Costa Rica: Cahuita

No post anterior vocês puderam caminhar conosco pelas areias das praias de Puerto Viejo. Hoje, vão nos acompanhar por um dia de passeio na comunidade Cahuita e, em especial, pelo parque de mesmo nome.

Quando encerramos o dia anterior, fiquei com a sensação de que o ápice da viagem tinha sido alcançado. Mas aí, vem o Parque Nacional Cahuita e mostra que não há limites para a grandiosidade da natureza.

Depois de mais um café reforçado, saímos com direção ao Parque Cahuita, administrado através de uma parceria entre o governo e a comunidade Cahuita.

Há duas formas de ingressar no parque: pela Playa Blanca, dentro da cidadezinha chamada Cahuita, ou através da entrada de Puerto Vargas. Escolhendo a primeira opção, a entrada é gratuita, mas se pede uma doação para a comunidade local. Optando pela entrada de Puerto Vargas, o ingresso custa 5$ por pessoa.

Como é comum nos parques da Costa Rica, a entrada com comida não é recomendada, principalmente com embalagens descartáveis. Primeiro porque  a melhor forma de impedir lixo na natureza é impedir a entrada das famigeradas embalagens de uso único. Em segundo lugar, o parque conta com muitos macacos, que adoram tentar subtrair comida dos visitantes mais distraídos. Nós levamos apenas água e foi super tranquilo.

Antes mesmo de entrar no parque, a primeira surpresa do dia: uma mamãe preguiça com o filhotinho, de boa em uma árvore na cidade, se movendo daquele jeito peculiar das preguiças. Ela estava tão tranquila que sequer tentou se esconder. Ao contrário, parecia posar para as fotos. É lógico que mantivemos distância dela para não causar stress, mas o encontro fortuito rendeu muitas fotos.

Encerrada a sessão de fotos da mamãe preguiça, entramos no Parque e começamos a trilha, que liga as duas entradas. Inicialmente, nossa intenção era percorrer a trilha toda, ida e volta. Obviamente havíamos subestimado o cansaço acumulado, já que o percurso de ida e volta dava quase dezesseis quilômetros. 

Assim, depois de uns cinco quilômetros de caminhada, quando chegamos no local chamado Punta Cahuita, achamos por bem retornar, até porque, dali para frente, o foco maior era em atividades de mergulho, que não estavam nos nossos planos.

Mas não pensem que nossa caminhada foi sem graça. Muito pelo contrário, foi muito boa. A trilha é quase toda plana, bem sinalizada. Havia lama em alguns lugares, em especial próximos ao rio, mas nada comparado às trilhas de Bajos Del Toro.

Encontramos diversos bichinhos pelo caminho, como preguiças, iguanas, lagartos, uma cobra minúscula (provavelmente uma Oropel), pássaros, macacos e uma espécie de Raccoon. 

Aliás, falando especificamente dele, em um primeiro momento, ao avistá-lo pendurado na árvore, cheguei a pensar que ele estava doente (ou morto). Mas ele simplesmente se mexeu, desceu e saiu caminhando como se nada estivesse acontecendo. A tranquilidade de quem não tem boletos a pagar.

No nosso retorno, paramos na Playa Blanca e ficamos aproveitando a água quentinha por algum tempo.

Depois, encerramos nosso passeio pelo parque e fomos até a praia de Punta Uva. Já era fim da tarde, então a praia estava bem tranquila. Cansada que estava, me sentei sob a sombra de uma árvore e me permito ficar contemplando a calmaria do local. Fellipe aproveitou um último banho de mar antes de voltarmos ao hotel.

Descansamos alguns minutos e fomos para a cidade. Passamos pelo centrinho, fomos até a praia e ficamos andando até anoitecer, talvez na tentativa de fazer o tempo passar mais devagar. Para fechar nossa noite em Puerto Viejo, fomos jantar no La Nena novamente, já entrando no clima de despedida.

No outro dia pela manhã dissemos até breve à Puerto Viejo e seguimos com destino à Alajuela. Lá, tínhamos que devolver o carro no fim da tarde e, depois, ir para San José.

Inicialmente, havíamos pensando em ficar hospedados em Alajuela, mais perto do aeroporto. Mas acabamos optando por San José, até para saber exatamente como era a cidade. Obviamente, depois de conhecer o interior, a capital se mostrou grande e sem graça, mas é uma comparação injusta, afinal, a concorrência com o interior da Costa Rica é desleal. 

Essa situação, inclusive, me lembrou uma sensação que tive quando viajava pela Nova Zelândia. Nós fomos em busca das belezas naturais, mas nossa primeira parada foi em Auckland, uma cidade grande e agitada. Ela era muito agradável, mas em nada se comparava ao interior indescritível. 

Não que Auckland tenha similaridades com San José. Enquanto a primeira é uma cidade muito bonita, San José não tem lá grandes atrativos. Então, se você tiver pouco tempo na Costa Rica, sugiro que não desperdice muitos dias na capital.

O fato é que, por volta das duas da tarde chegamos em Alajuela e, com aquela vontade louca de aproveitar até o último minuto, decidimos ir ao Freddo Fresas para uma despedida em grande estilo.

Era fim de semana e o lugar estava muito cheio, com fila de espera e tudo o mais. Não nos abatemos. Pacientemente aguardamos nossa vez e, é claro, valeu a pena. Fellipe repetiu o pedido de um casado e eu provei a iguaria que faltava na minha lista: o chifrijo, um prato com arroz, feijão, Chicharrón (tipo um bacon) e pico de galo (parecido com o nosso vinagrete).

Encerrada a refeição, compramos alguns morangos e seguimos para a locadora. Era chegada a hora de devolver o carro e encerrar mais uma etapa da viagem. A vontade era cancelar a passagem de volta, ao menos adiar por alguns meses. Desta vez, a despedida foi mais sofrida.

Mais que a beleza do lugar, com o mar azul e as águas cristalinas, florestas intocadas e fauna arrebatadora, me conquistou a Costa Rica pelo cuidado. A forma de lidar com as pessoas, com o meio ambiente e com as causas sociais. Tudo isso é transformador.

Não havia lixo jogado pelas praias, os parques estavam muito bem cuidados e tudo nos lembrava que nós somos parte do mundo, não os donos dele. Ou aprendemos a coexistir ou nada do que conhecemos sobreviverá. De todas as lições e lembranças, essa nunca será esquecida.

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