contas, acabamos nos rendendo a vontade de passear e, mesmo destruídos pela viagem e pela diferença de horário, saímos para dar o primeiro passeio em Paris.

Estava um clima bem agradável e o sol começava a se por. As luzes do dia se despediam e as da cidade começavam a dar o ar da graça. Andamos pelo entorno do Rio Sena, conhecemos os pátios externos do Louvre e jantamos em um simpático restaurante lá pertinho, o Les Fontaine.

Foi nossa primeira interação com os famigerados garçons franceses, conhecidos por não serem muitos gentis com turistas. Não tivemos problemas. Fomos bem tratados e, depois de iniciarmos a conversa em um francês basiquíssimo, nos entendemos em inglês mesmo.

A comida estava uma delícia. Pedimos dois pratos diferentes (beuf bourguignon e Magret de Canard) e ambos estavam ótimos. Terminada a refeição, voltamos para o Hotel e, aí sim, fomos descansar.

No outro dia pela manhã o tempo começou a mudar. Uma frente fria estava chegando com vontade. Havíamos levado alguns casacos, já contando com essa possibilidade, então não foi um grande problema.

Tomamos café no Hotel e saímos em busca de um local que vendesse o Museum Pass. Como pretendíamos visitar alguns museus da cidade, ao contrário do passe transportes, o passe de museus acabou nos economizando alguns Euros. Com ele, você pode entrar quantas vezes quiser em quaisquer das atrações incluídas, cuja lista está disponível no site, durante a quantidade de dias corridos do passe escolhido. Há passes de 3, 5 e 6 dias. Mas é preciso se atentar que o passe começa a valer no dia da primeira visita e tem seu período contado em dias seguidos.

Acabamos indo até o posto de atendimento ao turista que fica no bonito Hôtel de Ville, onde também funciona a prefeitura da cidade, mas acho que até havia opções mais próximas. De todo modo, compramos os passes sem qualquer problema.

O dia estava lindo, com um céu ridiculamente azul. Aproveitamos para conhecer a Catedral de Notre Dame. Apesar do assustador número de turistas no entorno, a fila para entrar estava bem sossegada. Entramos na Catedral e fizemos todo o percurso na parte térrea. Com calma, olhamos os impressionantes vitrais e os detalhes magníficos da construção.

Conhecemos também um ponto que muita gente ignora. Atrás da catedral há um bonito jardim, com cerejeiras que estavam maravilhosamente floridas.

Aproveitamos para agendar a subida às torres para o período da tarde. Muita gente não sabe, mas para subir é preciso (na verdade, era preciso) agendar previamente nos totens que ficam à disposição ou através de um aplicativo no celular. A subida também está incluída no passe de museus.

Ainda era cedo e só retornaríamos para a Catedral por volta das 17h. Fomos, então, ao Conciergerie e à Sainte-Chapelle. Ambos são parte do antigo Palácio de la Cité, sendo o primeiro a prisão que recebeu ninguém menos que Maria Antonieta. Aliás, dali ela foi para a Guilhotina, na Praça de la Concorde.

Já a Sainte-Chapelle, é uma capela que foi especialmente construída para abrigar uma das mais valiosas relíquias da Igreja Católica, a coroa de espinhos usada por Jesus, que depois acabou sendo transferida para a Catedral de Notre Dame.

Terminado o passeio pelo local, fomos até as proximidades dos Les Hales e almoçamos no simpático La Amazonial. Saindo de lá retornamos à parte mais histórica da cidade, a Île de la Cité, aproveitando para atravessar também a ponte Saint Louis, e conhecer a simpática ilhazinha, com o mesmo nome. Lá, fomos até uma sorveteria maravilhosa, Amorino, antes de retornar a Notre Dame para a subida às torres.

Voltando para Notre Dame, ficamos aguardando até que chegasse nossa vez. Em poucos minutos nossa fila começou a se formar. Depois de um zilhão de degraus, chegamos ao topo das torres, onde ficam as quimeras e os gárgulas, verdadeiras obras de arte.

Tiramos algumas fotos e subimos mais um pouquinho, por uma escada de madeira, chegando até os enormes sinos que ficam nas torres. Para quem conhece a obra de Victor Hugo (ou o desenho animado da Disney, rsrsrs), vale lembrar que a torres dos sinos eram a casa do Corcunda. Encerramos os passeios e descemos.

Mesmo depois de subir e descer centenas (eu acho que eram milhares) de degraus, ainda tivemos forças para caminhar mais um pouco até o Café Di Flore. O café é bem famoso e tal, mas não achei muita graça não.

Saindo de lá fomos ao supermercado, compramos vinho e alguns queijos e fomos para o Hotel. Uma coisa surpreendente em Paris é o preço dos vinhos. É de enlouquecer. São tantas opções, por preços tão camaradas, que é até difícil escolher.

Aqui um detalhe: Eu amo supermercados. Quando viajo, sempre vou a alguns deles para ver as novidades. Tenho a impressão que isso me aproxima mais da cultura local. Em Paris, grande berço da gastronomia, os supermercados são maravilhosos. Não dá para visitar a cidade e deixar de entrar em pelo menos um deles. Particularmente, gostei bastante do Monoprix.

Nosso segundo dia em Paris foi extremamente bem aproveitado. Saímos cedo e voltamos apenas à noite. Os pés doíam, pois foram mais de dez quilômetros. Mas cada uma das escolhas foi absolutamente acertada. A mais certada delas, contudo, foi a atenção dada à Notre Dame. Tiramos fotos de dentro, no térreo, da lateral, do jardim, de diversos ângulos diferentes. Subimos na torre ao entardecer e não tivemos pressa alguma em descer. Aliás, nos dias que se seguiram, passamos pela Catedral várias vezes, sempre observando, boquiabertos, sua imensidão.

Ainda bem que fizemos isso. Poucos dias depois a Catedral foi praticamente destruída por um incêndio de grandes proporções. Já não estávamos mais em Paris quando isso ocorreu, mas acompanhamos as notícias pelos jornais. Foi com o coração partido que vimos a icônica torre central ruir. Graças ao efetivo trabalho dos Bombeiros, muita coisa foi preservada e, ao que parece, não faltarão esforços para a reconstrução. De todo modo, foi impossível não se comover com a tragédia.

Voltando ao passeio, lembram da frente fria que eu mencionei? Pois é. No dia 02/04 ela provocou um pouco de chuva. Acabamos tomando café em um restaurante chamado Le Vieux, nas proximidades do Hotel. Estava bem mais ou menos, mas era uma das únicas opções por conta da chuva, que dificultava longas caminhadas.

Mesmo com um pouquinho de garoa, saímos do restaurante e fomos para a Galeria Les Halles. Lá ficamos matando tempo na FNAC e no supermercado. O tempo melhorou um pouco, então fomos andando até o Jardim de Luxemburgo. No caminho, pegamos um belo sanduíche na Brioche Doré para nosso almoço. Estava um solzinho tímido, então nos sentamos nas cadeiras espalhadas pelo jardim e fizemos nosso lanchinho.

De lá, seguimos, ainda a pé, para a Torre Mont Parnasse, um prédio muito alto, que foge totalmente aos padrões das belas construções históricas. Havíamos lido que a vista de lá era bem bonita, então resolvemos pagar para subir. Custou cerca de 15 euros por pessoa e acho que foi um péssimo investimento. Não achei a vista tão interessante e o prédio é bem sem graça.

Saindo de lá fomos andando pelo bairro à procura de uma creperia que havíamos pesquisado, mas estava fechada. Por sorte, encontramos uma brasserie bem charmosa, chamada La Parisiense, onde compramos um sanduíche e uma torta de maça divina (tarte tantin).

Voltamos para o jardim, comemos nosso segundo sanduíche do dia e seguimos para o Panteon, onde passamos algumas horas. O lugar é imenso, muito bonito e surpreendente. É um grande mausoléu que abriga os corpos de grandes personalidades francesas. Além disso, é lá que está o famoso pêndulo de Foucault.

Quando saímos do Panteon já estava chovendo novamente. Ainda assim, seguimos para o Hotel, passando pela Universidade de Sourbone no caminho. À noite, jantamos no Le Zimmer, um restaurante lindo ao lado do Hotel. Para variar, a comida e o vinho da casa estavam deliciosos.

Estávamos em Paris há três dias e parecia uma vida inteira. A cidade acontecia diante dos nossos olhos e mal podíamos esperar para continuar nossa aventura. Ainda estavam na nossa lista o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel, Versalles, o Louvre e alguns Jardins. No próximo post, um pouquinho disso tudo e nossas impressões finais.

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3 Resultados

  1. Samanta Carvalho disse:

    Eu amo uma blogueirinha francesa. Paris sempre foi a n. 1 dos meus sonhos juvenis de viagens mas, depois que “cresci”, outros roteiros tomaram esse lugar. Todavia, relendo esse post, vejo que eu tinha muito bom gosto mesmo. Anotei (e já pesquisei) as referências gastronômicas porque são, talvez, a minha parte favorita das viagens. E a gastronomia me parece, de fato, icônica. Esse blog é um primor ❤️

  2. Luciana disse:

    Conheci seu blog pela entrevista no site da anadep. Parabéns!!!! Tb amo viajar!!!! Que em 2021 possamos retomar essa parte da jornada! Vcs são demais!!!

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